sexta-feira, 31 de maio de 2019

Modernidade e pós-modernidade

Texto de 2005. Primeiro ano do curso de história. Falava-se muito em pós-modernidade, mas pouco sabiam o que significava. Daí, pesquisei e resolvi escrever este texto





Modernidade e pós-modernidade são termos que designam recortes tanto históricos (no sentido de sua concretude e/ou historicidade), como culturais dentro da totalidade da história. Para se compreender a pós-modernidade, é necessário antes um esboço da modernidade.

            O termo modernidade foi utilizado pela primeira vez por Hegel, em seus cursos de filosofia da história, para designar os “novos tempos”. Dentro da mitologia cristã, os “novos tempos” designariam o período após o juízo final, ou seja, após a volta do messias, quando o planeta prosperasse sem pecados, um tempo de fartura. Disto já podem ser desdobrados juízos sobre a autocompreensão da modernidade.

            Pensando historicamente, a era moderna se inicia com a queda do Império Romano do Oriente (1453) e finda com a  Revolução Francesa (1789); entretanto esta divisão não vigorou sempre nem é consensual, pois data da metade do século XIX. Culturalmente, a modernidade está ligada, de forma não-contingente, ao racionalismo eurocêntrico. Em outras palavras: o projeto da modernidade é um projeto de racionalização, e no Ocidente razão é ciência técnica ou tentativa de ciência. Quanto a seu eurocêntrismo, este decorre graças ao Iluminismo. Tentativas de desmistificar o mundo se iniciam quando surge a filosofia; entretanto, nunca tinha sido posto em prática da forma como o Iluminismo fez e propôs. Como surgiu com a filosofia, não se deve esquecer que foi como processo que ocorreu, com períodos de plena ascensão, outros de estabilidade e, ainda, momentos de queda. Grosso modo, se pode dizer que o projeto iluminista surge com o logos heraclítico.

            Para que possamos compreender a racionalização, faz-se necessário um pequeno esboço da História da Filosofia. A História da Filosofia é dividida em períodos: pré-socrático (ou, segundo Heidegger, antropológico), socrático, medieval (escolástica, tomística, agostiniana), moderno e contemporâneo. Entre a filosofia medieval e moderna surge a figura de Michel de Montaigne, que defendia o que se chama de acatalepsia ( superficialmente, impossibilidade de conhecer), se enquadrando numa corrente ou escola filosófica, o moderno ceticismo. Logo após, dois outros filósofos, Descartes e Francis Bacon, surgirão na contramão, defendendo que o conhecimento é possível e que a ciência pode conhecer, desde que observados princípios. Descartes chama-os de método (methodus, em latim), enquanto Bacon de via ou ratio (que comumente também se traduz por método). Descartes e Bacon são os antecedentes do Iluminismo,e , por conseguinte, do racionalismo como hoje entendido.

            O método de Descartes fundava-se na dúvida. Descartes deu como falso tudo aquilo onde pudesse haver a menor dúvida, com o intuito de ver se havia algo incontestável. Daí o famoso mote “penso, logo existo” (cogito, ergo sum, em latim), o chamado cogito cartesiano, pos para Descartes duvidar é certo, e para duvidar pensa-se; a existência do eu é certa. Para Descartes, os sentidos eram enganadores, não confiáveis, apenas os juízos da razão eram confiáveis, seguros. Descartes elaborou um método cientifico, que julgou o mais apropriado para conhecer. Defendia a dedução, partir de princípios gerais (a razão, a existência certa do eu e a existência de deus, a partir do axioma que deus é a certeza, a perfeição, e a dúvida é imperfeição) para se chegar ao particular. Por isso, Descartes faz parte de uma corrente filosófica chamada de racionalismo. Também, por acreditar que a razão é inata, Descartes, com Leibniz, faz parte de outra corrente, o inatismo. Dentro do inatismo, cabe também a idéia que o conhecimento é inato, e tudo que fazemos é reminescer. Sócrates entra aqui, e há um dialogo platônico que trata especificamente deste assunto.

