domingo, 11 de agosto de 2019

Crise do marxismo e irracionalismo pós-moderno

Crise do marxismo e irracionalismo pós-moderno [1992]

João Evangelista, SP: Cortez, 2002, 3ª edição

Trata-se de um pequeno volume, onde o autor expõe as principais críticas ao marxismo des um ponto de vista que ele chama de pós-moderno, e enseja certas respostas. O principal ataque ao marxismo, na contemporaneidade, seria a de que a teoria envelheceu, dadas as mudanças nas sociedades coetâneas, onde o velho proletariado revolucionário teria cedido espaço a novos movimentos, com novos agentes, consequentemente demandando novas teorias para serem analisados e potencializados. Para o autor, de vertente simultaneamente lukásiana e gramsciana, estas seriam balelas propagadas pelo que ele chama de irracionalismo, na esteira de Lukács. O autor dedica exíguas páginas a definir o tal irracionalismo, mas, tomando-o como dado contemporâneo, centra críticas ao pós-estruturalismo francês e a alguns autores marxistóides como Sader, para o qual o movimento operário teria perdido a centralidade nos processos de transformação social. Apoiando-se em clássicos do marxismo, João Evangelista pretende demonstrar que o marxismo abrange estes novos movimentos, os quais devem ser orientados para a luta de classes, na qual o destino de nossos tempos se resolvem. O marxismo não somente não teria envelhecido, como sua resposta aos problemas contemporâneos seria a mais adequada e verdadeira, visto, precisamente, que o marxismo é um dos herdeiros do Iluminismo, capaz de articular conceitos como sujeito, verdade, revolução, etc. A chave para a atualidade do marxismo seria o conceito de práxis, tal como desenvolvidos pelos clássicos desta vertente, que rompe com velhas dicotomias o pensamento ocidental, como sujeito-objeto ou consciência-realidade. Para João Evangelista, o marxismo não só se mantem atual, mesmo frente aos ataques dos irracionalista, como, ademais, é a teoria que deve impulsionar os movimentos sociais, a classe trabalhadora, rumo às transformações revolucionárias, cada vez candentes e necessárias, ao menos a seu ver. Como literatura de divulgação, o livro se presta bem; mas, por ser demasiado pequeno, responde mal aos autores dito pós-modernos, mesmo por que eles não constam em sua bibliografia. O principal foco de atenção do autor é mesmo Emir Sader, teórico do petismo . Sendo livro já antigo, de 1992, não se pode dizer, contudo, que seja datado. Suas ideias podem ser desenvolvidas e ampliadas. Como texto feito para cimentar convicções, se presta bem. Já como crítica minuciosa, deixa a desejar.

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