quarta-feira, 16 de outubro de 2019

Clausewitz, Liddel Hart, Beaufre, Foucault: O conceito filosófico de estratégia


Panorama da estratégia

Estratégia. A ideia é muito antiga. Em sua Anthologie Mondiale de l’estratégie Chaliand, um dos maiores especialistas vivos no tema, regride até o Egito antigo para mostrar que desde lá a idéia de se mobilizar dados meios a fim de realizar certos fins já estava presente. Mas o nome estratégia é de estirpe grega. É tarefa hercúlea pesquisar, nas milhares de páginas que nos sobraram dos sábios helenos, qual foi a primeira aparição do termo e qual a idéia que era expressa, tarefa esta que recai sobre o pesquisador e que algum dia realizaremos. Por ora, nos contentaremos em fazer alguns apontamentos etimológicos; depois, em um salto milenar, mostraremos algumas das principais concepções contemporâneas de estratégia — Clausewitz, Liddel Hart e Beaufre — para, por fim, chegar ao nosso objeto propriamente falando, tal seja, a utilização sui generis que encontramos na obra de Foucault do conceito de estratégia, no que vimos chamando de conceito filosófico de estratégia, uma idéia de filosofia da história.

Os gregos eram um povo muito belicoso. Não à toa, foram eles que, na boca de Heráclito, disseram que a guerra é de todas as coisas pai, no fragmento 53 DK. Mas o conceito de estratégia não guarda raiz com o pólemos, stásis, éris, agon ou palé, termos gregos que indicam, com matizes de significado, a guerra. É na idéia de stratos, exército, e um de seus derivados, strategos, general, que encontraremos a raiz comum, segundo Chantraine (1968). A língua grega, pela sua precisão, permitia que se substantivasse as ações no neutro ou certos nomes para dar uma idéia de pertencimento ou de elementos gerais. Assim, philosophia e ta philosophia, as coisas da filosofia; stratos e ta stratia, as coisas do exército; strategos e ta strategia, as coisas do general, quer dizer, a conduta do exército, a hoplomaquia, as melhores condições de combate, inclsuive as metereológicas, como nos revelam tratados antigos de estratégia, como o de Vegêcio, etc. A noção por trás de estratégia, em seu sentido grego, é que se trata das coisas relativas ao general, a arte deste, seus negócios. É curioso que Péricles, em seu famoso discurso à Boule grega por ocasião do início dos conflitos da Guerra do Peloponeso, embora indique uma estratégia de conduta na guerra a porvir, não emprega o termo estratégia. Do mesmo modo Xenofonte, narrando a retirada dos dez mil, não utiliza o termo. Isso pode indicar que ele ainda não estava suficientemente difundido, ou, senão, que as idéias ainda não estavam tão claras para os gregos, nossos ancestrais intelectuais.

Esta última hipótese talvez seja a mais forte, visto que somente muito tardiamente o termo estratégia foi popularizado e aceito universalmente. Ainda Napoleão não o utilizava, preferindo se valer da noção de grande tática. É com Bülow, um intérprete teutônico das guerras revolucionárias francesas e napoleônicas, que a noção se populariza. Bülow intentava matematizar, bem no esprit du temps, a guerra, tornando-a uma ciência exata; em seu pensamento, a estratégia é reduzida a esquemas lógicos, perdendo um dos aspectos que a etimologia revela que é a importância do comandante, no que Clausewitz chamará, talvez influenciado pelo romantismo, do gênio militar.