            Já Bacon pensava que o “homem é ministro e intérprete da natureza”. Tendo isso em vista, Bacon, precursor das ciências experimentais ou práticas, defendia que o ministro (leia-se cientista) deveria apoiar suas experiência em longas tabelas de resultados, em interpretações dos fenômenos. A via de Bacon se fundava na observação e interpretação da natureza (como se palavra e mundo se fundissem num único ser, e a ordem da palavra fosse a mesma ordem das coisas). Bacon acreditava que se deveria partir da experiência, o particular, e, na reunião destas, chegar-se ao geral, a indução. Além, para ele, o conhecimento, a razão, não era inata, mas dependia da experiência. Bacon se inscreve na escola filosófica do empirismo, oposta ao inatismo e ao racionalismo. Um ponto interessante da filosofia baconiana reside no fato deste apontar quatro idolas (fantasmas ou ídolos) que turbam a razão: ídolos da tribo, da caverna, do foro e do teatro. A subjetividade, a crença, o “antropocentrismo clássico” (ligado aos sofistas) e o mau uso da linguagem. Relembremos que de Bacon descende as ciências experimentais atuais.

            Ambos contrários de um mesmo processo, Descartes e Bacon tiveram, cada qual, seus próprios extremos, representados no inatismo por Leibniz (o monadismo) e por Berkeley (um quase solipsismo).  Essa rivalidade gerou acalorados debates no correr dos séculos, até que, em outro contexto, já no século XVIII, um filósofo prussiano fez unir, superar, essa rivalidade. Ao publicar, em 1768, sua “Critica da razão pura”, Immanuel Kant fez pensar que conhecemos através dos sentidos, mas não podemos ter certeza absoluta da existência de uma realidade exterior, objetiva.

            Kant faz parte de um movimento, de um projeto filosófico, não coeso internamente, conhecido como Aufklärung, Iluminismo, Esclarecimento, Luzes. No cerne desse movimento, filósofos do porte de Voltaire, Rousseau, Montesquieu, Diderot e o próprio Kant. De forma geral, esse movimento defendia uma profanização do mundo, sua desmistificação; apontavam a razão como libertadora das amarras da crença, capaz de fazer a liberdade em voga; com a exceção de Rousseau, cantavam as benesses da civilização e defendiam um governo que, organizado pela razão, pudesse de garantir o bem estar coletivo, de preservar as liberdades individuais.

            Este projeto é a modernidade cultural, do qual decorreram fatos que se fazem sentir especialmente hoje. Discutiremos à frente. Claro que se deve levar em conta as futuras correntes artístico-literárias dos séculos precedentes, modernistas, mas, por hora, este conceito servirá.

Entretanto, como já dito, a modernidade está vitalmente ligada a seu momento histórico. Ao conceito de modernidade deve-se somar o contexto das revoluções Americana e Francesa (influenciadas pelo Iluminismo), da Revolução Industrial, do desenvolvimento do capitalismo industrial e da completa ascensão e estabelecimento da burguesia como grupo social predominante. A partir daí, a sociedade se cristalizará em torno da burocracia estatal racionalizada e da empresa capitalista. Isto é modernidade, e seus desdobramentos são vários. A partir de agora, o único saber capaz de nos falar sobre o mundo é o cientifico; o lucro é posto em voga como principio e meta; o trabalho passa a ser livre e assalariado; em vez da tradição, mas valem as modas de Paris. Baudelaire aponta que a modernidade é, concomitantemente, eterna e contingente. Se a velocidade é o novo principio, a renovação sempre faz guardar permanências. Se há agora ferrovias, eletricidades e máquinas, que constantemente mudam e fazem surgir novos aparatos técnicos melhorados, a estrutura da sociedade não se altera. Por isso a noção de que o capitalismo é um sistema dentro da estrutura social. Piaget observa que uma estrutura é totalizante (abrange a totalidade do que se propõe), com fronteiras claramente delimitadas e auto-regulada. Dentro de uma estrutura cabem diversos, vários sistemas. Um sistema é um conjunto de elementos relacionais de tal maneira que a mudança em um elemento, acarretará mudança em todos. Mas, a mudança no sistema não acarreta mudança na estrutura. Mudar uma estrutura é, de fato, um tanto mais complexo e dispendioso.

O discurso cientificista racionalizador vê seu ápice no positivismo de Comte, com as etapas da humanidade, sendo o fim o mundo totalmente racionalizado, profanizado, positivo. É de Comte também a idéia, posta em prática, da igreja da humanidade. Não estamos tão distantes assim deles

Benjamin faz observar que a compreensão de tempo sofre mudanças. Se antes o passado era visto como a era dos “antigos”, devendo eles ser respeitados, agora não. O passado é visto como frustrado, incompleto, e deve o presente saber abrir-se para as expectativas do futuro. O futuro passa a ser o lugar de onde virá todas as mudanças necessárias. Também, com a questão da produtividade, o tempo passa a ser encarado como um recurso escasso, que deve ser ao máximo aproveitado.

