terça-feira, 4 de junho de 2019

A vida das pessoas (projeto poético) (2006-2008)



a vida das pessoas

projeto poético:

prosa e poesia.

guma
  1. l. tocrespil
  2.  
franca
ribeirão preto
marília
são paulo

2006
2007
2008




















































“acho que seria sensacional se todo mundo fosse idêntico. (...) quero que todo mundo pense da mesma maneira. acho que todo mundo devia ser máquina”
(andy warhol)
“há prisões que nem imaginamos:
para alcançar a liberdade vale sempre
derrubar muros, construir pontes”
(bertold brecht)

“aos condenados, que são como os excrementos do universo”
                                                                        (u. aldrovandi, monstrorum historia)





















com este encarte pode-se dizer que terminamos uma série poética. Uma antologia — alegria plástica — e dois projetos — visões do mundo e, agora, a vida das pessoas — destinados a falar sobre o que se chama, em filosofia heideggeriana, de estar-aí, ou pré-sença. Isto é, sobre uma experiência de mundo, às vezes pessoal e as vezes que se pretende universal e mesmo a visão do mundo sobre o próprio. Caracterizações da vida em um momento de sociedade.  Uma série, linear, não alheia ao mundo cartesiano, onde começo meio e fim é regra. Desta forma os autores, com todo o peso negativo deste conceito, se assumem enquanto portadores de uma expectativa e de uma experiência de vida. Ao mesmo tempo em que entendem a singularidade de suas vidas percebem sua inserção em previsões, estereótipos, arquétipos. Puderam também reparar nos curtos braços de suas atuações — atores que são, em nossa vida, pois autores. Enquanto as poesias da antologia foram desenvolvidas sem intenções mais profundas e, posteriormente, ligadas por uma linha de trabalho, visões de mundo já contava com todo um projeto discursivo maior, como metáforas, como tentativa de crítica a uma imensa ordem das coisas. O mesmo intento persiste neste trabalho (palavra-chave, password para ser globalizado) que pretende novamente, inconscientemente, como que falar de grupos desprovidos de várias coisas, muitas vezes mesmo de uma empolgante experiência de mundo, pois desde sempre predestinados a. deve-se levar em conta que o principio que aqui vigora não é o de representatividade, mas sim de um discurso frouxo que pouco deve rodar, interditado no ninho, que nasce de uma nova vontade, à vontade de falar e de poder ser ouvido, de iniciar e tentar manter um diálogo duro, mesmo ferir com a pior das armas psíquicas, talvez, a palavra. A mesma idéia, a do esteticapitalismo, a mesma ocultação das palavras nas formas, escondendo o discurso para poder dar-lhe chance de uma efetiva atuação. Uma torpe mistura de artes. literatura, plásticas, teatro. Uma visão estética talvez mais aprofundada, que fortemente presente nas manifestações que aqui se contam. A mesma economia de palavras. A mesma doença. Os mesmos presentes de sempre. Não se deve esquecer que talvez o titulo seja um tanto incorreto; se se chamasse havida das pessoas, no entanto, poderia ser mais adequado. Neste projeto não figuram nomes de quem fez ou deixou  de fazer os textos e as poesias; e isto por questões de poética; vale lembrar: nada é inocente, se figura ou deixa de figurar diz: o branco, o preto, cinza, ausente ou presente, alto ou baixo; dos títulos, tão somente no fim figuram, na mesma ordem em que no corpo aparecem, mas fora do texto, o que é importante e que também diz. como já dito, esteticapitalismo. Novamente, sorte. alguma. Qualquer.


Mais informações sobre o esteticapitalismo.

Contato:



Luiz e Guma pedem também que sejam enviados, após a leitura, impressões sobre o encarte, para futuro aperfeiçoamento e reflexão, além do estabelecimento de novos canais de comunicação.

