domingo, 14 de janeiro de 2024

MKNS VIII

 Já não sinto triste

Quando penso em você.

Sinto tua falta,

Mas me sinto abraçado.

Sinto teu hálito muito vivo,

Mas sei que o odor é morte.

Sinto teu desespero

Fundo, ósseo,

Mas também sei que o abraço final

Que tanto almejou

Foi para ti o alívio do fardo.

A vida é bela, MKNS,

Com você ou não.

Sem ti os dias são mais agressivos

Mas ainda são dias.

O ser é implacável:

Nos mastiga e digere

Mesmo na evasão

Então, para que a pressa?

Para que conjurar

Aquilo que está sempre aqui?

Regredistes a pó de estrelas.

Mas as estrelas brilham

Por muito tempo.

Teu brilho foi breve,

Ainda que intenso.

Quero brilhar bem mais que ti.

E eu, do brilho a conquistar,

Te farei parte do meu todo,

Te darei o tranquilo das estrelas,

Que você não soube esperar.

Assim, no firmamento infinito,

que nos apequena e engrandece,

Tornaremos a nos rever,

Eu, com meu brilho de estrela mambembe,

E você, estrela alta e fúlgura,

Sensação do céu noturno.


S.C., verão de 2024

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