domingo, 16 de junho de 2019

Fichamento: A revolução traída, de León Trótsky

A revolução traída
León Trótsky
SP: Global, 1980
*
Objetivo deste trabalho (04 de agosto de 1936)
Inicialmente fingindo que desconhecia os progressos econômicos da URSS, o mundo burguês cada vez mais pára de atacar os métodos socialistas; eles são viáveis e essa literatura mostra como melhora a reputação do novo estado. Não há, dentre estes textos, nenhuma análise cientifica, pois dividem-se em jornalismo amador, gênero descritivo e reportagem de esquerda; o comunismo humanitário; e as esquematizações econômicas do socialismo universitário. O que lhes une é a veneração pelos fatos realizados, a tendência a generalizações e a fraqueza dos autores para se insurgir contra seus próprios capitalistas. O objetivo de nosso trabalho é fazer uma exposição critica dos fatos ocorridos na URSS pensando em prever o daí de amanhã.
As “contradições da sociedade soviética diferem profundamente, pela sua natureza, das do capitalismo, mas, nem por isso, deixam de seu muito agudas. Exprimem-se pela desigualdade material e cultural, pela formação de grupos políticos, pela luta entre facções do partido. O regime policial ensurdece e deforma a luta política, sem a eliminar” (p. 7). O governo proibiu idéias. Assim, a análise da URSS não pode se desligar das lutas políticas asfixiadas que se desenvolvem no país. A “esquerda” gosta de guardar silêncio sobre o que ocorre na URSS para não prejudicar o socialismo; pensamos que é bem ao contrário que deve se dar.
I. O legado
Os principais índices do desenvolvimento industrial
O não desenvolvimento da burguesia russa conduziu ao fato de que somente a ditadura do proletariado pode levar adiante objetivos democráticos. A história mostra que os países atrasados não podem atingir o nível das velhas potências da capital, é a lei do desenvolvimento combinado. Somente a socialização dos meios de produção pode retirar o país da barbárie. Agora cumpre resolver os problemas da produção técnica que o capitalismo desenvolveu. “concentrando simultaneamente a propriedade dos meios de produção nas mãos do estado, a revolução permitiu aplicar novos métodos econômicos de eficácia infinitamente grandes” (p. 8). O isolamento a nível internacional fez ressaltar as os recursos internos. Partiremos de alguns números para aplicar a interpretação histórica e sociológica.
Comparada com a estagnação do mundo capitalista, a URSS somente progride. A produção industrial da URSS aumentou 250%, e o país capitalista que mais chegou perto, o Japão, teve um aumento de somente 40%. No primeiro ano do plano qüinqüenal, os investimentos foram de 5,4%; em 1936, devem ser 32 bilhões. A posição da economia soviética somente progride em relação as demais [Trotsky cita números]. “os imensos resultados obtidos pela indústria, o inicio cheio de promessas de um surto da agricultura, o extraordinário crescimento das velhas cidades industriais, a criação de novas, o rápido aumento do número de operários, a elevação do nível cultural e das necessidades são os resultados incontestáveis da revolução de outubro” (p. 10), que não tem par na história. Isto também encerra os debates com o reformismo e  traição da socialdemocracia alemã custarão novas guerras.
Apreciação comparativa dos resultados
Contudo, quando posta desde o ponto de vista da força total entre URSS e capitalistas, não há comparação, pois o nível da URSS é muito baixo, conquanto a dos capitalistas é alto; sobretudo o rendimento do trabalho humano o determina. Enquanto a URSS continuar isolada e o proletariado europeu recuado, a força do regime será medida pelo rendimento do trabalho, expresso nos preços de custo e de venda. Na agricultura, quase não houveram avanços e em todos os ramos a produção permanece muito baixa. A revolução precisa de tempo, e o objetivo é aproximar-se do ocidente capitalista.
A luta pelo aumento do rendimento do trabalho se dá pela técnica e pela melhor utilização da mão-de-obra. O crescimento do exército e da indústria tão rapidamente terem crescido se leva a vantagens, ao mesmo tempo leva a uma desarmonização econômica, e a produção de baixa qualidade tem preços muito baixos. A técnica moderna quando aplicada na URSS não tem os mesmos efeitos do que quando aplicada nos países capitalistas. A indústria pesada progride, mas é nos pormenores  que uma economia contemporânea mostra todo seu valor; as forças armadas são em termos quantitativos e qualitativos os melhores e os mais influentes clientes.
A grande produção de tratores é acompanhada de um baixo índice de sua utilização, sobretudo, graças a sua baixa qualidade. Do mesmo modo, a situação rodoviária e ferroviária não é das melhores; neste caso, sobretudo, pela “medíocre qualidade do trabalho, herdada do passado” (p. 13). Na indústria leve a situação é bem pior, parecendo-nos que quanto mais perto do consumidor, piores são os produtos - lei geral da indústria soviética.
O que marca a economia soviética é a desproporção do crescimento entre um setor e do incremento em outro. Mas desproporções são comuns em todas as economias. Além disso, orientou-se a economia para o desenvolvimento acelerado em certos ramos, e a baixa inicial há de se reverter em melhora a médio prazo para o consumidor e a economia in toto. Em fato, contudo, como a burocracia inclui no mesmo cálculo a produção e a reparação, como elementos do índice de produção industrial, não sabemos  em fato o quanto foi produzido; é “necessário procurar uma causa complementar na manipulação tendenciosa das estatística. Sabe-se que toda a burocracia experimenta a necessidade orgânica de dissimular a realidade”. (p. 15).
Por habitante
O rendimento individual médio no trabalho é em média três vezes mais baixo que nos EUA. O trabalho está mal organizado; a burocracia não sabe utilizar bem a mão-de-obra. “ao fraco rendimento do trabalho corresponde uma fraca renda nacional e, portanto, um baixo nível de vida das massas populares” (p. 16).