É praticamente consenso que o maior escritos militar da história do Ocidente foi Clausewitz. Muitos vieram depois dele, e muitos antes; mas sua monumental obra é um verdadeiro divisor de águas, seja pela riqueza das proposições, ou também pela duração de sua influência. Rapoport chega a flar de uma era clasewiziana das relações internacionais, que cobriria a maior parte do século XIX e cessaria com a Primeira Guerra Mundial, quando novas filosofias da guerra emergiriam, como a leninista. Algumas proposições clausewitzianas se tornaram verdadeiro senso comum, como aquela segundo a qual a guerra é a política continuada por outros meios, máxima que Foucault inverte, e que teremos a chance de comentar. Quanto à estratégia, o pensador militar prussiano ficou famoso por propor que a estratégia é arte de organizar as batalhas visando certo fim, fim este estabelecido pela política. A tática seria a conduta na batalha propriamente falando, de modo que tática e estratégia mantêm uma interação dinâmica, com a estratégia determinando a tática.

No esquema de Clausewitz, que alguns, como Meira Mattos, seguem, a política dita os fins, a estratégia os executa. Podemos abstrair para a seguinte tese: a filosofia política, em suas elucubrações, dita as características mais gerais de uma sociedade. A ciência política viabiliza as construções da filosofia política e a estratégia executa, quando estes fins envolvem força militar. Por exemplo, peguemos uma das principais filosofias políticas contemporâneas, o marxismo. Marx e Engels, em um grande esforço, plasmaram as diretrizes das novas sociedades em seu aspecto mais geral. Outros e outras — e são muitos — buscaram viabilizar esta nova sociedade já não mais no âmbito da filosofia política, mas no âmbito da ciência política e, por vezes, se valeram de um instrumento estratégico, a guerra revolucionária, que derruba o poder burguês e, em seu lugar, coloca o poder nascente do proletariado. Veremos que, hodiernamente, o conceito de estratégia expandiu-se, não estando mais restrito à mera utilização violenta da força; embora Clausewitz, em algumas passagens, deixe claro que, em níveis elevados, estratégia e governo se confundem, é sobretudo do âmbito da organização das batalhas que ele a situa.

É curioso notar que, para outras filosofias políticas, como o anarquismo, a relação entre fins e meios, ou entre estratégia e tática, é diferente. Para os anarquistas, são os meios que determinam os fins, quer dizer, a forma como empreendemos a luta hoje deve refletir a sociedade que almejemos. Ou no dizer de alguém como João Bernardo, que não é anarquista, mas marxista libertário, a autogestão da sociedade prepara-se na autogestão das lutas. Isto é especialmente claro nas proposições dos sindicalistas revolucionários e anarcossindicalistas, que propunham que o sindicato, órgão de organização das lutas operárias contra o capital e sua sociedade, seria o embrião da gestão econômica da nova sociedade.

Para Clausewitz, enfim, a estratégia é a organização das batalhas ou das campanhas, quer dizer, do enfrentamento belicoso, âmbito da tática, dentro dos fins visados pela política. Na batalha, o objetivo é tomar o centro do dispositivo inimigo, se valendo de toda a força possível, a fim de desorganizar este dispositivo e desbaratar as forças adversárias.

Esta visão, um tanto quanto reducionista do intrincado pensamento clausewitziano, foi chamada por alguns comentadores, como Liddel Hart, de estratégia direta. A nosso ver, malgrado deixe passar certas minúcias, a caracterização é válida, e por isso a adotamos, especialmente porque outro de nossos interlocutores,como Beaufre, se valem dela, de modo que a uniformidade terminológica será de grande valia.

Liddel Hart foi um escritor prolífico, sendo autor de muitas obras. Gozou também de certa influência política. Sua principal proposição é a noção de estratégia indireta. Analisando diferentes campanhas ao longo da história, de Lisandro à Segunda Guerra Mundial, Liddel Hart argumenta que as principais vitórias militares da história foram obtidas por meio de uma aproximação indireta ao dispositivo inimigo. Por exemplo, cortar-lhe as linhas de comunicação ou a linha de suprimentos; se valer da ordem oblíqua de batalha ou flanquear, surpreendê-lo. Tudo isso visa a desorganizar a formação de batlha do inimigo enquanto nós mesmos, seguindo o princípio da economia de forças, atuamos em várias frentes, a fim de confundir o inimigo, para só então,  com as forças adversárias desdobradas em muitas frentes, aplicar o golpe decisivo.

