sexta-feira, 31 de maio de 2019

As Cinco Pilastras Capitalistas

Texto de 2004.


As Cinco Pilastras Capitalistas


1. Mercadoria / Valor / Trabalho
Desde quando a sociedade humana ultrapassou o Modo de Produção Coletivo e Primitivista e surgiu o sistema de escambo, inicialmente sem que houvesse a existência de moeda, ou assemelhados, mas sim com mercadorias, evoluindo posteriormente para a moeda, graças à complexidade em se medir o valor de diferentes mercadorias. Como saber o que vale mais, um quilo de arroz ou um caixa de uva?. Com o surgimento da moeda surge também a mercadoria. O preço dos produtos é determinado de acordo com o trabalho humano desprendido em sua fabricação (Enquanto valores, todas as mercadorias são apenas trabalho humano cristalizado - Marx). O trabalho, segundo alguns filósofos enobrece a alma, mais para a maioria é o único meio de sobreviver no mundo moderno, submetendo-se ao mercado de trabalho, onde as forças de trabalho têm que disputar por escassas vagas.

2. Capital
Em determinado momento do desenvolvimento da produção e das trocas, a moeda transformava-se em capital. Antes o produtor apresentava ao mercado seu produto, vendia-o e logo em seguida, usava o dinheiro da venda para comprar outras mercadorias que necessitava mais não produzia. O incremento dos processos de produção e dos processos mercantis, como a invenção de ordenhadeiras e ferramentas e técnicas de plantio e colheita mais eficientes, conduz a acumulação de moeda, sendo esta acumulação chamada de capital. Chega um momento em que tal processo se inverte, observado que o antes pequeno comerciante é agora detentor de grandes fortunas, e começa a atuar de outra forma: os possuidores de capital começam a comprar grandes quantidades de mercadorias para revendê-la e lucrar sobre a venda, num sistema louco por lucro.

3. A Mais – Valia
A mais-valia constitui-se a mais fundamental das pilastras capitalistas, visto que é por ela e dela que depende todo o sistema do capital. O capitalista compra a força de trabalho pelo seu valor. A força de trabalho tem seu valor determinado como qualquer outra mercadoria, pelo tempo de trabalho (da sociedade em formar um novo operário, sendo esta a causa dos valores salariais diferentes entre a contratação de um simples operário com relação a um engenheiro, exemplificando) necessário a sua produção, leia sustento do operário e sua família. Isso só é possível por que o capitalista possui as máquinas necessárias para o funcionamento da fábrica (os chamados meios de produção), enquanto os operários só têm sua força de trabalho para vender. Desde que o capitalista compra essa força de trabalho, ela produz uma certa quantidade de mercadoria por dia. Mas o valor diário entre a força de trabalho e as mercadorias produzidas não são equivalentes. Por exemplo, um trabalhador que ganha R$ 1000, 00 por mês, e num dia de trabalho corriqueiro produz um automóvel no valor de R$ 15.000, 00 e trabalha 8 horas diariamente. Esse trabalhador, em pouco mais de 3 horas de serviço, cobre o preço pago por sua força de trabalho, enquanto que o restante de tempo trabalhado (6 horas) vira um produto suplementar não retribuído pelo capitalista, o que constitui o lucro, ou mais-valia.


4. Alienação
O capitalismo é um sistema elitista, divisório, onde uma pequena parcela da população vive muito bem e uma parcela muito grande vive em condições sub-humanas, em outras palavras uma minoria que explora e uma maioria explorada. É fácil concluir que essa maioria explorada tem todas as condições de reverter esse quadro através da tomada do poder por meio de uma revolução socialista. Mas essa elite, essa classe dominante, para se manter no poder conta com sofisticados meios para impedir o avanço dos trabalhadores, chamado de alienação. Entenda por alienação os esforços desprendidos passivamente e ativamente pela burguesia para continuar com suas extravagâncias e favoritismos. Nesse processo alienatório estão empenhados a mídia de forma geral, que “trabalha” a cabeça do trabalhador com novelas, programas toscos e notícias manipuladas, os responsáveis pelo esporte, aplicando a famosíssima político do pão e circo, a caridade de ONGs, o Poder Público e com sua própria caridade, fatos vistos corriqueiramente. Conta ainda com todo um aparato cultural dominador anti-revolucionário, como músicas, filmes, livros e até mesmo pessoas.

5. Corrupção
Conforme já foi dito os trabalhadores tem todas as condições de tomar o poder, caso se organizassem em grandes entidades ou movimentos. O grande problema é que os trabalhadores já se organizam em sindicatos e estes, por sua vez, se organizam em centrais sindicais. Como geralmente os sindicatos tem grande poder de dominação sobre a classe que representam, o burguês em vez de comprar a classe toda, compra apenas o presidente e a diretoria do sindicato, saí mais barato e é mais eficiente. Da mesma forma a burguesia através de sua organizações partidárias (PFL, PMDB, PMN, PP, PAN, PRONA, PRP e PL), age no sentido de dividir o movimento operário e a classe proletária, através de frentes sindicais duplas (Central Única dos Trabalhadores, Força Sindical e CONLUTAS) e de falsos partidos operários ou revolucionários, que nada mais são que agentes dos capitalistas (PDT, PSDB, PSTU, PTB, PT do B, PC do B, PCB, PCO, PHS, PPS, PSB, PSDC, PTN, PRTB e tantos outros), agindo ainda no sentido de cooptar e comprar membros dos partidos trabalhistas reais (PT), fazendo com que estes ajam de acordo com seus preceitos básicos. Cooptam também líderes estudantis e suas organizações sindicais (GEs, CAs e DAs) e suas centrais sindicais (UMES, UEEs, UBES e UNE), encaixando-as  nas burocracias partidárias, visto que a juventude sempre foi precursora das mais importantes revoluções e resistências do país (Tenentismo, Coluna Prestes, Coluna Paulista, Revolução de Trinta, Resistência a Ditadura, além de fortíssimas lutas contra Ditadura, como a Guerrilha do Araguaia, e a favor da democracia burguesa, ver Diretas Já e Movimento dos Caras Pintadas), sabendo que a juventude é contestadora por natureza e é também revolucionária por natureza. Tentam também dividir o movimento estudantil para amortizar a juventude (UNE e CONLUTE). Além é claro da corrupção do Poder Publico, fazendo com que o “Estado moderno seja nada mais do que uma delegação que administra negócios comuns de toda a classe burguesa”, tendo papel também de coordenar o sistema de alienação política e “aburramento” da sociedade, através da destruição dos serviços públicos que poderiam abrir aos explorados as portas da revolução, como a educação.

Ribeirão Preto, 01/09/04; 1h21min.
Felipe Luiz





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