terça-feira, 18 de junho de 2019

Biografia político-intelectual (parte I)

Corria o ano de 2001 e eu tinha 13 para quatorze anos. Eu estava na 8ª série de uma escola no interior de São Paulo. Nesta época, eu já havia travado contato com o rpg de mesa, além de meu surrado super Nintendo, mais apelativo, mas, nem por isso, mais visitado. Afinal, o mundo do rpg de mesa abria mais possibilidades, e as leituras da Dragão Brasil, Holy Avenger e Só Aventuras, somadas aos bailes do dado na mesa; tudo isso descortinavam um mundo inteiramente novo, onde a imaginação era realidade. Eu me interessava por história, sobretudo. As aulas do professor Vandão, preso da ditadura, no ano precedente, e as leituras de livros como os de Isaac Asimov, da coleção vaga-lume e de Huxley, despertavam uma curiosidade em mim que só se sanaria muitas leituras depois. Lembro-me que a professora de português falou em sala da revolução russa, mas eu não sabia do que se tratava. Foi necessário um evento com o vereador Leopoldo Paulino, do PSB, para m,e abrir os olhos. Leopoldo estava lançando um livro sobre sua experiência como militante durante a ditadura, juntamente com um documentário com o mesmo nome, " Tempo de resistência". No processo de divulgação, ia às escolas fazer o marketing de seu trabalho. Assim, em uma manhã do segundo semestre de 2001 foi à nossa escola divulgá-lo. Após uma fala, abriu para perguntas. Eu, bom acompanhante das notícias, perguntei o que fizera FHC durante a ditadura. Leopoldo me disse que essa era uma boa questão, explicou o papel de FHC e, na sequência, afirmou que quem fizesse questões ganharia um exemplar do livro. Meu amigo Danilo, alcunhado Zé Osso, visto sua magreza e as maldades infantis, também perguntou visando unicamente adquirir o livro. Zé Osso ocupa um papel importante na minha formação porque ele me convenceu, nesta mesma época, a acompanhar o noticiário, seguindo as tradições de seu pai. Voltei para casa lendo o livro ao mesmo tempo em que caminhava. No mesmo ano, apresentei uma chapa ao grêmio estudantil da escola, e fui derrotado. Pudera: O grêmio era apanágio dos estudantes do segundo colegial. Nossa principal proposta era dotar os banheiros de espelhos, muito pouco político, mas que já mostrava certa veia para a profissão.

Lembro do episódio dos ataques às Torres Gêmeas; estava na aula de geografia, com um professor que afirmava saber tudo; chegando em casa, plantão da globo; foi quando nos demos conta de tudo que ocorria no mundo.

Nesta época, conforme dito, eu lia muitos livros de RPG, muitas revistas do mesmo tema, além de livros infanto-juvenis e gibis. Devorava os livros de história. Nestes, especialmente na admiração a figuras como Vargas e a campanha "o petróleo é nosso", foi se formando, ainda imberbe, minha cultura política. Mas somente os anos vindouros a aperfeiçoariam.

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