Liddel Hart propõe ainda a noção de grande estratégia, quer dizer, a política de guerra, que implica pensar as condições para a paz, sendo esta o verdadeiro objetivo da guerra. Para ele, a diplomacia, a economia e o campo psicossocial são formas de pressionar o adversário, enfraquecê-lo, sangrá-lo, para, só então, atacá-lo. Haveria uma relação dinâmica entre grande estratégia e estratégia, e o bom comandante, submetido, geralmente à grande estratégia, deveria saber manobrar em seus limites de modo a obter resultados favoráveis. Nem sempre, nos diz Liddel Hart, houve uma opção consciente, nas campanhas vitoriosas, pela estratégia indireta; muitas vezes, ela é fruto do contexto. Em sua epígrafe, ele coloca algumas citações, por exemplo, de Sun Tzu, onde se afirma que o maior general é aquele que vence sem sequer lutar. Isto ilustra muita bem sua posição, e dá a tônica de seu livro Strategy. Assim, pode-se dizer que Liddel Hart e Clausewitz divergem, posto que, para este, a forma de vencer a guerra é obter a batalha decisiva entre dois amassamentos humanos contrapostos, com elevado custo humano e material; para Liddel Hart, a batalha é seguimento da manobra, e o melhor general será aquele que ganhar sem combater. Por isso apontamos acima que houve um sistema clausewitziano de guerra, cujo ápice é a Primeira Guerra Mundial, onde os exércitos buscavam, através da conscrição ativa, aumentar seus efetivos e esmagar os adversários. Como se sabe, e Paret trabalha estas questões, Clausewitz não foi um teórico da guerra naval, muito menos das potencialidades da mobilidade que a mecanização desencadeou. Ademais, distinguia entre a guerra absoluta, onde a violência é sempre crescente e ilimitada, e a guerra real, onde a política modula a aplicação de forças. Liddel Hart critica Clausewitz, visto que este não abordou as guerras de objetivo limitado, realidade bélica do mundo, sempre tendo pensado em guerras onde a aniquilação do inimigo era realidade.

Esta característica do pensamento estratégico de Clausewitz é retomada também por Beaufre, o último militar que analisaremos, posto que ele fecha este debate. Beaufre aponta que Clausewitz com suas proposições selou o destino da Europa, posto que sua influência e a busca cega pela aniquilação do inimigo fez com que as potências européias se destruíssem, determinando assim a perda de sua supremacia no mundo. Contudo, ao invés de propor outro modelo estratégico, como o direto ou indireto, Beaufre sustenta que a estratégia é um método de pensamento, é o conhecimento de quando se adotar certos meios, disponibilizados pela política, para certos fins, determinados pela política. Para ele, a estratégia alargou-se e, de mera questão militar, tomou a variadas expressões, para utilizar a terminologia do Exército brasileiro, tais quais a econômica, a diplomática, a científica, a psicossocial e também a militar. A questão é como coordenar estas distintas estratégias objetivando os fins fixados pela política. Pode-se dizer que, para Beaufre, Clausewitz e Liddel Hart estão equivocados, porque a melhor estratégia não é nem a indireta nem a direta, mas a adequada à determinada situação. Ele nos oferece modelos de ação, segundo tenhamos inimigos fortes ou fracos, meios suficientes ou insuficientes, etc. Para, a situação na década de 1960 era a de luta de estratégia indiretas e a URSS estava ganhando, visto o levante geral do Terceiro Mundo contra a supremacia estadunidense. Esta situação de estratégia indireta  era reforçada pela questão da arma atômica, que impedia um conflito aberto entre as potências. No prefácio ao livro de Beaufre, Liddel Hart escreve que concorda com as posições do general francês, de modo a ser possível afirmar que Beaufre fecha um debate de cento e cinqüenta anos.

