quarta-feira, 29 de março de 2023

Cada pessoa com a sua Lídia

 

Quando a morte vier,


Marcela,


Que ela me encontre doce


Indisputado, sobre as asas da vida


Para que eu vague,


Nos suspiros finais,


Nos campos de girassóis


Que ambicionamos em nossa juventude.


Que eu saiba estar sereno


Sabendo que esse é o destino


De tudo que respira.


Que as pérolas que o Sol,


Um astro dentre tantos,


Derrama no vasto céu,


Minúsculo perto de teu candor,


Alumiem meus últimos minutos


E mostrem que a vida é um nada,


Mas que é tudo que temos.


Ah, Marcela,


Que em minha última visão


Eu veja a ti,


Inconclusa acerca de Basquiat,


Mas certa de seus poemas


E de sua música.


Que a melodia final seja um gosto de reencontro


E o passaporte da liberdade:


Dissolver-se no todo


E retornar à mansão tranquila


Do primeiro trago de ar.


Outono de 2023


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