O nível geral do desenvolvimento do país e da vida das massas não pode ser determinado senão dividindo o total da produção pelo número de consumidores. Neste ponto, o número de estradas de ferro, de rodovias e da produção em geral é muito baixo em relação aos demais países capitalistas. A lã é produzida a uma cota de 50 centímetros por habitante, e o “pano só é acessível aos cidadãos soviéticos privilegiados” (p. 17). O mesmo ocorre com relação aos produtos alimentícios, ao lápis, ao papel, ao leite. Enfim, de maneira geral podemos dizer  que a renda nacional per capita é muito menor lá do que em qualquer outro país capitalista [avançado].
Se não existem na Rússia classes possuidoras com alto consumo, em contraposição a massas famélicas. Isto é menor do que pode parecer. Porque as massas nos países capitalistas consomem mais produtos de primeira necessidade que a burguesia; o essencial do capitalismo é o fato da burguesia manter para si a propriedade privada dos meios de produção. A URSS produz menos produtos econômicos de primeira necessidade que os países capitalistas, o que leva a uma miséria relativa maior das massas.
Assim, como a tarefa histórica do regime dos sovietes era tirar a Rússia de uma barbárie histórica, não podemos senão concluir que encontra-se ela em um estado preparatório, que há de durar muitos anos ainda.
II. O desenvolvimento econômico e s ziguezagues da direção
O 'comunismo de guerra”, a NEP, e a política respeitante dos kulaks
A economia soviética não apresenta, nos dezoito anos de regime uma curva ascendente. No período do “comunismo de guerra” (1918-21) caracterizou-se pela submissão de toda economia para sustentar os esforços da guerra e tentar salvar da fome a população das cidades. O governo, contudo, quis caminhar aos poucos do comunismo de guerra para o verdadeiro comunismo. Mas não havia possibilidades, pois havia muitas dificuldades e, por outro, faltava aos produtores o estímulo do interesse individual. A cidade tirava dos camponeses sem dar nada em troca; e o camponês preferia enterrar os grãos, o que nos obrigou a enviar destacamentos de operários armados.
O maior erro teórico do partido foi ter acreditado que se produziria em breve uma revolução no Ocidente. Assim, pensávamos que a vitória do proletariado alemão forneceria produtos industrializados, operários e técnicos qualificados á Rússia enquanto nos lhe forneceríamos matérias-primas. “Somente a social-democracia impediu o triunfo da revolução alemã “ (p. ). E mesmo que a revolução alemã tivesse triunfado, sem dúvida teremos de renunciar ao comunismo em benefiicos de métodos comerciais.
Lênin queria utilizar o comércio para soldar [“teoria da soldadura”] as relações comerciais entre cidade e campo, com a indústria fornecendo as mercadorias necessárias e o estado deixando de requisitar os produtos da agricultura. A NEP tinha como tarefa, mesmo com a indústria já socializada, tinha necessidade dos métodos de cálculo monetário elaborados pelo capitalismo; a oferta e procura serão por muito tempo a base material indispensável.  
Desde 23 a indústria entrou em uma intensa atividade, impulsionada pelos campos, e em 26 já havia atingindo o nível antes da guerra. Desde 23 as divergências sobre as relações entre campo e indústria se agravam no partido; a indústria somente podia desenvolver-se em um país esgotado através do campo, o que instrumentalizávamos por meio das requisições forçadas aos camponeses; estes respondiam com greve das sementeiras, trabalhando somente para satisfazer-se. Na primavera de 23 o futuro representantes da oposição de esquerda propôs a teoria do fenômeno da tesoura, ou seja o afastamento dos preços da agricultura e da indústria.
Os camponeses distinguiam bem entre a revolução agrária agrária democrática e a política socialista que queriam dar a agricultura. Como a indústria era muito mais cara que a agricultura, esta tinha que arcar com o prejuízo das cidades. A revolução de outubro havia fragmentado o campo (de 16 a 25 milhões de propriedades), o que levava os camponeses a querer satisfazer apenas suas necessidades, e esta era uma das causas da penúria da agricultura.2 
Crescia a diferença no meio campesino, com o enriquecimento do kulak - sobre o qual o imposto pesava menos, e tinham crédito estatal -, que enriquecia, como predicava Bukhárin, à custa da especulação dos produtos, vendidos a pequena burguesia nas cidades. O governo se viu cativo de sua própria política: em 25 legalizou o trabalho assalariado e o arrendamento de terras; os comerciantes reapareceram e o estado passou a ter de comprar dele. Neste mesmo ano, Stálin passa a preparar a desnacionalização do solo; desde a primavera de 2006 60% do trigo estava nas mãos de 6% dos cultivadores.
Esta política deu pró kulag deu força, desde 1924-6, deu força á pequena burguesia, levando-a a apoderar-se de inúmeros sovietes, acarretando a supressão completa da democracia no partido e na sociedade soviética. Kamenev e Zinoviev, presidentes do sovietes de Moscou e Petrogrado, vendo a situação, aderiram a oposição de 23. A burocracia, apoiadora de Stalin, nunca repudiou a coletivização agrícola, mas a adiou por dezenas de anos.
Assim, a oposição, desde 23, passou a disputar a linha geral. Defendeu a continuidade do solo nacionalizado, obtendo vitória em 26. Em 27, a oposição passou a defender que as explorações individuais da terra iriam terminar por se opor àquelas coletivas, e que o estado deveria passar a subsidiar esta última no sentido de torná-la grande. O “grupo dirigente”3 opunha-se não só a estas medidas, como também a superindustrialização; quando propôs a oposição o plano qüinqüenal, a burocracia riu e acusava a oposição de esquerda de romântica4.
A direita defendia a capitalização dos campos, o que impôs que importássemos manufaturados em troca de matérias-primas feitas pelos fazendeiros á exportação; ou seja, fazíamos a soldadura entre o kulak e o capitalista mundial. A aceleração da industrialização, defendia a oposição de esquerda em 27, permitirá baixar os preços com o aumento da produção. Stalin era contra.