Um conceito filosófico de estratégia


            Enquanto Beaufre escreve seu livro (1963), Foucault  grajea fama crescente. Em seu segundo livro, Histoire de la folie à l’âge classique (1961), o filósofo francês escreveu um prefácio, depois substituído na década de 1970. Entre um e outro uma diferença: em toda a história da loucura o termo estratégia não aparece, mas o termo stratagème. Já no prefácio de 1972, vemos o termo estratégia se delinear claramente. É como se, no meio do caminho, Foucault repentinamente descobrisse a noção de estratégia e passasse a se valer dela. Se na Archéologie du savoir (1969) ele se valerá deste conceito, mas em um contexto muito próprio, é sobretudo em suas produções da década de 1970, década do Foucault militante, interessado nas relações de poder, que ela se desdobrará. Atualmente pesquisamos exatamente quando o conceito apareceu pela primeira vez, qual seu significado e quais as mutações conceituais que passou. Trata-se de uma pesquisa em curso, de modo que agora apresentaremos os resultados parciais.

            A dar razão a Castro (2016), Foucault utilizou o conceito de estratégia em quatro sentidos diferentes: 1º a racionalidade (meios) utilizada para se obter determinados fins; 2º os movimentos de um jogador em um jogo, a partir do que pensa de como os outros jogadores se comportarão; 3º os movimentos destinados a privar o inimigo de seus instrumentos de luta; por fim, 4º os meios utilizados para manter em funcionamento um dispositivo de poder.

Polemizamos com Castro na medida em que acreditamos poder encontrar em Foucault um outro sentido de estratégia. Em uma discussão, uma interlocutora de Foucault fala que, na obra deste, existe uma estratégia sem sujeito. Com isto ela quer apontar que, dada a belicosidade do devir, cada posicionamento é tático, com conseqüências estratégicas. Assim, pode-se afirmar que a biopolítica é uma estratégia sem sujeito, na medida em que foi se delineando historicamente e, sem ser pensada por alguém enquanto estratégia de dominação social, constituiu-se desta maneira. Como o termo estratégia sem sujeito dá a impressão que não há sujeitos envolvidos, preferimos chamar de estratégia histórica; o que não há é um gênio estrategista, na sombra do mundo, pensando em como dominar a todos. O dispositivo carcerário, o grande internamento, o dispositivo da aliança; todos eles são estratégias históricas, plasmadas nos combates que determinaram o mundo contemporâneo. Certamente há outros e, no trabalho de pesquisa rumo a uma ontologia do presente, devem aparecer.
           
Como se vê, se trata de um conceito filosófico de estratégia que guarda raízes no alargamento contemporâneo da noção de estratégia. Antes tratada como mero negócio do general, passar a aumentar seu escopo com Liddel Hart e sua grande estratégia, até ganhar um alcance inaudito com o general Beaufre. Se na guerra e mesmo na paz, há variadas expressões do poder nacional em disputa, não seria o caso de tomar a própria formação do poder nacional, quer dizer, de uma sociedade com sua expressão política mais comum, o estado, como frutos de uma guerra, de um conflito?

Isto nos encaminha para outra questão. Como se sabe, no curso de 1976 no Collège de France, Foucault dedicou-se a analisar o pensamento de Clausewitz, propondo uma curiosa inversão: se o militar prussiano propunha que a guerra é a política continuada por outros meios, já Foucault pensará que a política é a guerra pensada por outros meios. As diferentes sociedades estariam tomadas por conflitos de toda ordem; isto dá azo para que Gros (2012) fale de um neomarxismo de Foucault. De toda forma, o pensador francês se encaminha no sentido de analisar o discurso histórico de certa nobreza francesa do século XVIII, que  analisava a formação da sociedade francesa em termos de guerra, no caso guerra de raças. O estado seria fruto de um conflito, as leis, a paz civil, tudo isso, prolongação de uma dominação principiada pela guerra. Para manter esta dominação, o estado se vale de variados meios, inclusive de estratégias históricas, como a biopolítica. Mas a luta não se restringe ao estado, englobando meios paraestatais e infraestatais, como se pode ver em Surveiller et punir.