*

            dezoito anos, esta é a idade correta. correta, é claro, para quem pode corrigir algo. e quem o pode? faz faculdade, qualquer curso, não importa, mas vale é estar fora de casa, da casa dos pais. fugir sempre, e sempre fugir é a norma. fugia de si mesmo. sempre quis ser mendigo, para não ter raízes e poder continuar a fugir sempre. fugir do próprio interior, era por isso que reclamava incessantemente de tudo: criava desculpas para fugir. pensava em si mesmo como um filósofo, isso lhe agradava, assim como gostava de pensar em si mesmo como um artista. que escrevia razoável era verdade, e também razoavelmente desenhava. alias, em tudo, era assim razoável, medíocre é o correto, pois é também ofensa, xingamento. assim se via. medíocre, e isto o enfurecia. ser medíocre era seu temor, e temia, muito. ver-se confundido com o resto da humanidade, com as outras pessoas, prezava por sua subjetividade, e isto também lhe agradava.

            embora quisesse não podia fazer nada para mudar, pois ia bem. tinha uma grande inteligência, e isto lhe bastava. conseguia mostrar a todos que não era medíocre, embora fosse muito, e contra isso ainda não havia remédio. tinha uma grande sensibilidade para a língua, e isto impressionava, mas ainda assim não servia para ele deixar de ser medíocre.

            acordou tarde, e como fazia calor. o acima fora uma revelação da noite anterior. não havia ninguém em casa e já eram quatro horas da tarde, que calor, pensou. foi ao banheiro se olhar diante do espelho

havia uma rachadura no espelho, que ele mesmo fizera. havia acendido um isqueiro e, colocando-o na superfície refletora, esperou até o espelho rachar, queria era ver o que acontecia. era algo pequeno, não maior que um dedo do pé. ela o achou bonita, expressiva. os dois

— que trágico, ele disse

e voltou a dormir.
havia se.
a
se havia.

*



uma sociedade de botões,

                                             onde
o que
                                                           se quiser,
                                                                            basta apertar um botão
para que o desejo vire


ah, os pés, os pés: sempre os pés.


*


tijolo por tijolo, me descobri construção, uma construção, simples junção de fatos, acontecimentos sem nenhuma razão, sem lógica alguma. eu sou. e o cimento desse banimento todo aí. ligação entre essa filigrana unida que sustenta a parede. há? nenhuma. como uma muralha medieval, sem cimento. escrevo, ditado, o corpo sem cimento tem espasmos, um vento só, e cai. qualquer vento. ossos de puro cálcio, e resto de puro isopor, minha carne, minha carne é e fantasma, órgão de fantasma, mais arte do que eu entendo, como a mim próprio. estica e diminui, ameba, chiclete, depende da mascada, estica e diminui. maldita esperança masca, e todo resto, desmasca.


                                                                (algum tempo)



tijolo por tijolo, nos descobrimos construção, uma construção, todas construções, simples junção de fatos, acontecimentos sem nenhuma razão, sem lógica alguma. em aparência. nós somos. e o cimento desse banimento todo aí. ligação entre essa filigrana unida que sustenta a parede. há? nenhuma. como uma muralha medieval, sem cimento. escrevemos, ditado, os corpos sem cimento têm espasmos, um vento só, e cai. qualquer vento. ossos de puro cálcio, e resto de puro isopor, nossa carne, nossa carne é e fantasma, órgão de fantasma, mais arte do que entendemos, como a nós próprios. estica e diminui, ameba, chiclete, depende da mascada, estica e diminui. malditos nós, maldita esperança masca, e todo resto, desmasca.


*


a beira do lago todos caminhavam. seu tamanho — do passo e do lago — variavam. as águas espumantes de poluição, o liquido turbado onde milhares de peixes boiavam. o profundissímo corpo de água de onde se podia olhar a escuridão. com lanternas, sem sol, com olhos. dizia-se que, em seu fundo,  residia um monstro. vez ou outra abocanhava algum incauto, mesmo que cuidadoso, pois ao caminhar correr pular sempre nos acautelamos, e, sem ocasião, a distração. essas perdas de foco, o olhar embaçado, para perder de vista justamente o grande cruel, geométrico lago. o espelho d’água que antes, há milhares de zilhões de anos, claro, agora petrolizado. estático e química. lugar (esta não é a palavra certa)  desvairado, conflitante com suas margens concretas de concreto. as primeiras perdiam-se, pois somente esboçadas. o espaço nosso que alguns sor—(tu)—(d)—(i)—(dos), sim, sórtudidos fincaram a lança, o verbo e o grande livro. envoltos em mantas de outros suores que não seus, carregados por todos que caminham. muito altos, o resto que anda e anda, se sacode se arrasta, se ar, carrega-os. maior passo,  maior massa. euxtâse.