A modernidade se funda sobre as idéias de renovação (até hoje, modernizar é usado como sinônimo de fazer novo, renovar). Escarnecia-se a velha Europa, o velho mundo. Isto porque a modernidade não quer dever nada aos antigos, quer-se como o absolutamente novo. Manifestações artísticas que os evoquem (arcadismo, a escola de David.) são postas de lado. A arte burguesa deve ser a arte do sonho, do que pode vir a ser, do nacionalismo, das exacerbações, e de uma certa melancolia, própria de um mundo materialista (o romance romântico); ou ainda apelar para visões cientificistas da realidade (Realismo-Naturalismo, a arte realista). Antes, os motivos eram teológicos, ou ligados à aristocracia, ou ainda apelavam para as maravilhas que foram os antigos; deveriam estar sempre ligados a tradição, ou ao mecenato. Na pintura, poucos fugiam a isto. Goya talvez seja o maior exemplo. Agora, a arte deve ser realista, pintar o mundo como é, se focando em aspectos burgueses. Mas, a modernidade é o período do confronto, dialética por si mesma.: o ludismo, as trade unions, 1830, 1848, a Comuna, e, no topo, a primeira Guerra Mundial, os sistemas teleológicos. Dentro da modernidade, estão as lutas sociais, a luta de classes (conceito marxista), a oposição entre elite subjugante e pobres subjugados. Aí entram os artistas que fazem crítica social. O Dada, Machado, Pompéia, Kafka (as opiniões divergem sobre ele). É o período das grandes utopias.

Todas estas transformações, fazem mudar o estatuto do saber para que este se adeqüe as novas estruturas sociais. Ele deve ser técnico (de techneé, o saber dos technay, artesões, o saber para a produção,o saber-prático, o saber instrumental), fundado na razão e na experiência, vinculado a uma lógica tecneconômica (submetido para Derrida).

Estas questões se referem sempre a como a modernidade se compreendia, a sua autocompreensão (para Habermas, um conceito-chave)..

Por se caracterizar como perpetua oposição entre o e eterno e o contingente, a modernidade traz em seu bojo o confronto e a luta. Daí a lógica dialética de Hegel, e o pensamento de confronto marxista. Entretanto, tanto para um como para outro, haveria um fim a tudo, uma homogeneidade de fins, pois há uma homogeneidade cultural. Ser cristão, burguês, intelectualizado, afrancesado. Este é o ideal, é isto que se deve fazer.

Fica claro que o projeto da modernidade é o projeto Iluminista, que dará as bases tanto da empresa capitalista como do estado moderno. A organização racional da sociedade, o discurso cientifico como sendo o único capaz de explicar a realidade, o respeito às liberdades individuais, a desmistificação do mundo. O Iluminismo se propunha como libertador das amarras da religião e do absolutismo, como aquilo destinado a iluminar..

Em arte, se os movimentos modernistas (arte em geral: impressionismo, expressionismo, cubismo, surrealismo, dada, futurismo, etc...) se encarregaram de exterminar a arte especialmente burguesa, muitos deles não se livraram de cantar as benesses da civilização (o futurismo). Outros denunciam a loucura do mundo moderno (o Dada, Duchamp em especial), adotando posturas bem modernas e antimodernas. O avanço da prosa e poesia modernas, que tentam dilacerar conceitos tradicionais como rítmica, métrica, roteiro, linearidade, tempo, espaço, autor, realidade, gramática, novas explorações sintático-semânticas (timidamente Rimbaud, Whitman, Pessoa, Maiakóvski, Apollinaire, Mallarmé, Joyce, Woolf, García Márquez, Borges, os modernistas de 22, E. Veríssimo, Rosa e a maravilhosa Clarice são bons exemplos) são já indícios e repercussões do ímpeto renovador da modernidade, da tentativa de total fundação de valores. Em maior ou menor grau, todos os supracitados fazem alguma inovação estética. Joyce quebra tempo, espaço, linearidade, percepção cientifica, linguagem. Woolf, em alguns romances, se aproxima do fantástico, faz sumir o tempo. A virada mais perceptiva rumo ao fantástico é a de Borges, que faz realidade-mito darem as mãos. Rosa faz experimentações lingüísticas. Já Clarice condensa tudo: não há roteiro, personagens, tempo, espaço, fala, linearidade, autor (Rodrigo S.M, Clarice?). Clarice é a própria prosa moderna.

