VEYNE, P.; Foucault, seu pensamento, sua pessoa, Lisboa: Texto e Grafia, 2009
Paul Veyne é um dos maiores historiadores vivos, e um dos grandes intelectuais ainda remanescentes de um tempo em que a França exercia verdadeiro fascínio em relação ao restante do globo. Por ter vivido boa parte do século XX, é uma das figuras mais qualificadas no que tange à possibilidade de elaboração de um retrato de Foucault, intelectual de cimeira, muito influente. Veyne e Foucault eram amigos pessoais, o que só reforça a possibilidade do historiador traçar um quadro interessante do filósofo. E assim o é. Veyne aborda o pensamento de Foucault com muito conhecimento de causa, esboçando uma análise onde se confudem as etapas do pensamento de Foucault, não diustinguindo entre genealogia e arqueologia, o que, certamente, é polêmico, especialmente desde nosso ponto de vista, para o qual a arqqueologia, primeiro método de Foucault, faliu por suas próprias pretensões.Veyne nos traça um quadro de Foucault ao memo tempo pessoal e intelectual, mostrando os limites do pensamento do filósofo francês, e os justificando. Para ele, Foucault é um cético e, em política, um reformador, ao mesmo tempo que, contraditoriamente, Foucault, diz Veyne, sentia-se propenso a apoiar todo tipo de revolta social; mas ele não teria um programa a propor, tal qual nos descreve o professor Bruni, em seu célebre artigo. É como se Veyne nos dissesse que Foucault quer as revoltas, e ele aponta os motivos para se revoltar, mas sem ter em mente algo que possa substituir a atual ordem das coisas. O lirvo de Veyne não se detem em grandes polêmicas, apenas pontuando a recusa de Foucault em apoiar Miterrand ou sua participação na Revolução Iraniana. Enquanto retrato de um tempo ido, basta. Mas como avaliação do pensamento de Foucault, deixa a desejar. Por se tratar de uma obra de um grande amigo de Foucault, merece ser lido, mas sem grandes expectativas de se encontrar aí a resposta aos grandes dilemas foucaultianos ou uma exposição de sua doutrina, a qual considera-se que o leitor já conheça.
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