quinta-feira, 23 de julho de 2020

Apotegma de Xenófanes [tradução]

"Da terra tudo devém, na terra tudo se esvai"

Xenófanes

ἐκ γαίης  μὲν πάντα γίγνεται, καὶ εἰς γαῖαν πάντα τελέεται

Χενοφανεσ

sábado, 11 de julho de 2020

Epitáfio de Seíkilos

Tradução literal

Imagem de pedra eu sou
Seikílos aqui me pôs
Memória imortal, símbolo duradouro

Enquanto vives, brilha
totalmente não te aflijas
Por pouco dura o viver
no fim, o tempo reclama

Tradução poética

À imagem da pedra, eu sou,
Seikilos, aqui estou
Memória imortal,
imagem que dura,

Se vives, goza,
não sofras por tudo
pois curto é o viver
e o tempo reclama o que finda

Original

Εἰκὼν λίθος εἰμί 
τίθησί με Σεικίλος ἔνθα
μνήμης ἀθανάτου σῆμα πολυχρόνιον 

Ὅσον ζῇς, φαίνου,
μηδὲν ὅλως σὺ λυποῦ·
πρὸς ὀλίγον ἐστὶ τὸ ζῆν
τὸ τέλος ὁ xρόνος ἀπαιτεῖ

quarta-feira, 8 de julho de 2020

Tigre, de Blake [tradução]

Tigre, tigre, luz flamejante
Nas florestas da noite, 
Que mão ou olho imortal
Poderia formar tua simetria mortal?

Em quais profundezas ou céus, 
Brilha o fogo de teus olhos
À quais asas ousa ele aspirar
Qual mão ousa teu fogo agarrar?

E qual ombro e qual arte
Pode torcer os tendões de teu coração?
E quando teu coração principia a bater
Qual mão e pé temível?

Qual martelo? qual corrente
Em qual fornalha estava teu cérebro?
Qual bigorna? qual venerável poder,
Ousa seu mortal terror apreender!

Quando as estrelas atiram suas lanças
E o aquoso céu com suas lágrimas:
Sorriu Ele ao ver seu trabalho?
Foi a Ele a instruir o Cordeiro a te produzir?

Tigre, tigre, luz flamejante
Nas florestas noite
Qual mão ou olho imortal
Ousa forma tua simetria mortal?

The Tyger 

by William Blake

Tyger Tyger, burning bright, 
In the forests of the night; 
What immortal hand or eye, 
Could frame thy fearful symmetry?

In what distant deeps or skies. 
Burnt the fire of thine eyes?
On what wings dare he aspire?
What the hand, dare seize the fire?

And what shoulder, & what art,
Could twist the sinews of thy heart?
And when thy heart began to beat,
What dread hand? & what dread feet?

What the hammer? what the chain, 
In what furnace was thy brain?
What the anvil? what dread grasp, 
Dare its deadly terrors clasp! 

When the stars threw down their spears 
And water'd heaven with their tears: 
Did he smile his work to see?
Did he who made the Lamb make thee?

Tyger Tyger burning bright, 
In the forests of the night: 
What immortal hand or eye,
Dare frame thy fearful symmetry?

terça-feira, 7 de julho de 2020

Breve lista de livros

Literatura

1. A hora da Estrela - Clarice Lispector
Li muitas vezes. Através do prefácio de Rodrigo S. M. descobri a música erudita contemporânea.

2. O uivo e outros poemas - Allen Ginsberg
Outro livro que li muitas vezes. O poema título é sensacional, mas o meu favorito é América. Criei uma versão própria da segunda parte de O uivo. Já recitei muitas vezes; muitos camaradas ouviram. Qualquer dia, posto aqui.

3. De repente, acidentes - Carl Solomon
O Uivo é dedicado a Carl Solomon, um excelente escritos. Já postei trechos por aqui.

4. Maiákovski: vida e poesia - Vladimir Maiakovski
Uma pequena coletânea de Maiákovski. Se a tradução pode ser criticada, sua poesia não perde o élan ainda assim.

