ERIBON, D. Michel Foucault y suas contemporáneos, Buenos Aires: Ediciones Nueva Visión, 1995
Didier Eribon, ainda vivo e atuante, é um dos comentadores mais privilegiados de Foucault, visto que conheceu toda a geração que elaborou a dita "French theory", como ademais publicou muitas obras de filosofia, isto é, conhece o meio e os termos filosóficos, não cometendo erros como o de outros jornalistas, que se propõem a emular áreas que não as suas e acabam caindo em gafes monumentais, caso de Narloch, com seus livros profundamente enviesados. Eribon, que escreveu a mais famosa biografia de Foucault, divide este livro em duas partes: a primeira se propõe a desconstruir outros escritos sobre a vida de Foucault, escritos estes que seriam completamente desatinados, querendo reduzir a obra de Foucault à sua homossexualidade; além do que, estes escritos, nomeadamente o de James Miller (James Miller, The Passion of Michel Foucault, New York, Simon and Shuster, 1993) cometeriam outros erros crassos, abundatemente comentados por Eribon, desautorizando todo o trabalho. A segunda parte é mais fecunda, posto que se trata de elaborar um itinerário de Foucault na França de então, perscrutando as relações do filósofo francês com seus colegas hodiernos, desde os menos conhecidos, como Dumézil, até aqueles notáveis, como Lacan e Althusser. Não é só a obra de Foucault que é aclarada como a desses companheiros de viagem. É constante no livro a referência a biografia que Eribon escreveu de Foucault, mas o tom de ambas é muito distinto. Na biografia, como era de se esperar, o personagem principal é Foucault. Aqui, por vezes Foucault é eclipsado em benefício da exposição da teoria e trajetória de outros intelectuais. É interessante notar que Foucault criticou várias das noções caras a Eribon, como autor e obra; mas, até segunda ordem, são os melhores instrumentos para se analisar a trajetória de um escritor, especialmente um que vem chamando a atenção de todo o globo. O livro é um verdadeiro tesouro para os estudiosos de Foucault e da filosofia francesa contemporânea. Claro, bem escrito, bem informado. Por esses méritos, merece ser lido. Mas, recomendamos que antes dele se consulte a biografia que Eribon elaborou sobre Foucault; há de facilitar a leitura e aprimorar as conexões a serem feitas.
Nenhum comentário:
Postar um comentário