No ano de 27-8 termina o período de reconstrução (aparelhagem antiga, na indústria e na agricultura) e o progresso econômico fazia que se necessitasse da planificação para progredir.  Desde 23 a oposição de esquerda analisava as hipóteses da planificação industrializadora, do que éramos desdenhados pelo grupo dirigente. O primeiro esboço oficial foi feito em 1927, concebendo mesquinhamente, um crescimento da produção industrial entre 4% e 9%. Assim, para o primeiro plano qüinqüenal o orçamento do estado não deve ser maior que 16% da renda nacional; enquanto o rendimento da Rússia Czarista previa 18%!!!!!! A oposição de esquerda defendeu em 27 que tal plano era trabalhar contra o socialismo; um ano depois, o comitê político passou a defender 9% e outro ano depois, aproximavam-se os planos do governo daquele proposto pela oposição de esquerda em 25.
Guinada brusca: “o plano qüinqüenal em quatro anos” e a “coletivização completa”
 A teoria do socialismo em um só país formulada em 24 por Stálin, após a derrota do proletariado alemão, indecisão acerca da pequena propriedade camponesa, o anti-planismo, a ausência de pressa quanto à industrialização, não contar com a revolução internacional e preservar a burocracia de críticas. Acusavam a oposição de inventar que haviam diferenças no campo.
Em 28 havia um risco eminente de fome, decorrente da ação do kulak. A oposição de esquerda foi presa acusada de estar envolvida. O governo apresentava as coisas como uma questão de desacordos políticos - em fato, era porque o kulak não lucrava o tanto quanto queria vendendo o trigo. Não adiantaria somente reprimi-lo, era necessária uma mudança de política. Em 28, ainda defendia o governo que era necessário desenvolver as pequenas propriedades; no ano seguinte, começava a coletivização. A esta mudança seguiu-se uma luta no interior do governo: Rykov (chefe de governo), Bukhárin (IC) e Tomsky (C.Central de Sindicatos) se viram em oposição ao grupo de Stalin, que utilizava contra eles partes da plataforma de esquerda, outubro de 1928.
Assim, a industrialização tornou-se pauta do dia. O plano qüinqüenal foi refeito tendo como base a plataforma da Oposição de esquerda. A pressa era tamanho que a ordem era completar o plano qüinqüenal em 4 anos. Tendo como objetivo crescer de 20% a 30% por ano, abalou-se o sistema financeiro, que havia sido reestruturado pela NEP. Em fevereiro de 28 o povo subitamente descobriu que o kulak, que o governo negava a existência, era real. Para alimentar a cidade era necessário expropriar os cereais dos kulaks e também dos camponeses pobres e médios. Mas “a requisição forçada do trigo tirava aos cultivadores desembaraçados toda a vontade de aumentar as sementeiras. O trabalhador agrícola e o cultivador pobre ficaram sem trabalho” (p. 29)5.
  Stálin e Molotov defendiam a necessidade de aumentar as explorações coletivas dos camponeses (kolkhoses) e do estado (sovkhoses), o que era, contudo, inviável tendo em vista a necessidade de se continuar com as expedições ao campo para requisitar os cereais dos camponeses. Assim, como que sem querer, elaborou-se um programa de liquidação dos kulaks.  O plano agrícola previa a coletivização, em cinco anos, de 20% dos camponeses; após dois anos e meio, o programa foi ultrapassado. Em novembro de 29 Stalin ordena a Yakolev, comissário da agricultura, a liquidar os kulaks enquanto classe e coletivizar o campo no menor período possível: em 29, eram 1,7% os lares agrícolas agrupados em kolkhoses, em 32 serão 61,5%. Ninguém repetirá a posição liberal de que a coletivização foi feita por meio da violência: a coletivização da terra, após seu extremo parcelamento, era questão de vida ou morte para os camponeses, a agricultura e toda a sociedade. O que determinava a questão a capacidade da indústria fornecer recursos para a exploração agrícola; como esta não existia, a coletivização era feita com aparelhos próprios à pequenas propriedades, sendo, pois, aventureira no momento. A coletivização foi a expropriação dos camponeses dos quais era tomado tudo; para evitá-la, vendiam o gado a baixo preço ou matavam-no para tirar-lhe o couro e a carne.
 Em 30, Andreiev, do CC, defendia que a coletivização era inelutável e, ao mesmo tempo, que o processo de sua implantação, ao fazer com que os camponeses vendessem em massa suas posses, levou a economia a uma miséria nunca antes vista. A burocracia tentou substituir vinte e cinco milhões de lares camponeses por duzentos mil kolkhoses, sem que houvesse recursos técnicos para tal. Como resultado, a produção agrícola caiu de maneira brutal; a criação de animais também; e as perdas humanas chegam a casa de milhões, pela fome, frio e repressão6. O problema não é a coletivização em si, mas os métodos pelos quais a burocracia o levou adiante, sem nada perder. Necessitando escapar da política de 23-28, a burocracia teve de se precipitar; deveria ter coletivizado aos poucos, conforme a capacidade da nação, conforme defendia a Oposição de Esquerda no Estrangeiro. As medidas que tiveram de ser tomadas levaram o país à beira do abismo, levantando novamente o clima de guerra civil: racionamentos, passaportes internos, o sistema de senhas, a mobilização militar do partido contra a sabotagem dos kulaks, etc.  
O plano qüinqüenal viu-se executado em 4 anos e três meses, muito falsificado pela burocracia, de um lado, e o país com uma queda geral no nível de vida e de renda do trabalhador. E o regime mantém na URSS, por muito tempo paralisado tendo em conta os problemas internos. Afundados na crise e desconhecendo a situação interna do país, os países capitalistas não sabiam que uma intervenção teria sido fatal para a burocracia e o país dos sovietes.
Nossa análise mostra o bamboleio do estado operário. É necessário fazer este estudo de história econômica, além disso, para mostrar como são as condições criadas pela revolução (a propriedade socializada) e não a qualidade dos dirigentes que levam a êxitos. Óbvio que o regime encontra os métodos de direção no estado econômico e cultural de formação de seus dirigentes (pequeno-burgueses provincianos); a política dos dirigentes soviéticos é de maior importância porque assim como o capitalista põe-se a frente de uma empresa isolada, o governo soviético o faz frente a toda economia; a política do governo deve ser feita a e julgada a partir da previsão própria à planificação econômica.  
Devemos, pois, analisar e ver os erros de direção e o quanto as vacilações desta impuseram, em custos, à economia soviética.  