Conclusões


            Passamos em revista alguns dos principais conceitos contemporâneos de estratégia, seguindo um fio de continuidade. É fato que deixamos de lado produção expressiva, como Mão Tse Tung e outros teóricos das guerrilhas, dentre outros. Mas tentamos mostrar como há um diálogo entre pensadores militares de primeira grandeza, buscando incluir Foucault como se não militar, ao menos como tendo contribuído com algum aspecto do pensamento estratégico.

            Vimos que Clausewitz propunha certa estratégia, Liddel Hart outra, e Beaufre arremata a questão, defendendo que a estratégia é sobremaneira um modo de pensamento diante de uma situação de conflito, destinada a fazer com que nossos interesses vençam os do adversário através do que ele chama de dialética das vontades. A estratégia se torna assim, sempre estratégia em certa situação, nunca uma perspectiva absoluta de sempre vencer os conflitos a partir de um trunfo dado de uma vez por todas.

            A contribuição de Foucault, nestes termos, pode ser a de pensar como uma sociedade se torna o que é, como certa característica do poder nacional se formou, os modos como uma sociedade se autoproduz, em uma perspectiva belicosa, de conflito de interesses e posições. Com Foucault, a estratégia adentra o luminoso reino da filosofia para, uma vez lá, fincar raízes e nos ajudar a desvendar o presente e a pensar como alterar uma sociedade visando certo objetivo estratégico, visado pela política, na hierarquia de saberes que estabelecemos.

Bibliografia


BEAUFRE, A.; Introdução à estratégia, RJ: BIBLIEX, 1998
CASTRO, E.; Vocabulário Foucault, BH: Autêntica, 2016, 2ª edição
CHALIAND, G.; Anthologie Mondiale de la stratégie, Paris: Robert Lafont,2009
CHANTRAINE, P.; Dictionnaire étymologique de la langue grecque. Histoire des mots, Paris: Klincksieck,1968
CLAUSEWITZ, C. von; Da guerra, SP: Martins Fontes, 1996, 2ª edição
FOUCAULT, M.; Dits et écrits 1976-1979 v. III, Paris: Gallimard, 1994
______________; Em defesa da sociedade, SP: Martins Fontes, 1999
______________; Histoire de la folie à l’âge classique, Paris: Gallimard, 1972
______________; Il faut défendre la société (1975-1976), Paris: Gallimard, 1997
______________; Microfísica do poder, RJ: Graal, 2007, 24ª ed.
_____________; Surveiller et punir: naissance de la prison, Paris: Gallimard, 2011
GROS, F.; Foucault, penseur de la violence?, Cités, No 50, Extrêmes violences (2012), pp 75-86, Paris: PUF
LIDDELL HART, B.H.; As grandes guerras da história, SP: IBRASA, 2005, 6ª edição
__________________; Strategy, New York: Meridian Book, 1991, 2ª edição
PARET, P. et ali; Makers of modern strategy: from Machiavelli to the Nuclear age, Princeton: Princeton University Press, 1986

quarta-feira, 9 de outubro de 2019

Marcela III

marcela
um ano sem tua chancela
ainda me vejo em tua janela
chorando sua negação
pois bem,
me disseste não
e eu que só queria tua mão
fiquei sozinho e além
de teu diapasão
nem por isso me senti menos querido
ao contrário, malgrado a oposição
me tomava como seu amigo
e gozava de sua forte mão
hoje, que já faz um ano de sua partida,
a hora passada
da sua inclemente ida
sinto-te ainda mais tua querida
mas em meu fundo digo-te não
não, pelo teu caminho
por ora estou sozinho,
em um mundo vasto como teu coração
Marília, inverno de 2019