À modernidade, as críticas são muitas. Foucault pensa que ao contrário do proposto, os elementos de dominação, ao invés de se arrefecerem, se aprimoraram, a tal ponto de o próprio corpo ser controlado (a biopolitica). Se antes quem exercia o controle era o estado e a religião, agora, com a dispersão do poder de seu nódulo estatal, os aparatos de domínio são discursivos, internos, e se fazem sentir em todos os aspectos da vida: desde o nascimento a morte, da compra, a escrita. Se antes “os rufiões, as prostitutas e os loucos” eram livres, agora controlados. Se antes as prisões eram rudimentares, agora bem equipadas, e especialmente preparadas. A clínica e o sanatório guardam a marca do aumento do controle. A  psicanálise, como ciência normalizadora, e a medicina como o controle extremo da ciência. O ideal passa a ser o panóptico de Bentham (local onde se pode ver sem ser visto). As marcas do poder na modernidade  seriam justamente fazer ver como vê sem ser visto (onde fica o poder?).

Derrida vem criticar justamente o logocentrismo e o fonocentrismo. Logocentrismo seria o imperialismo do logos (conceito heraclítico traduzido como discurso e razão. Seria justamente o discurso que explica o mundo). O fonocentrismo (do grego phoné) diz respeito ao imperialismo do discurso “fonetizável”, a língua, propriamente.

A pós-modernidade vem como esgotamento das possibilidades da modernidade. Que fique claro, a pós-modernidade é um movimento, melhor, um processo, de reação à modernidade. O mundo já está racionalizado, com o cúmulo de cidades completamente planejadas (como queria Le Corbusier), sendo Brasília e Goiânia exemplos. Todas as possibilidades político-culturais, bem ou mal, foram postas em práticas ou houveram tentativas de. Habermas observa que, politicamente, a única utopia que resta é o anarquismo. A pós-modernidade está intrinsecamente ligada ao pós-estruturalismo (Derrida), ao pós-industrialismo (a saída das indústrias de seus países para países periféricos no jogo do capitalismo mundial), a Terceira Revolução Industrial, a gentrificação (estabelecimento de uma classe média), ao avesso à violência (o filme “O Lobo” mostra uma disputa quanto a isto dentro do ETA) e a ascensão de uma certa desconfiança quanto à ciência (após o horror de Auschwitz e Hiroxima) . Se antes o bem mais importante era a produção, agora é o saber (informação, ou produção de signos e imagens). Disto decorre a grande importância dada à linguagem nos dias de hoje (de que os estruturalistas são ícone) e ao desenvolvimento de novas disciplinas como Teoria da Comunicação, Teoria Matemática da Informação, Semiótica, Semiologia, Lingüística, Critica Literária, Cibernética, etc... e a exploração das novas mídias tanto na arte (os concretistas, a pop-art, Warhol, por exemplo) como na propaganda, na música, no capitalismo.

A arte pós-moderna é extremamente conflitual, mas dialógica. Alguns teóricos defendem a morte da arte (Pignatari), enquanto outros apontam a arte pós-moderna como o momento absoluto da criatividade sem fronteiras: tudo é arte. A arte cada vez mais procura assentar dentro de si subjetividade, tentando “se abrir” a interpretações. Mallarmé, poeta simbolista francês, tinha o projeto do “Livre”, onde cada leitura seria realmente diferente de todas as outras, pois as páginas seriam soltas. Podemos ter certeza que a obra de arte está morta (o conceitualismo a enterrou), mas há movimentos de reação a esta morte, e mesmo os marginais, que, bem ou mal, criam fora do turbilhão pós-moderno. Por vezes Clarice é apontada como uma pós-moderna. Mas, quanto  esta nova arte (o melhor seriam manifestações que seriam chamadas de arte em outros tempos) tudo é muito incerto, e, como ainda no processo, pouco pode ser dito.

Foucault observa que houve uma mudança também no estatuto do intelectual. Com a especialização crescente, a atuação do intelectual é também especializada (cita Oppenheimer, pai do Projeto Manhatan, a “morte ,o destruidor de mundos”, como exemplo). O ideal se fazia com o escritor, tradutor das paixões e dos problemas universais. Hoje não; mais vale quem sabe se relacionar com outros intelectuais especialistas em outras áreas e, conjuntamente, agir, a quem espera poder compreender a totalidade da antroposfera e apontar caminho. Há especificidades regionais demais para tal. O intelectual universal é museu.

Como processo, não há uma data exata. Alguns acontecimentos ocorrem antes ou depois. Lyotard aponta como inicio do processo já o séc. XIX, enquanto Harvey diz que eles começaram a partir de 70, 72.