*


toda a vida

dia dia dia dia dia dia dia dia dia dia dia dia dia dia dia dia dia dia dia dia dia dia dia dia dia dia dia dia dia dia dia dia dia dia dia dia dia dia dia dia dia dia dia dia dia dia dia dia dia dia
dia dia dia dia dia dia dia dia dia dia dia dia dia dia dia dia dia dia dia dia dia dia dia dia dia
dia dia dia dia dia dia dia dia dia dia dia dia dia dia dia dia dia dia dia dia dia dia dia dia dia
dia dia dia dia dia dia dia dia dia dia dia dia dia dia dia dia dia dia dia dia dia dia dia dia dia
dia dia dia dia dia dia dia dia dia dia dia dia dia dia dia dia dia dia dia dia dia dia dia dia dia
dia dia dia dia dia dia dia dia dia dia dia dia dia dia dia dia dia dia dia dia dia dia dia dia dia
dia dia dia dia dia dia dia dia dia dia dia dia dia dia dia dia dia dia dia dia dia dia dia dia dia
dia dia dia dia dia dia dia dia dia (dia) dia dia dia dia dia dia dia dia dia dia dia dia dia dia dia dia dia dia dia dia dia dia dia dia dia dia dia dia dia dia dia dia dia dia dia dia dia dia dia dia dia dia dia dia dia dia dia dia dia dia dia dia dia dia dia dia dia dia dia dia dia dia dia dia dia dia dia dia dia dia dia dia dia dia dia dia dia dia dia dia dia dia dia dia dia dia dia dia dia dia dia dia dia dia dia dia dia dia dia dia dia dia dia dia dia dia dia dia dia dia dia dia dia dia dia dia dia dia dia dia dia dia dia dia dia dia dia dia dia dia dia dia dia dia dia dia dia dia dia dia dia dia dia dia dia dia dia dia dia dia dia dia dia dia dia dia dia dia dia dia dia dia dia dia dia dia dia dia dia = ano.

hádia.

*

a mudez de átomos

                                    que me faz cego

pois não é terno seu abraço

mas terno seu enlace.
*


até que um dia perceberam que a cada estalar de segundo o mundo perdia seu calor. o concreto era cada dia mais frio, os azulejos neve cristalizada, as arvores se resumiam a pinheiros, os animais cada vez mais gordos — a gordura jorrava em poços —, — e — por fim o povo, as pessoas cada vez mais cabeludas, bestiais, pálidas. o sangue, tanta menta e corante, nem vermelho mais era, e sim verde. todos saiam cada vez mais protegidos, as casas e os trabalhos também o eram.
           

as leis inchavam.


o mundo saia ao controle, a natureza se rebelava.


foi resolvido que esse processo deveria parar. alguns tentaram acender mais fogueiras; outros tinham overdose de pimenta; outros eram ursos redondinhos de tanto agasalho — ovelhas foram todas tosquiadas. é claro, tudo tolo e em vão.


mas, brilhou o gênio governamental, sempre ele, o dono. comandante se pronunciou, disse as mudanças que faria, com organogramas, planilhas, projetos, constituições, .


“eu como comandante
digo,
de hoje em diante
abrigo
será construído
infiro
será mais forte
afirmo
que o mundo será quente
proclamo
que a população seja protegida
insto
uma vez que se quer a carne aquecida
soluciono
dizendo que a estufa será erguida.”.


começaram a construir a estufa em torno da cidade. pois se queria, queria-o, a sociedade mais quente. come-se menos, trabalha-se mais, a cerveja desce melhor e o sono é impedido — não há tanto desperdício de minutos.


a cela se configurava. quadrada, fechada, suavam os corpos ali. o grande e aquecedor cárcere, grades se amontoavam.


a invisível, grande parte, invisível. ou dispersa. todas as casas têm portas, todas as portas têm chaves tem chaves, às vezes até as portinholas as têm. e tudo exerce a função de cadeado — mesmo o texto, que tentando fugir, se regra: a palavra.

ativa. arde a vista e o cérebro, digo a mim, conquanto que se saiba, o que mais pode dar a doer, e de óbvito é mais tudo. a mesma aqui sem partes. o óbvio dói, o óbito fazem com que doa e a dor faz em mim o prenúncio.


se há cela, que se saiba, há todo o regramento. não se toca nos maiores de todo. bastam-nos os grandes. e tão tão pior os menores, que do acender a/o apagar (o sono) (a vida toda) cercam-nos — analogia metafórica. metonímia, a parte pelo todo, ou o efeito pela causa?


de certo, isto, sim. ao contrário. e que não?