III. O socialismo e o estado

o regime transitório

Será verdade que o socialismo já está realizado na sociedade soviética, como diz o governo? Caso não,s erá que os progresso feitos poderão, ao menso,d ar abse aos ocalismo. É o que investigaremos. O marxismo parte de que o comunismo deve ser construído tendo or base o progresso técnico, ao qual não vemos nenhum limite, pois não existem razões científicas para tal. O comunismo é o regime no qual o trabalho deixou de ser um fardo graças ao desenvolvimento técnico, de modo a haver um regime de abundância. SE o capitalismo prepra as condições da revolução social [técnica, ciêcnia e o proletariado], o comunismo não pode suceder-lhe de imediato, graças a herança material e cultural; o estado operário deve ainda preparar o crescimento das forças produtivas, adotando, para tal, o regime do salariato; Marx chamava isto de eságio inferior do comunismo.

A URSS afirma atualmente que já realizou-se o estágio inferior do comunismo, i. é, o socialismo, apoando-se, para tal, na estatização da indústria e da agricultura. Mas, para Marx, o comunismo, mesmo em seu estágio inicial, seria superior as economias capitalistas avançadas; esperava que a França iniciasse, a Alemanha prosseguisse e a Inglaterra terminasse a revolução; deu-se o contrário, com a Rússia, o elo mais fraco, a precipitando, de modo que não se pode aplicar nela a concepção universal de Marx.   Atualmente, a URSS nada mais faz senão alcançar o nível dos países capitalistas avançados;  o seu regime deve ser chamado, mais exatamente, de um regime preparatório ou transitório para o socialismo. A estabilidade de um regime mede-se em último caso pelo rendimento do trabalho, de modo que um alto rendiment do trabalho na Rúsia implicará um desenvolvimento automático do socialismo. Não é casos soviético.

A maior parte dos aologistas da URSS, mesmo reconhecendo que eal ainda nãoé socialista, afirmam que é somente uma questão de temo até que o seja dado o desenvolvimento ulterior das forças produtivas. Mas em política o tempo é fundamental; não absta a acumulação anificada e o aperfeçoamento do posto, visto que o desenvovlimento comporta transformações. Por não ser socialista, a URSS ainda tem contradições, de modo que oa antagonismo ociais levam a economia ua própria lógica. Além do caso dos kulaks, que aca de ocorrer, a burocracai, em concentrando todo o poder e riqueza, pemritirá o advento do socialismo, isto é, sua própria derrocada? Somente a luta, na esfera nacional e internacional, é que decidirá isto.

Programa e realidade

Lênin defendeu que o proletariado somente tem necessidade d eum estado que desde seu principio vá desaparecendo; se Lênin escreveu isto pensando nos reformistas [osmencheviques, os fabianos], omemso pode-se aplicar aos idólatra do estados soviético. A burocracia é necessária todas as vezes em que as contradições sociais são muito agudos, demodouqe seu pael é atenuá-los em beneficio dos privilegiados. Desde 18, quando o estado tornou-se um problema prático para o partido, luta-se contra aburocracia. Em o estaod e a revolução Lênin explica como impeir que o novo aarato de estado, formao por operários, deve ser impedido de ser burocratizado: elegibilidade e revigabilidade em todos os cargos, remuneração equivalente ao do operário, fazer com que todos tenham de exercer o papel de vigilantes e controladores. Estas eram, para lnin, medidas imediatas.
No programa do partido bolchevique, d eum ano e meio após outubro, enontram-se emdidas msimilares. A burocracai resulkta da divisão da sociedade em classes e não das necessidades de defesa; se a luta armada pressupõe um corpo técnico, este nnuca deve ser uma casta privilegiada: os bolchevqiues exigiam o fim do exército em beneficio da nção armada. A ditadura do proletariado não era um estado convencional, pois os sovietes controlam as armas, de modo que este estado tendida a desaparecer desde seu primeiro dia. Eis o que consta no programa.
Isto não ocorreu e o estado soviético longe de desaparecer se converteu em um estado burocrático sem ar na história, dominando as massas. O porque de um contraste tão agudo entre o esquema de Lênin, Marx  e Engels e a  realidade não ocupa a mente dos ideólogos do regime.

 O duplo caráter do estado soviético
 sendo uma ponte entre o capitalismo e o socialismo [sistema equilibrado de produção e consumo], a ditadura do proletariado é temporária essencialmente, de modo que se pode medir o quanto preparou suas tarefas [o socialismo] pelo grau em que se encontra sua extinção, de modo que a burocracia está na mão inversa. Engels definiu que o estado somente desaparecerá quando houvesse desaparecido a dominação de classes e a luta individual pela existência [Anti-Duhring]; como a socialiação dos meios de produção não suprime a luta pela existência individual, este é o eixo da questão. Mesmo nos EUA o estados ocialista teria de excitar os trabalhadores ao trabalho por meio da remuneração e de outros métodos capitalistas, atenuando-os. Como o direito nunca pode ir além do regime econômico que o condiciona [Marx], conclui-se que ele há de subsistir por certo tempo na sociedade comunista, de modo que há de existir um estado burguês sem burguesia [Lênin]. Temos já pistas para compreender a natureza do estado soviético: como ele tem de defender os privlégios de uma minoria pela força, é um estado burguês sem burguesia, em certa medida.
O estado tem um duplo caráter pois quer utilizar o direito burguês de distribuição de bens dentro de um regime de socialização dos meios de produção. A vitória das forças socialista deve significar o fim da polícia, i. é, uma sociedade auto-administrada; mas se o os operários em armas conseguem defender a socialização dos meios de produção, o mesmo não ocorre em relação ao direito burguês, pois os oprimidos não querem privilégios, de modo que o estado é coagido a criar a polícia para fazê-lo. Se há burocracia isto decore da necessidade de haver uma minoria enquanto não há igualdade real; ele será tão mais forte quanto mais pobre for a sociedade em questão.

