sexta-feira, 31 de maio de 2019

Efeito Televisão


Texto de 2004.


Efeito Televisão

              Estou completamente desvairado para completar vinte e um anos e me candidatar a Deputado Federal. E não por que Brasília é linda e vou estar perto do centro das decisões políticas não, é somente para poder fazer um projeto de lei proibindo a televisão. Não um canal ou outro, mais sim o eletrodoméstico, o aparelho de televisão. Maldito seja quem inventou esse artefato demoníaco. Ai que saudades do rádio. A televisão presta um desserviço à comunidade. Enquanto no rádio havia apenas a locução de, por exemplo, uma novela, na televisão esta é mostrada, como se você fosse uma espécie de divindade.  A televisão mastiga e engole para você, enquanto se vê um programa não há reação, apenas se recebe os estímulos visuais e se entra no maravilhoso mundo da alienação. Com a locução havia justamente o contrário, pois tudo que se passava na novela, com exceção do enredo, era imaginado, fazendo o cidadão, mesmo que forçosamente, pensar. Se Lamarck estiver certo, com sua Teoria dos Caracteres Adquiridos, em breve muitos seres humanos não terão sequer cérebro. Ele vai acabar se atrofiando e virando uma ervilha! Aí fico pensando se não é melhor que o cérebro se atrofie de vez. Talvez em seu lugar nasça um dedo ou um braço, ou algum outro órgão que ajude o imbecil a melhor viver. E os pobres livros, obrigados a viver sob o pé das estantes e das cômodas, atrás das portas e como pesos de papel, e às vezes como enfeite em reluzentes prateleiras. Claramente a população, o grosso popular, aderiu à televisão. Prefiro acreditar que os motivos para tal se resumem no desconhecimento do prazer da leitura de um livro ou de um texto.  Ou talvez por preguiça, como em grande parte de outros acontecimentos, onde relegamos diversas outras atividades, como a militância política, a defesa dos direitos, dentre outras. É duro para mim, um ativista de corpo e alma, que treme diante de qualquer injustiça, mesmo que mínima, que ocupa a maior parte da vida na luta pelos direitos alheios, saber que por preguiça, pura e simples milhares passam fome, são explorados com salários realmente mínimos, estão desempregados ou são obrigados a viver através de bolsa - preencha com alguma palavra de sua escolha do Governo, que nada mais é que esmola. O Governo não deve dar subsídios a pessoas de baixa renda, e sim trabalhar para que haja emprego e todos possam se sustentar e viver dignamente, mesmo que temporariamente faça uso da política do New Deal, construindo, como reza esta prática, prédios públicos que faltam na infra-estrutura das cidades e aderindo ao Welfare Estate como este realmente é. O Estado do Bem estar deve fornecer todos os direitos descritos na Constituição, por lógicas exeqüíveis, fazendo do Estado uma peça realmente profícua no combate dos mais pobres, como também é disposto na Constituição, fornecendo emprego, ensinando o camarada a pescar, não dando o peixe. “Só a educação liberta”. (Epicteto)
Ribeirão Preto, 19 de Agosto de 2004
Felipe Luiz
Diretor Social do Grêmio Estudantil da E.E. Prof. Cid de Oliveira Leite, Diretor Social e Cultural da Alunesp, Membro da Comissão Pró UMES e Coordenador Ribeirão Pretano da Juventude Revolução.






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