A pós-modernidade é a comprovação das tendências entrópicas (ao caos, a indiferença absoluta) do universo. Com a primazia da heterogeneidade, a cidade — local absoluto da pós-modernidade — vê-se cada vez mais como espaço das diferenças, tanto propriamente pós-modernas (os movimentos feministas, das “minorias oprimidas”), como modernas (os movimentos etnocêntristas, os carecas, a Nação Ariana). 

Se a modernidade vê a morte de deus, a pós-modernidade vê a morte do homem, a morte da arte , da história. As novas discursividades, especialmente em humanidades, vem justamente exigir isso. Alguns autores comemoram a “pós-história”.

Cabe uma boa nota: modernidade e pós-modernidade são conceitos desenvolvidos por teóricos europeus. Tendo isso em vista, eles são eurocêntricos, e vão falar sobre os problemas tempo-espaciais e culturais europeus. Mas, com a supremacia do capitalismo no jogo da globalização, eles são, aos poucos, importados. Como processos, eles ocorrem de maneiras diferentes em lugares diferentes. Assim, enquanto em algumas áreas do Brasil, a cultura e a vivência são predominantemente pós-modernas, como São Paulo, em outros lugares nem a modernidade se faz sentir. Penso que a expansão da pós-modernidade a todos os lugares faz-se por condução, irradiada das metrópoles a outras metrópoles menores ou centros, até os rincões. Mas, não se deve esquecer, que enquanto processo, a pós-modernidade pode ser detida ou retrocessada.

           

Queridos, em suma:

“Geralmente percebido como positivista, tecnocêntrico e racionalista, o modernismo universal tem sido identificado como crença no progresso linear, nas verdades absolutas, no planejamento racional de ordens sociais idéias, e com a padronização do conhecimento e da produção. O pós-moderno, em contraste privilegia “ a heterogeneidade e a diferenças como forças libertadoras na redefinição do discurso cultural”. A fragmentação, a indeterminação e a intensa desconfiança de todos os discursos universais (totalizantes) são o marco do pensamento pós-moderno”. (revista de arquitetura PRECIS-6, 1987, págs. 7-24)

“A redescoberta do pragmatismo na filosofia (R. Rorty), a mudança de idéias sobra a filosofia na ciência promovidas por Kuhn (1962) e Feyerabend (1975), a ênfase foucaultiana na descontinuidade e na diferença na história e a primazia dada por ele a “correlações polimorfas em vez da causalidade simples ou complexa”, novos desenvolvimentos na matemática — acentuando a indeterminação (a teoria da catástrofe e do caos, a geometria dos fractais)—, o ressurgimento da preocupação, na ética, na política e na antropologia, com a validade e a dignidade do “outro” — tudo isso indica uma ampla e profunda mudança na “estrutura do sentimento”. O que há em comum nesses exemplos é a rejeição das “metanarrativas” (interpretações teóricas de larga escala de aplicação pretensamente universais). (...) “O pós-modernismo assinala a morte dessas metanarrativas”. (Condição Pós-Moderna, Harvey, David, pág 19).



Nota final: que todos tenham em mente, ao ler isso, que se trata de um resumo dum processo extremamente complexo. Mas, para quem se interessa, serve como prefácio as leituras. Por isso, vou deixar a bibliografia na qual me apoio.



ADORNO, Theodor W., Horkheimer, Max, “O conceito de Iluminismo” in: “Dialética do Iluminismo”.
BACON, Francis, “Novum Organum — Indicações acerca da interpretação da natureza”.
CHAUÍ, Marilena, “Convite à filosofia”.
DELACANPAGNE, Christian, “História da filosofia no século XX”.
DERRIDA, Jacques, “O olho da universidade”.
DERRIDA, Jacques, “Gramatologia”.
DESCARTES, René, “O Discurso do Método”.
ECO, Umberto, “A Obra Aberta”.
FOUCAULT, Michel, “As palavras e as coisas”.
FOUCAULT, Michel, “Verdade e poder” in: “A microfisica do poder”.
FOUCAULT, Michel, “Resumo dos cursos no Collége de France”.
FOUCAULT, Michel, “A história da sexualidade vol.1 — A vontade de saber”.
FOUCAULT, Michel, “A ordem do discurso”.
HABERMAS, Jürgen, “O discurso filosófico da modernidade”.
HARVEY, David, “Condição pós-moderna”.
LYOTARD, Jean-Fraçois, “A condição pós-moderna”.
PIGNATARI, Décio, “Informação. Linguagem. Comunicação.”

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