Polícia e “necessidade socializada”
aMarx escreveu em 1846 que é necessário o desenvolvimento para o comunismo, pois, senão, haverá a luta pelo necessário, de modo que a velha ordem ressurgiria. Nem Marx, que não acreditava na revolução em um país atrasado, nem Lênin, que não acreditava no isolamento da URSS, desenvolveram esta teoria. A Rússia conheceu momentos terríveis, com suas condições miseráveis agravadas pela guerra imperialista e depois pela guerra civil. Hoje na URSS se aplicam medidas socialistas para tarefas pré-socialistas. Se ela é hoje muito mais avançada que qualquer país da época de Marx, lembre-se que o desenvolvimento é relativo e que as necessidades do homem são hoje muito maiores que outrora. Os próximos planos quinqüenais soviéticos tem como tarefa igualar a América e a Europa; de modo que enquanto subsistirem privilégios, subsiste o estado, que és eu guardião.
O programa do partido explica o ressurgimento da burocracia pela inexperiência administrativa das massas e por conta da guerra; define como saída medidas políticas [elegibilidade e revogabilidade, ausência de privilégios, controle das massas], buscando tornar o funcionalismo mero agente técnico.  Isto porque a revolução russa foi feita com claras intenções internacionais, e não se podia prever então que ficaria por muitos anos isolado. Mas, na europa, a social-democracia salvou a burguesia  surgiu o fascismo. Logo outras dificuldades apareceram: como não era possível conquistar uma situação de bem-estar, tampouco foi possível, e, assim, o estado não pode começar a desaparecer; formou-se uma casta de técnicos especialistas na repartição de produtos em seu próprio beneficio. Mas, se hoje avança o desenvovlimento econômico, porque a burocracia não diminui seu tamanho? Vejamos, primeiramente o que os chefes do regime dizem dele.

Vitória completa do socialismo e  fortalecimento da ditadura
Várias vezes anunciou-se a vitória do socialismo na URSS, especialmente após a derrota dos kulaks enquanto classe. Se tal fosse verdade, o estado teria de desaparecer [os teóricos moscovitas que deduziram isto logo foram tachados de contrarrevolucionários]. Há dos erros teóricos da burocracia. O primeiro é o de querer medir a vitória do socialismo pelas relações jurídicas “abstraindo o critério principal, medido pelo rendimento do trabalho” [p. 46]. A técnica americana hoje utilizada na produção encontram-se já no primeiro estágio do socialismo. .
“O socialismo é o regime da produção planificada para a melhor satisfação das necessidades do homem” [p. 46], de modo que como pode haver socialismo na URSS se ainda há escassez? Em 1935 a IC proclamava que o êxito definitivo e irrevogável dos socialismo leva ao fortalecimento da ditadura, o que é contraditório,pois o que tem de ocorrer é precisamente o contrário disto: a necessidade de aumento do estado mostra a agudização das contradições, pois sua base é a penúria. O próprio Stálin admitiu [novembro de 1935] em discurso aos stalhanovistas que o socialismo vencerão capitalismo porque pode proporcionar maior rendimento do trabalho. Do mesmo modo os sovietes, uma organização ede estado, deve desaparecer conforme a sociedade torne-se socialista.

IV. A luta pelo rendimento do trabalho

O plano e o dinheiro

O problema do dinheiro reside no mesmo substrato que o do estado: o rendimento do trabalho; ambos frutos de uma sociedade dividida em classes, de modoque a sociedade socialista deve começar a tarefa do desaparecimento de ambos, para que inexistam sob o regime comunista. Nem o dinheiro nem o estado podem ser abolidos como quer o mecanicismo anarquista: eles tem de cumprir sua missão histórica. O dnheiro somente pode desaparecer quando o crescimento da riqueza social liberar os homens da avareza; mas is to é a lonfo prazo.

A nacionalização dos meios de produção e crédito, monopólio estatal sobre o comércio interno e externo, coletivização da agricultura e legislação sobre as heranças  limitam a acumulação de dinheiro e impedem que se transforme em capital privado, mesmo porque há a existência do banco estatal único. Muitas funções do dinheiro são conservadas [valor, pagamento, circulação]. A planificação deve ser controlada pelas massas, de forma que  plano não seja imutável; e deve haver uma alavanca financeira fruto de unificações dos cálculos, que dependem de um sistema monetário estável. O socialismo exige o aumento infinito da circulação de mercadorias, pis há um aaumento geral das forças produtivas; a planificação deve levar em conta também o interesse pessoal imediato. Tudo isto depende de dinheiro.
A única moeda verdadeira, no capitalismo ou no socialismo, é o ouro, e nenhuma manobra de controle ou emissão monetária pode mudar isto. Sem a base-ouro, o sistema monetário torna-se fechado, e o objetivo é, ao contrário, abrir e criar sob bases racionais, de mdo a aproveitar ao máximo as potencialidades econômicas.

A inflação “socialista”

a restauração do rublo [1922-4] corresponde à 9nstauração da NEP e do direito burguês refrentemente á distribuição de mercadorias. Se a moeda em circulação correspondia, em 28, á mesma quantidade da época do czarismo, nãohavia o lstro em metal correspondente. Em 11 anos [1924-35] o rublo perde mais de três quartos de seu valor. Ainda assim Stálin afirmava, em 33, que não existe inflação na economia soviética, pois o rublo n]ao seria mais medida de valor, apenas senha de troca, dado que os preços eram fixados pelo governo.
O governo afirmava que não havia porque temer a inflação; mas o que ocorria era que a inflaçao da moeda faz com que s valores fixados [ficticios] substituam os valores reais, de modo a corroer a economia; com isto, os impostos aumentavam sobre o proletariado.  Ao dirigir o rublo a burocracai perdia um mdidor de seus próprios sucessos econômicos, ao mesmo tempo em que erdia um estimulo individual, que acarreta, assim, na baixa da produtividade do trabalho.
Diante da ineficácia nos investimentos na indústria, Stálin formulou, em 1931, seis condições, nos marcos dod ireito burguês, visando reverter o quadro, o que, em um país marcado pela inflação, não podia dar resultados.  Aboliu-se o anonimato e o igualitarismo no trabalho [salário médio pago a um trabalho médio] restituindo as condições da NEP mas sem permitir, de um lado, a valorização monetária das mercadorias, de modo que o estimulante individual [salário conforme rendimento] não tinha eficácia diante da inflação. Desde 1927 a Oposição exigia a estabilidade da moeda, mesmo á custa da redução dos investimentos, afim de combater a inflação.
 Na agricultura, a NEP, ao privilegiar o kulak, preva que, ao longo dos anos, a socialização agrícola se faria por meio das cooperativas, aos poucos [primeiro na armazenagem, depois venda, crédito, etc]: era  o palno de cooperação de Lênin. A coletivização, contudo, se fez tendo por base a força, como se se quisesse iimplantar imeditamente o comunismo. Como resultado, o kolkhoze resultou indiferente á sociliação e ao rendimento do trabalho; o governo recuou.  Com o governo susidiando o trabalho de subsistência, o kolkhoze terminou relegado; para combater isto, o governo viu-se obrigado a reabrir o mercado, ou seja, restabelecer medidas da NEP.

