Nunca te conheci,
Silverio Villegas González,
Mexicano de Michoacan,
Pai de filhos,
Trabalhador no coração do Império.
Nunca te conheci,
Mas é como se fôssemos
Velhos amigos,
É como se nas dobras do tempo
Tivéssemos partilhado infância
Copo e mesa.
Nunca te conheci,
Mas te vejo todos os dias
Na América Latina nossa
Na América Latina que expulsa seus filhos
Para serem mortos pelos abutres do norte.
Nunca te conheci,
E, se tivesse te conhecido,
Teria dito: não vá!
Fica!
Mais vale tua vida e a dos teus,
Mais vale os nossos.
Nunca te conheci
Mas ao ver teu assassinato
Senti um gosto de sangue
Como se minha carne tivesse sido cortada.
O fascismo voltou, não sabias?
Ah, mas é claro que o sabias;
Do contrário, por que teria partido?
O fascismo permaneceu e segue matando gente como nós.
Para gente da gente, é sempre fascismo.
Até que nos cansemos,
Até que os caixões sejam outros e outras as lágrimas.
Mas, desta vez, serão lágrimas de alegria,
Porque o mundo será nosso!
RP, Primavera de 2025
Em memória de Silvério Villegas González, morto pela polícia política de Trump neste setembro de 2025