com a estufa todos logo ficaram menos descontentes. o trabalho era árduo e enganador. trabalhe trabalhe, toda vida trabalhe, depois aposente. trabalhe para enriquecer. quer-se como eu? trabalhe. e a noite descanse, pois há nenhum trabalho. é a hora de não-pensar por excelência. podem ver aquele rebelde. vamos mostrar-lhe que se deve trabalhar e ter respeito pelas instituições, se deve amar a pátria e o cônjuge e os filhos, que se deve dever. temos direitos com os deveres carregados. se se pode ter saúde gratuita, também se deve trabalhar a vida toda. se nossos filhos podem ir a escola, também temos que sustentá-los, ouvir bem. temos liberdade. posso ir e vir, seguindo tabelas e horários. mas isto era esquecido, porque o diziam intrínseco. o mundo era confortável e aquecido, fazendo com que o coração pulasse manso e gostoso. e nunca era quente demais, pois havia sempre o que pudesse dar uma esfriadinha: ventiladores, bebidas, drinques, gelo mesmo.


em pouco tempo o piche do asfalto era mole. mole; e as casas não podiam mais ser de tijolos....o bafo quente do mundo as deixava muito instáveis, e por nada caiam, à toa....os especialistas diziam que era por falta de material melhor....então desenvolveram outros tijolos, que não fossem de barro, que não fossem de terra....totalmente artificial, totalmente de laboratório, totalmente homem.


a estufa era prodígio de engenharia. toda em vidro brilhante importado. toda em liga de aço mais resistente. inteira pública, com licitação. as flores logo se aproveitaram da estufa. e os jardins cresciam e cresciam. os outros animais em zoológicos também eram mais risonhos. exultantes, as crianças ficavam ao vê-los. a própria maravilha. para alguns animais. outros, acostumados com o frio, rareavam, se escondiam onde era possível se esconder.


mas por baixo, o que se escondia. o que todos não viam. porque quem podia, tomava chá gelado e vinhos de primeira, gelados. quem podia, contratava quem os abanasse. quem podia? ar-condicionados venderam como nunca.


mas em outros cantos — os de baixo — o calor não veio calhar. calor dá vontade de beber. e mais bebida, mais cigarro e mais jogo. e menos casas, até por serem de barro, sujeitas a desmoronamentos.




aconteceram protestos. a estufa não havia sido boa idéia. as coisas entravam em combustão por quase nada. não...devia ela desaparecer. o asfalto grudava nos sapatos...os animais tropicais estavam se reproduzindo... leões em ruas, elefantes, símios, serpentes....e quando chovia, a água varria as casas com lama e dejetos....


as pessoas eram magras demais agora, imberbes, todas morenas, todos os cabelos pretos, queimados. não era este mundo que queríamos. outro.

então, brilhou o gênio governamental, sempre ele, o dono. comandante se pronunciou, disse as mudanças que faria, com organogramas, planilhas, projetos, constituições, .


o futuro: o antigo comandante foi preso. acusado de tramar contra a humanidade.


o novo pronunciou:

“eu como comandante
digo,
de hoje em diante
abrigo
será construído
infiro
será mais forte
afirmo
que o mundo será frio
proclamo
que a população seja protegida
insto
uma vez que se quer a carne frígida
soluciono
dizendo que a redoma será erguida. ”.

(o diabo mora nos detalhes)
*


atarda
estou
pois                                                     sempre                                                                 atrasado
perco as horas
mesmo as do atraso
 a mim é sempre                                                                                                          tarde
                nunca
                vi
nenhuma                      manhã
e céus azuis com pássaros cantando e brisas frescas de liberdade galos e relógios despertando cafeteiras quentes e pães torrados sendo comidos

                                                                                                                             acordo depois
dou-me me mim na posteridade
quando há máquinas
quando não vê pessoas, que vê
quando não tem sono, mas periga ele chegar a qualquer
            hora
                                                                                                                             acordo depois

com          o crepúsculo saindo
                 o sol cego crepitando
queimand o as nuvens,
                 o s dias
                 o mundo queimado

metade                                                                                                                         por
vez

acordo sem esperanças de vê-la

manhã — o sol nascendo
                  o novo brilho
                        luz — o que permite que
                                      veja-jamos

sim manhã
a-manhã                                                                                                                       promessa

não se deve tardar
pois não tarda o fogo a apagar

devo algo novo buscar
                        inventividade
tecnocratas, burocratas

devo é dinheiro
pois aguardo, que é o que faz o banqueiro

farei
e
além de

espero a hora correndo
pois a hora não
me espera

ela................................................... corre!

capitalista.