Reabilitação do rublo

sob ordem de Stálin pensou-se que o preço era ditado pelo plano, de modo a ser não uma categoria econômica, mas, sim, administrativa cuja finalidade era o socialismo; assim, não se levava em conta o custo real [o trabalho social necessário á produção]. O gverno dispunha de muitos mecaismos para repartir a renda nacional, como impostos, orçamento e crédito. Mas os preços tem de exprimir as relações econômicas reais, ou dão lugar a toda série de vigarices.
Por conta dos xitos econômicos, bruscamente o estado viu-se obrigado a um novo rumo: entre 1935-36 suprimiram-se todas as senhas de troca, e as relçaões volttaram a ser monetárias. Isto não significa o afastamento do socialismo, mas, ao contrário, o fim de uma ficção, o reconhecimento da necessidade de se criar as bases do socialismo por meio dos métodos burgueses.
É verdade que a URSS tem muitos aspectos positivos em sua economia: saldo positivo da balança, excedente de receitas, boas reservas de ouro [e que somente aumentam], crescimento da circulação de mercadorias após o ressurgimento do mercado, estabilização da inflação desde 1934 que leva a estabilização da moeda. Maso custo de produção excessivo o enfraquece, de modo que somente quando o rendimento do trabalho for maior que média mundial é que o rublo poderá se tornar a moeda mais estável do mundo, ou seja, quando se vislumbrar seu desaparecimento. Ele não tem, ainda, sequer paridade com as reservas de ouro, no que o governo deve se esforçar para reverter afim de aumentar a estabilidade da moeda.

O movimento Stakhanov

A economia tem como base a economia de tempo, sendo esta determ,inante para o fim da exploração; economizar mais tempo que o capitalismo tem de ser meta do scialismo. É a técnica o que melhor permite fazer isto, no que a URSS ainda não pode superar o capitalismo. Molotov admitia, em janeiro de 1936, que não só rendimento do trabalho, como também o nível cultural dos operários da URSS era ainda mais baixo que o de certos países capitalistas; bem como sua condição material média, dizemos.  
A busca pelo aumento do rendimento do trabalho, bem como a defesa, são s eixos de atuação do governo soviético.  As brigadas de choque [1º-2º plano quinquenal, partindo do exemplo, na agitação e dos privilégios e pressões], as seis condições de 1931, etc. Ao lado do sistema de reparticipação estatal surgiram os prmios, que, em fato, levaram aos urgimento dos afilhados, dos preferidos. O sistema entrava em choque consigo. A estabbilização do rublo acompanhada da remuneração por produção, e a substituição da sbrigadas de choque pelo movimento Stakhanov foram índices de mudança.  Este corresponde uma intensificação da exploração por meio do sistema do trabalho á peça, e ao prolongamento do dia de trabalho; Marx considerava este sistema como o melhor correspondente do capitalismo, embora entre os stakhanovistas existam socialistas sinceros; a maior parte dos operários concorda com ela se houvesse aumento de salários, o que não costuma ocorrer. Tampouco isto é um recuo, mas atentar a realidade, pois o direito nunca pode se elevar acima do regime econômico.
A remuneração em rublos é um princípio capitalista, ma que ocorre hoje na URSS sob formas socialistas de propriedade. Stalin apresenta o stakhanovismo como preparatório entre o socialismo e o comunismo; é fato que há no socialismo formas de controle das medidas do trabalho humano, mas estas tem de ser mais humanas que aquelas capitalistas, e na URSS vemos modos mais rudimentares. A transição do socialismo ao comunismo principia-se não com a introduçaõ do trabalho por produção [sweating system] mas com sua abolição.
Não podemos ainda fazer um balanço geral do stakhanovismo, embora ele indiqueo caminho da construção do socialismo; mas, com o socialismo não pode ser fruto de esforços individuais e, sim, do aumento coletivo da produtividade por meio da reorganização da produção e das relações entre as empresas.   
Se é verdade que os operários russos tem uma baixa qualificação cultural em seu trabalho, em pouco tempo isto pode ser vencido. O principal problema reside na organização geral do trabalho, pois o nível do pessoal administrativo é ainda mais baixo, e ela tende a tomar medidas punitivas ao invés de buscar se reformar. Assim, no início do stakhanovismo, repressões de toda parte não só contra operários, mas contra o pessoal técnico de maneira geral; tão logo a resistência à burocracia arrefeceu, e milhares de operários se inscreveram no movimento, houve uma desorganização completa da produção, pois a burocracia não soube organizá-la, de modo que ele foi acompanhado em muitos casos de um decréscimo e não de um aumento do rendimento das empresas. 

V. O termidor soviético

Por que venceu Stálin?