5. Álcoois e outros poemas - Apollinaire
"Homens do futuro, não me esquecereis. Homens do futuro, eu vivi no fim do tempo dos reis". Apollinaire é uma de minhas grandes influências. O poema "Álcoois" é simplesmente inescapável para poetas contemporâneos.

6. Cathay - Ezra Pound
Trata-se de uma série de traduções que Pound fez de poetas chineses clássicos. A canção dos arqueiros de Shu é o melhor poema que já li. O traduzi algumas vezes para o português

7. Poesia russa moderna - Vários autores, em especial Khlébnikov
Entre Lorca e Khlébnikov, escolhi este último. Além deste livro, com algumas de suas poesias, o seu volume Ka é oputro excelente. Quero aprender russo só para lê-lo no original e apreciar mais de perto sua arte.

Teoria

1. Os pré-socráticos - vários autores
Primeiro contato que tive com os pré-socráticos. A tradução é um pouco polêmica, mas Cavalcante sabia o que estava fazendo. Indispensável para filósofos.

2. A verdade e as formas jurídicas - Foucault
Livro básico de Foucault. Quem não leu, não conhece o pós-estruturalismo.

3. É preciso defender a sociedade - Foucault
Radicalização das teses de Foucault. Essencial também para marxistas.

4. Le grec ancien - Guglielmini
Meu primeiro contato com o grego. As notas etimológicas são ótimas. Além disso, faz breve percurso na poesia grega. ótima porta de entrada para helenistas.

5. Introdução ao logos heraclítico - Damião Berge
O frei brasileiro Damião Berge escreveu um livro de comentário a Heráclito muito supoerior aos importados, como Kahn, Kirk, Raven, Schofield e Barnes. Coisa fina da helenística brasileira e mundial.

6. Geopolítica do Brasil - Golbery do Couto e Silva
Golbery, o Corca, traça um quadro da geopolítica na década de 60 e do papel a ocupar o Brasil na cena internacional. O autor é, além de teórico, prático, um militar que merece respeito, ainda que discorde de praticamente toda sua trajetória.

7. Introdução à estratégia - Escola de Comando do Estado-Maior do Exército
Um dos melhores textos de introdução à estratégia. Passa em revistas os principais autores e mostra o que pensa o alto-comando do Exército brasileiro.

Militância

1. Anarco-comunismo italiano - Malatesta e Fabbri
Escritos coligidos de Malatesta e Fabbri

2. O socialismo libertário - Bakunin
Pequenos textos de Bakunin. Melhor introdução ao seu pensamento.

3. Tempos de resistência - Leopoldo Paulino
Livro de memórias de um guerrilheiro durante a ditadura que atuava na região de Ribeirão Preto. Li muitas vezes. Foi meu verdadeiro guia espiritual por anos

4. O que é isso, companheiro? - Gabeira
Livro de memórias de Gabeira, militante que sequestrou o embaixador estadunidense durante a ditadura. Virou filme, mas o livro, como quase sempre, é muito superior.

5. Os carbonários - Alfredo Sirkis
Outro livro de memórias da ditadura. Sirkis, ao contrário de Gabeira, não foi preso nem torturado. Mas pegou em armas e participou de muitas ações ao lado de Lamarca.

7. Paris: Maio de 68 - Grupo Solidarity
Livro de introdução ao 68 francês. Clássico. Era disponibilizado via pdf gratuitamente pela própria editora até bem pouco tempo.


Listas são cruéis. Muitos bons livros foram deixados de fora. Mas, creio que a nata está contemplada.

quinta-feira, 2 de julho de 2020

Sobre a tirania, Sólon [tradução]

as nuvens carregam a neve a alma é tempestade [χαλάζης, que significa tanto ser patife quanto cair granizo]
O trovão do lampejo devém clarão
o homem das grandes cidades perece:  na ditadura
o povo ignorante e escravo se deixa prender

Sólon

ἐκ νεφέλης φέρεται χιόνος μένος ἠδὲ χαλάζης·
βροντή τ’ ἐκ λαμπρῆς γίγνεται ἀστεροπῆς·
ἀνδρῶνδ’ ἐκ μεγάλωνπόλις ὄλλυται· ἐς δὲ μονάρχου
δῆμος ἀϊδρίῃ δουλοσύνην ἔπεσεν.