*


devo = sou
deves = és
deve = é
de (us (. . (exato))) vemos / nós
devamos = vós
sugam-nos = eles   


*

















iluminação da insônia

você pensa que pensa

o que pensa?

você pensa no pançudo                                                       você pensa na polícia
                    no passado                                                                pensa na patrícia
                    no pensado                                                                                      na pistola
                    no postulado                                                                      na pistola
                    no principio                                                                       nas prioridades
                    no pranto do                                                                         na posterioridade                      pobre que poda                                                                    na particularidade
                    e que não pode ?                                                                na pansexualidade

você pensa?
          pensa nos podres                                                       na propriedade
                     nos porres                                                         você pensa
                     nos porquês                                       na propriedade            
                     nos por quês
                     nos postes                                  você,
                     nos potes                                               alto,
                     nos panos                                                         pensa na propriedade?
                     nos pólos
                     nos povos                                      você pensa na propriedade
                     nos punks?             privada, propriedade privada.       


                                                você
                                                            po  (´)
                                                                (de)     
                                                                         pender
                                                       (a)    (d)   o   (u)       
                                                                         pensar                         







*
ousejá

o u  s e j a            aja

ou ouse               

jente                     seja

                         ouse 

ou                        aja    

fuja da ordem não sendo nem agindo como querem que aja. não  ignore:  destrua.

(o) (u) (s) (e) (j) (a) (´)

*

entre linh

amarrem meus braços
ferro em minhas pernas
algemas em meus olhos
tesoura em minha mente
quero tossir até me esgotar
arrancar meu conhecimento
torturar meus sentimentos
sentir-me melhor, ter alguma, utilidade, alguma
sair da fábrica: filhos, mulheres, casa
                                                                                                                                                    [a [escola.
e me tornar .


*

||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||                                                                                                                 ||||||||||||||||||||||||||| a vida||||||||| e |||||||||||| seus compartimentos, a cada nova divisória, uma nova||||||| |||lição: o silêncio: o medo: a força||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||pânico de poder ser agredido a|||| ||||||todo e qualquer instante||||||||||||||||||||||||||||||||||||sim, o pânico que acompanha, o terror que|||||||| |||||presente, a violência, a bestialidade: regra, força de lei||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
|||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||| o antro, a etiqueta, o rótulo, o princípio, (há) (a) autoridade; sim, a que, |||||||||||| ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||automática, a que não permite, a que oprime, que comprime, que||||||||||||||||
||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||pressionando, arranca||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
|||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||punindo, cala||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
|||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||impôs|||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||itora||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||tora|||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||=|||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||

|||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||nova (velha) sociedade |||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
|||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
|||||||||||||||||sim, no(v)(ss)a velha sociedade: a que não nos pertence ou ajuda|||||||||||||||||||||||||||||||||||||
|||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||aquilo que lhe força a sê-lo|||||||||||||||||| |||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||| a expressão da violência contra a vida||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
||||||||||||que sela, a que obriga a configuração da existência de uma forma díspare da||||||||||||||| |||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||desejada, a que obriga o fingimento: toda||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
|||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||o mundo que estúpido, empurra a estupidez, o que só pode e só faz calar; a vida que se deixa oprimir, que se agüenta ser estuprada para poder ter a si mesma reproduzida.|||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||a pura e simples crença que ridicularizada |||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||| 
||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||| a televisão: centro da vida social |||||||||||||||||||||||||
|||||||||||||||computador: a sede da imbecilidade programada |||||||cozinha: o símbolo do machis||||
|||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||mo||||||
|||||||||||||||||||||||||||||||||||| a cada passo a confirmação da estupidez ||||||||||||||||||| cada centavo a repro|||
|||||||||||||dução indiscutível do odiado||||||||||||||| cada voto, a manutenção do que somente pode ||
|causar o asco ||||||||||||||||||||||||||||||| sim, o geral, o enfim||||||||||||||||||||||||||||||||||| ao resto, resta|||||||||||||||||
||||||||||||||||||||||||| o código genético: código de barras|||||||||||||||||||||||||||||||||||||| o cúmulo do controle?||
||||||||||||||diga seus cadastros, seus números pessoais, sua marca a fogo; após, ser-lhe-á dito||||||
||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
||||||||||||||||||||||||||ohhhh, claro |||||||||||||||||||||||||livre e por si só?||||||||||||||||||||||||||| sim, há: a coisa||||||||||||||
||||||||||||||||||||||||||||||||||||como a vida, quer apenas se perpetuar|||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||| ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||