A política dos estalinistas sofreu tantos reveses e ziguezagues porque não soube prever os resultados de suas ações [não soube governar], de modo que justificava a posteriori suas ações, sem nenhuma preocupação com a coerência; os historiadores hão de ver que a oposição de esquerda conseguiu ser muito mais coerente e conseqüente em suas análises. Contudo, a política não se faz segundo argumentos, mais segundo força, e isto explica em muito porque a fração menos preparada relegou a mais preparada à segundo plano. A força dos chefes reside em sua concordância com as classes que o apoiam, e não em características pessoais.
Todas as revoluções até hoje provocaram reações que, se nunca conseguiram fazer retroceder todas as conquistas, anulam a maior parte delas; aqueles que estão nas primeiras fileiras da revolução são as primeiras vítimas da rev, de modo que os de segunda linha, por vezes outrora patuantes com a reação, se vêem ascendidos ao primeiro plano. As mudanças de rumo no campo político correspondem a reestruturações das classes e da psicologia das massas: a revolução consome energias muito mais rapidamente do que as repõe.
Porque na Rússia passou-se de uma ditadura semi-feudal a uma ditadura socialista em poucos meses, com o proletariado andando em saltos, a reação viu-se obrigada a desenvolver-se, em boa parte, dentro das próprias fileiras revolucionárias, alimentadas pelas guerras e elo caos que tomou o país, além do refluxo revolucionário. Com a demsobilizaçao do eército, seus comandantes passaram a ocupar postos chaves, de modo que as massas foram alijadas dos centros de decisão; a NEP deu força a pequena burguesia; a burocracia foi se tornando autonoma e passando a jogar o papel de árbitro entre as classes.
O refluxo mundial aumentava o poder da burocracia soviética e este aumento de poder aumentava o refluxo, de modo a fazer cair a confiança das massas na revolução mundial. Dois fatos são fundamentais: a revolução alemã de 1923 e a retirada do KPD desta; e a entrega dos comunistas chineses à Chang-Kai-Shek, em 26-27 . Tendo a Oposição de Esquerda sido derrotada nas duas ocasiões, a burocracia fez grande campanhas contra nós e passou a prender os oposicionistas à partir de 1928. sob a teoria do socialismo em uma só país, a IC, em dez anos, fez subir ao poder Hitler e aumentar as agressividades do imperialismo japonês, quer dizer, armou o cenário da guerra. As massas estavam passivas e desordenadas.
Stálin foi escolhido pela burocracia por suas características: velho bolchevique, firmeza, e influêcia das repartições públicas. A burocracia necessitava, de um lado, fugir dos princípios e, de outro, do controle das massas. Assim, Stálin fez o primeiro e o chefe do Termidor.
A maior parte da burocracia ou não participou da revolução ou estava do outro lado das barricadas. Os bolcheviques que hoje são burocratas não ocupava papéis importantes. A morte de Lênin acelerou o processo de burocratização, mas sua vida não o evitaria, pois a vitória da burocracia significa a derrota do programa bolchevique, quer dizer, das idéias de Lênin.

A degenerescência do partido bolchevista

Tendo erigido o estado soviético, a degenerescência do partido é causa e consequência da burocracia. Orientado pelo centralismo democrático, é falsa a posição estalinista segundo a qual o bolchevismo é contra a existência de facções, pois uma história é a luta das facções sem as quais seria impossível que cumprisse suas tarefas. Sob estas idéias em luta, o CC tnha muita autoridade; era, pois, o contrário da IC, irremediavelmente burocrática e serva de Moscou.
A liberdade de discussão foi esfarelando-se á medida que o estado se fundia com o partido, e a guerra avançava; suprimiram-se os demais partidos por conta da necessidade, não dos princípios. O crescimento do partido levou ao crescimento de facções no único partido legal no país, de modo que isto ameaçava a estabilidade do poder; assim, o X Congresso,ocorrendo concomitantemente á Kronstadt [“que arrastou não poucos bolchevistas”, p. 70, deliberou pelo fim das facções, levando o regime de estado para dentro do partido, e esperando que com a melhora da situação, a democracia pudesse ser restaurada.
Isto veio como uma luva ara a burocracia. Lênin, em 22, buscou lutar contra a burocracia, mas a doença o arrastou antes. Stálin [ e também Kamenev e Zinoviev] passou a lutar pela estabilidade do comitê central, que terminou por substituir o resto do partido; a IC era, para Stálin, mero instrumento de política externa, pois era partidário da construção do socialismo em um só país, indo ao encontro dos interesses da burocracia; para Stálin, a construção do socialismo é um problema administrativo. 
A morte de Lênin fez com que as portas do partido fossem abertas pela burocracia [“a promoção de Lênin”], massificando  partido e diluindo a vanguarda do proletariado. Emergiu o centralismo burocrático, e a obediência tornou-se a maior virtude bolchevique. Estando as três alas no Kremlin, muitos viam como disputas pessoais, quando, em fato, trava-se de aguda disputa entre as classes.  Todo o velho comitê político bolchevique foi liquidado, á exceção de Stálin. Todas as atuais figuras políticas eram secundárias.
A reivindicação por democracia era a mais central de todas as facções da oposição; fez-se outra, proibindo qualquer critica ao governo. A hierarquia dominou o partido; a principal força de regulação interna nele tornou-se a GPU, de modo que o partido bolchevique está morto e nada o ressucitará.
O sovbour, burguês soviético, foie stimulado pela NEP; são extremamente corruptos, algo que Lênin denunciava no XI Congresso do Partido, em 22; não chegou ele a ver todo o processo. C. Rakvsky, hoje deportado, escreveu em 28, no que melhor se disse até o momento sobre este tema, que não foi possível preservar o partido do espírito de corrupção da NEP. O surgimento de um agrupamento social especializado em exercer o poder fez surgir, aos poucos, em um estado onde não é permitida a acumulação capitalista, a diferenciação inicialmente de funções, que mais tarde tornou-se social [ e não de classe]. Carros, casas, melhores salários e escolas, etc., fazem com que a burocracia distingua-se do proletariado, algo que Babeuf apontava já na revolução francesa. Os vencedores assimilara os hábitos dos vencidos.
“a interdição dos partidos de oposição acarretou a das facções; a interdição das facções conduziu à interdição de pensar de modo diferente do chefe infalível” [p. 75]

AS causas sociais do Termidor

            O termidor soviético, [“vitória da burocracia sobre as massas” p. 75] absorveu parte da vanguarda soviética no estado, outra parte tendo morrido e outra tendo sido esmagadas, em um quadro de indiferença das massas em relação ás disputas entre os dirigentes. Isto tudo ainda não basta para explicar o porque do termidor ter vencido. Veja: os jacobinso eram apoiados pela pequena-burguesia, de modo que a revolução francesa somente podia levar ao poder a burguesia, sendo o termidor etapa deste processo. Qual a necessidade do termidor soviético?
           
