As Cinco Pilastras Capitalistas
1. Mercadoria /
Valor / Trabalho
Desde quando a sociedade humana ultrapassou o Modo de Produção
Coletivo e Primitivista e surgiu o sistema de escambo, inicialmente sem que
houvesse a existência de moeda, ou assemelhados, mas sim com mercadorias,
evoluindo posteriormente para a moeda, graças à complexidade em se medir o
valor de diferentes mercadorias. Como saber o que vale mais, um quilo de arroz
ou um caixa de uva?. Com o surgimento da moeda surge também a mercadoria.
O preço dos produtos é determinado de acordo com o trabalho humano
desprendido em sua fabricação (Enquanto valores, todas as mercadorias são
apenas trabalho humano cristalizado - Marx). O trabalho, segundo alguns
filósofos enobrece a alma, mais para a maioria é o único meio de sobreviver no
mundo moderno, submetendo-se ao mercado de trabalho, onde as forças de
trabalho têm que disputar por escassas vagas.
2. Capital
Em determinado momento do desenvolvimento da produção e
das trocas, a moeda transformava-se em capital. Antes o produtor apresentava ao
mercado seu produto, vendia-o e logo em seguida, usava o dinheiro da venda para
comprar outras mercadorias que necessitava mais não produzia. O incremento dos
processos de produção e dos processos mercantis, como a invenção de
ordenhadeiras e ferramentas e técnicas de plantio e colheita mais eficientes,
conduz a acumulação de moeda, sendo esta acumulação chamada de capital.
Chega um momento em que tal processo se inverte, observado que o antes pequeno
comerciante é agora detentor de grandes fortunas, e começa a atuar de outra
forma: os possuidores de capital começam a comprar grandes quantidades de
mercadorias para revendê-la e lucrar sobre a venda, num sistema louco por
lucro.
3. A Mais –
Valia
A mais-valia constitui-se a mais fundamental das
pilastras capitalistas, visto que é por ela e dela que depende todo o sistema
do capital. O capitalista compra a força de trabalho pelo seu valor. A força de
trabalho tem seu valor determinado como qualquer outra mercadoria, pelo tempo
de trabalho (da sociedade em formar um novo operário, sendo esta a causa dos
valores salariais diferentes entre a contratação de um simples operário com
relação a um engenheiro, exemplificando) necessário a sua produção, leia
sustento do operário e sua família. Isso só é possível por que o capitalista
possui as máquinas necessárias para o funcionamento da fábrica (os chamados meios
de produção), enquanto os operários só têm sua força de trabalho
para vender. Desde que o capitalista compra essa força de trabalho, ela produz
uma certa quantidade de mercadoria por dia. Mas o valor diário entre a força de
trabalho e as mercadorias produzidas não são equivalentes. Por exemplo, um
trabalhador que ganha R$ 1000, 00 por mês, e num dia de trabalho corriqueiro
produz um automóvel no valor de R$ 15.000, 00 e trabalha 8 horas diariamente.
Esse trabalhador, em pouco mais de 3 horas de serviço, cobre o preço pago por
sua força de trabalho, enquanto que o restante de tempo trabalhado (6 horas) vira
um produto suplementar não retribuído pelo capitalista, o que constitui o
lucro, ou mais-valia.
4. Alienação
O capitalismo é um sistema elitista, divisório, onde uma
pequena parcela da população vive muito bem e uma parcela muito grande vive em
condições sub-humanas, em outras palavras uma minoria que explora e uma maioria
explorada. É fácil concluir que essa maioria explorada tem todas as condições
de reverter esse quadro através da tomada do poder por meio de uma revolução
socialista. Mas essa elite, essa classe dominante, para se manter no poder conta
com sofisticados meios para impedir o avanço dos trabalhadores, chamado de
alienação. Entenda por alienação os esforços desprendidos passivamente e
ativamente pela burguesia para continuar com suas extravagâncias e favoritismos.
Nesse processo alienatório estão empenhados a mídia de forma geral, que “trabalha”
a cabeça do trabalhador com novelas, programas toscos e notícias manipuladas,
os responsáveis pelo esporte, aplicando a famosíssima político do pão e circo,
a caridade de ONGs, o Poder Público e com sua própria caridade, fatos vistos
corriqueiramente. Conta ainda com todo um aparato cultural dominador anti-revolucionário,
como músicas, filmes, livros e até mesmo pessoas.
5. Corrupção
Conforme já foi dito os trabalhadores tem todas as
condições de tomar o poder, caso se organizassem em grandes entidades ou
movimentos. O grande problema é que os trabalhadores já se organizam em
sindicatos e estes, por sua vez, se organizam em centrais sindicais. Como
geralmente os sindicatos tem grande poder de dominação sobre a classe que
representam, o burguês em vez de comprar a classe toda, compra apenas o
presidente e a diretoria do sindicato, saí mais barato e é mais eficiente. Da
mesma forma a burguesia através de sua organizações partidárias (PFL, PMDB,
PMN, PP, PAN, PRONA, PRP e PL), age no sentido de dividir o movimento operário
e a classe proletária, através de frentes sindicais duplas (Central Única dos Trabalhadores,
Força Sindical e CONLUTAS) e de falsos partidos operários ou revolucionários,
que nada mais são que agentes dos capitalistas (PDT, PSDB, PSTU, PTB, PT do B,
PC do B, PCB, PCO, PHS, PPS, PSB, PSDC, PTN, PRTB e tantos outros), agindo ainda
no sentido de cooptar e comprar membros dos partidos trabalhistas reais (PT),
fazendo com que estes ajam de acordo com seus preceitos básicos. Cooptam também
líderes estudantis e suas organizações sindicais (GEs, CAs e DAs) e suas
centrais sindicais (UMES, UEEs, UBES e UNE), encaixando-as nas burocracias partidárias, visto que a juventude
sempre foi precursora das mais importantes revoluções e resistências do país
(Tenentismo, Coluna Prestes, Coluna Paulista, Revolução de Trinta, Resistência
a Ditadura, além de fortíssimas lutas contra Ditadura, como a Guerrilha do
Araguaia, e a favor da democracia burguesa, ver Diretas Já e Movimento dos
Caras Pintadas), sabendo que a juventude é contestadora por natureza e é também
revolucionária por natureza. Tentam também dividir o movimento estudantil para
amortizar a juventude (UNE e CONLUTE). Além é claro da corrupção do Poder
Publico, fazendo com que o “Estado
moderno seja nada mais do que uma delegação que administra negócios comuns de
toda a classe burguesa”, tendo papel também de coordenar o sistema de
alienação política e “aburramento” da sociedade, através da destruição dos
serviços públicos que poderiam abrir aos explorados as portas da revolução,
como a educação.
Ribeirão Preto, 01/09/04; 1h21min.
Felipe Luiz
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