*



familha
fome
            os grupos, a matilha

a própria prisão

grades de ar                 .           hisdórica
                        sólida
                        mente

o segundo
                   elo
                         sangue,             de/cor


*


quando ela ri para mim
eu vejo a gema de um ovo

e quando ela ri para mim
quero arrancar-lhe a cera
dos dentes                                                      
porque ela não ri para mim
                                                                        ela está nas praças e nas ruas

e não pode rir


se o ri, o faz de empacada                       não há como rir

mas o sal
é caro.

economia é tudo                             pouca economia
que se quer para ela                                                                        e toda economia



é hoje
hojeriza é hoje


*



cólica

bucólica

o campo não é nosso
mas é nosso

assalto às máquinas

em ataque frontal


máquinas

as engrenagens bem engraxadas


*


começo de ano
               o carnaval
que marauilha!

disse “marauilha”?                perdão

quis mar sem ilha
                                 devemos somar as ilhas

errei,

                        de novo.

façamos, sem mar sem ilha

e viva o brasil
                      da
                            nossa carne


*


à mesa de hoje

alimentar-se
as alimenta
                        ações

nu                    t                         rir

ou ter o que sustente                                    man    ter        cheio                o             vazio    eterno


encher o copo corpóreo


pl-eno



encher a mente pensante


*


e via os dias se desfazendo                                 não deve haver sentido
e as horas solidárias umas com as outras


                                                                                                                                    sim
olhar a cada pisco,  sentia novamente           se entrelaçam
            novo piso                                                                      mudam


com o contar


recomeço, as coisas                                                  início que nunca finda



*


temos que sussurrar
hei! psiu! fala baixo,
todos escutam?
ignoram, mas
ainda escutam.
as coisas com-
olhares,
estranho,
olhar estranho
tudo nos escuta
fala baixo, imploro!
o silêncio nos favorece?
sim! sim? sim! sim!
o barulho da explosão será maior.

*

sempre



ando a pedir,                            sempre

        sempre        ando                 sempre                   sempre

                                          a perguntar          sempre                   sempre                          sempre
                       sempre                     o que lta?                     sempre

que desde antes de mim, sempre, sequer tentar, sempre


sempre sempre sempre sempre sempre sempre sempre sempre sempre sempre sempre

                                                            anunciava
sempre
               sempre            (com letras fortes de sangue dos outros)           sempre


: tudo pode mudar.

                                                                                        sempre

sempre sempre sempre sempre sempre sempre sempre sempre sempre sempre sempre sempre sempre sempre sempre sempre sempre sempre sempre sempre sempre sempre sempre podemos ser diferentes sempre sempre sempre sempre sempre sempre sempre sempre sempre sempre sempre sempre sempre sempre sempre sempre sempre sempre sempre sempre sempre sempre sempre sempre sempre sempre sempre sempre sempre sempre mas não somos : sempres sempre sempre sempre sempre sempre sempre sempre sempre sempre sempre simples sempre sempre sempre sempre sempre sempre sempre sempre sempre sempre sempre sempre sempre sempre sempre sempre sempre sempre sempre sempre sempre sempre sempre sempre sempre sempre sempre sempre sempre sempre sempre sempre sempre sempre sempre sempre sempre sempre sempre sem           pré sem-pré sempre sempre sem pé sempre sempre sempre sempre sempre sempre sempre sempre sempre sempre sempre sempre sempre sempre sempre sempre sempre sempre sempre sempre sempre sempre não nos deixam sempre sempre sempre sempre sempre sempre sempre sempre sempre sempre sempre sempre sempre sempre sempre sempre sempre sempre sempre. nunca.


*


por que o 190
não
atende?

h-ouve ao menos?


você ouve
            meu soluço,                         ouça.

não se prive dos sentidos.                           

                                    privado, não.

                                                            medo, todos temos

o horror é comum, mas existem analistas.


*



o pranto, descanso da morte
a verve de querer corpo-mente

imagine
                                      mos
                                             tre
                                                  m
                                                     encante

a escada que acessa meu quarto
- o pensamento-
o meu, deturpado
                        o melhor, nós
mas impressiona
                            afirmo

juntos, belos, revoltados contra a vida, buscando outra que seja

— é só isso?




*

a grande                                                           utopia

há nos cérebros ranho                                       nossa vida é de baço-estanho

vejo e digo o domo                                       ensaio o sono
engulo, forço o pomo                                       desmaio: não sei como

imagino o quebrar do trono                            acorde quem se pensa dono
que não sobre nem o momo                            pois disto eu não mais corro

eu, mais um, pobre, povo                             que a nossa vida deixe de ser ovo                 
as gentes, corpo de tronco                          livremo-nos de todo estorvo

cacemos e empalhemos o corvo               rebentemos com quem se diz nosso noivo
paremos de dar a ele nosso louvo                quebremos nosso cadeado

que não esteja mais caído                                que corra o mundo meu trovo
que eu não mais seja puído                                    nos amanhãs que venha o novo

o cônjuge reclama: ronco                         sim, de manhã o esporro

aqui morre o plano:

o medo
a globo
o torno
o nomo
o esmurro
o discurso

que saiba o meu gerido                               saiba deste mundo todo o perigo
meu filho querido                                                conheça tanto o rosnar quanto o latido

não pense seu o umbigo                                  entenda porque de haver o enriquecido
é de outro, do favorecido                                não esqueça: o mundo é oprimido

como será o referido                                                nosso discurso é mudo
ideal? bem definido                                                antes, emudecido, à força, calado

o trabalho sem gemido,                                    na natureza o amigo
outro: eu estendido                                             o povo destemido

estado: ao máximo o enxerido                       capitalismo: desconhecido


o sonho                                               

?
*


o fundamental das cidades, a pedra. o manganês  das grandes máquinas. somos simplesmente pessoas exauridas e gastas a tentar se firmar no turbilhão. a velocidade da vida, rápi, entontece. dia a dia mais rá, já.





todas as partículas emitem o som que diz: tristeza. as letras articuladas, a voz da matéria, pura síntese, a própria substância da melancolia.


e a voz diz chore.

incandesça: ria e grite para mim. faça-se saber que existe. e tente correr: tolice.
            — deite-se; sua dor de cabeça deve passar. cubra-se, e não se esqueça, jamais, eu sou seu amigo.

o que ocorre quando o inimigo é sua mente? as paredes cercando, aproximando da retina, de maneira a fazer o corpo acuar-se, e a mente a se revelar contra em batalha antropofágica. o pensamento em luta contra. os olhos que não podem se fechar — o incômodo é tanto. ruído de ossos se quebrando : o cérebro não tem ossos. o mais puro e verdadeiro desespero. angústia. a morte parece boa saída. as paredes se fecham, fecham, fêcham. objeto visão pensamento pessoa, que não se desprende de nós; todo tempo toda hora todo dia toda vida todo instante, todo tudo que gira., demente que muda a todo.

como um livro que não está aberto; letras de idioma.


                                                            a parede

sim                                                                                                       posso    *    não
                                                                                                                        confundir

sei o já: necessidade mais não há que creio                                  mas exis

te, que ver fazendo se desespero próprio é isso      sobre   o






*

Vida: esquemático

que há, do antro
do olho
escorre o cancro
um molho
além, o pranto
derrubo
e, logo, encolho.


*


       você me avisou
não
      só com a boca
não
       só com a letra

com todo seu
                        corpo
                                   me disse:
                                              meu pobre homem
                                                                                  chore e se atormente
                                                                                                                   criança tola
                                                                                                                                            role, grite muito,
                    não se contente
  corra                                    esperma em formação
                                                                                   batalhe, tente
                                                                                                          óvulo idiota
                                                                                                                              não percebe?
                                                                                                                                              Não vê?
              Seus olhos são
                                      ainda
                                                tão mal feitos?
                                                                       Não te canses,
                                                                                              não te alarmes
                                                                                                                      tuas                                                                                           
                                                                                                                              pobres palavras
                ainda
                          serão cantadas.    


*
hoje eu caminhava, pensando que a vida é um sonho; convivia com a irrealidade que ela é.


eu vi um rio hoje; sobre ele, construíam uma ponte ligando lado a lado; esse rio tinha margens calçadas, para que caminhássemos.


eu caminhava de maneira diametralmente oposta a um homem; entre nós, no meio de nosso caminho, eqüidistante, ao longe, vimos um mendigo, em pé, com sacolas; estava ele exatamente ao meio da calçada.


os carros passavam rápidos..........................................................................o rio corria veloz.


o homem; andava com um feroz cachorro, que, após, tentou me morder; ao cruzar com o mendigo, passou por seu lado; arriscou-se a se perder no rio.


eu; por minha vez, passei por seu outro lado; podia certamente cair na rua.


o mendigo; não se mexeu


hoje caminha.


hoje eu li o aleph de borges. achei ele mesmo um aleph. é.


tanto eu como o homem como o mendigo; tentamos nos ambignorar. nós tentamos.


o homem; já deve tê-lo esquecido


o mendigo; acostumou-se a não existir.


quanto a mim; estou certo de que é hoje.

nunca tive tanta certeza.

entre os carros que nos riscavam havia uma ambulância; gritei por ela; pude ouvir a emergência que proferi, mas as sirenes, os carros e os ouvidos abafaram-me.

nunca tive tanta certeza.

um aleph. um passo. 



A vida das pessoas

muito longe
                                                                        kilômetros tantos
                                    moram uns      
                                                            suj                   
                                                                        eitos

            que se dizem sabedores do que quero

            que conhecem a deles-minha vontade

           
            falam alto que farão o
                                                                        melhor
                                                                                                para mim
                                                                                                para todos
                                                                                                para eles

            pronunciam que vão administrar bem,
                                                                                                tudo

que são meus representantes
                                                            minha voz
                                                                          voz de todos,
                                                                                                            unidade do povo

            a cada quatro anos
                                                            eles aparecem

me pedem confiança
                                                a crença
                                                                        e o voto

            pedem que eu
                                                me curve
                                                                        ao que quer que seja
                                                que decidirem

pedem que eu pague
                                                para que man dem em mim

            com o dinheiro que cobram

eles mantém escolas – que capengas funcionam mal
                      universidades – onde não fui e onde meus filhos dificilmente estarão
                        prisões, para me prender, meus filhos e amigos
                        asilos – para me enfiar quando não lhes for eu mais útil
                        hospitais – para que eu sempre e sempre possa trabalhar


pagam policiais
            que me batem
            quando eu digo não e me revolto

pagam a si mesmos
                                                para mandar em mim           

pedem,
                        fazem,
                                                forçam

há bastante tempo: isso desde que me lembro

            se me recuso,
                                                me surram
                                                                        com cacetetes
                                                                                    armas
                                                                                    homens

            que eu ajudo a pagar

                                                            se eu não concordo com o que fazem

            não tenho como agir
                                            reclamar
                                            falar

                                                                                    mudar

            poruqe eles estão a kilômetros

                                                : cercados
                                        armados
                                                  fortificados
                                                                                    prontos

            não os conheço,         
                                                não sei nada o que pensam

            vi eles – por alguns segundos -
            quatro ou cinco vezes
                                                            .Pela televisão.

            Eu não acho isso bom
                                    ou justo
                                    ou conforme

não é nem belo,
                                                nem a mim interessante
                                                                                                            ou divertido

acho que neles mentem
                                                a todos
acho que estão mancomunados com os patrões

eles são os policiais:
                                                chafurdam com estes
                                                                                                no chiqueiro mantido pelos ricos

acredito que me dominam
                                                            submetem
            os ladrões, eles me roubam

Erguer o punho,
                                    dizer não: me rebelar

porque não sou burro ou submisso

                                    e isto que pensam de mim,
            enganam-se


trabalho todos os dias. trabalho desde que posso.

o patrão é rico porque eu assim o fiz

            ele me rouba. ele arranca de mim minhas forças.

            a casa que moro,


                        eu pago para morar      
                        para uma pessoas que possui oitecentas casas

meus amigos do memso jeito sofrem

            Todos nos calamos. sempre.

            não mais.

                                    pois,
                                                sei o que quero
                                                                                    e o que me basta

            sei que os empregados
                                                            podem
                                                                           gerir

            sem patrões,            a fábrica.

            sei que a população
                                                    pode
                                                                        manter
            sem governantes,  a cidade.

            sei que as pessoas
                                                  podem
                                                                  saber
            sem televisão, das coisas.

           
            sei que o povo pode.

                                                            os pobres,
                                                                                    os empregados.

            somente com suas mãos,
                                                                        com elas fazer

            uni-las,
                                    unir-se

            outros e outras

                                                lutar contra

            só o resistir e o aflorar é que mudam a vida,

                                                                                                de fato e para sempre.

                        fal o iniciar,

                                                            o agir.

            dizer conosco,

                                                chamar
                                                                        correr até a vitória

esganar os ricos, com o podre dinheiro deles.

            está éa vitória.

                        é a liberdade;

            é a autonomia.

            é a igualdade.       

                                                É: elas ou morte.

01/08, RP















































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