            Para Lênin, no período da ditadura do proletariado a coação da burguesia é feita pela maioria da população, e não pela minoria como no estado burguês; a fórmula de Lênin é que “qt mais as funções do poder se tornarem as de todo o povo, menos esse poder é necessário” [cit in p. 76] além disso, antes mesmo da ditadura do proletariado principiar suas tarefas, o fato de ter-se socializado a propriedade privada [e a principal função do estado é manter o privilégio da propriedade], faz com que o estado passe a deperecer imediatamente/ e isto de modo que [...] “poder-se-a formular o seguinte teorema sociológico: a coaçaõ exercida pelas massas no estado operário é diretamnete proporcional às forças que tendem para a exploração ou para a restauraçaõ capitalista e inversamente proporcional à solidariedade social e ao devotamente comum ao novo regime. A burocracia [...] responde a uma variedade particular de coaçaõ que as massas não podem ou não querem aplicar e que se exerce. De um modo ou de outro, contra si próprias” [p. 76-7]. Os sovietes não poderiam manter até hoje suas força e independência, e seu direito á coação; tampouco a burocracia, que tomou completamente o lugar do soviete. Responder o porque da vitalidade do estado é determinante para a apreciação da URSS.

A verdade passa longe do que diz a imprensa oficial --- que acabou a exploração e o stakhanovismo prepeara o comunismo; o que significaria o fim do estado; ao contrário, este tem um aspecto burocrático e totalitário. Quanto ao partido, porque durante a guerra civil, ainda era livre a  liberdade de posição e hoje qualquer dissenso é severamente punido?
Sob a justificativa de alguns atos individuais, a burocracia afirma que é necessário fortalecer a ditadura; ora, o povo em armas pode fazê-lo, já dizia Lênin. Se não houvessem mais classes, como afirma a burocracia, não haveria mais estado.
A sociedade soviética não pode passar sem estão ou burocracia porque no domínio do consumo há ainda contradições, que perigam passar para o domínio da produção. Como há escassez de produto para o consumo, a burocracia tem de existir, pois ainda há luta pelos artigos básicos para a vida. O melhoramneteo da situaçao material deveria levar ao seu enfraquecimento, pois levaria ao enfraquecimento do direito burguês; mas, em fato, este melhoramento visto nos últimos anos,  levou ao fortalecimento da burocracia. O motivo é que, em seu primeiro momento, com a penúria de víveres, o estado soviético era menos burocrático e mais igualitário: era a igualdade da miséria. Com o fim do salario igualitário, que era um entrave para o crescimento das forças produtivas, e com o crescimento econômico, desenvolve-se a desigualdade, dando vantagens a minoria, e os estímulos á maioria. Por isto o crecsimento das forças produtivas faz crecsre os aspectos burgueses, não socialistas do estado.
Há motivos de ordem política, pois o papel da burocracia é manter privilégios; ela é o órgão burguês da classe operária. Assim, na distribuição, ela privilegia a si mesmo. Ela torna-se um órgão autônomo. A pequena especulação é fruto deste quadro; com ela agravam-se as lutas sociais, de onde a burocracia tira forças, mas que também é o perigo da sua existncia.

VI. O crescimento das desigualdades e dos antagonismos sociais

Miséria, luxo, especulação

Tendo iniciado pela repartição socialista [comunismo de guerra]; em 21, retornamos ao mercado; quando do primeiro plano quinquenal, retornou-se à repartição socialista; em 1935, a repartição planificada deu lugar novamente ao comércio. Se o aumento da produtividade [fruto do salário por peça] leva a aumento do bem-estar das massas, ele leva também ao crecsimento da desigualdade e da diferenciação da sociedade.
Os regimes exprimem-se em sua arquitetura: o ritmo de construção de casas para os trabalhadores é lento, mas não faltam palacetes paraa burocracia e teatros para sua diversão. Houve um aumento das estradas de ferro, mas enquanto os serviços destinados ao proletariado são insuficientes e de má qualidade, àqueles destinados à burocracia são de primeira linha. A técnica  mais moderna é colocada a serviço da satisfação das necessidades da minoria privilegiada e não da massa do povo: “é bastante mais difícil assegurar o necessário á maioria que o supérfluo á alguns” [p. 84]. chegou-se ao cumulo da abertura de armazéns especiais, que vendem mercadorias de qualidade superior e que se chamam liouks [luxo]. Para os operários tudo isto não pode parecer senão como o capitalismo restaurado: a luta pela miséria ameaça se reconstituir.
O mercado de hoje desenvolve-se por meio do estado, das cooperativas, dos kolkhoses e do cidadão; distinto pois daquele da NEP [1921-28]; quer dizer, em teoria deveria acontecer sem intermediários, mas não ocorre assim, e é difil saber qual é o papel dos intermediários nele, mas não deve ser pequeno, pois a falta de produtos de primeira ordem faz com que se os busquem fora dos armazéns do estado. Existem muitos exemplos de inciativa privada, mas muito menores e, diante dos quais o estado fecha os olhos, pois são necessários. Stálina afirmou em 35 que a base econômica da especulação havia sido eliminada; ora, então como ela existe? E porque de tempos em tempos estes equenos comerciantes, que não representam risco algum, e atuam na incapacidade do estado, são presos? Obviamente, isto mostra as tendncias pequeno-burguesas existentes na sociedade e que podem expandir-se. E mesmo que se admita a necessidade da desigualdade por um tempo talvez longo, veja-se que deve-se medir quaissão os limites toleráveis e sua utilidade social em cada caso concreto; a distribuição do produto nacional terá de ser feita segundo uma luta política que os operário e kolkhozianos terão de tocar; isto definirá o caráter socialista ou não do estado.

A diferenciação do proletariado

Malgrado o salário real devesse ser público em um estado operário, na URSS ele é desconhecido. Deve-se levar em conta que, embora as autoridades falem de um aumento global dos salários, não dizem qual a porcentagem deste aumento corresponde à aristocracia operária e ao operário médio; do mesmo modo, que a nova passagem para a distribuição de mercado corroeu o salário.
Os stakhanovistas são os que recebem melhor, tem acesso a produtos que não são acessíveis a todos e viram seu nível de vida aumentar bastante no último ano. Seu estímulo é simplesmente o aumento de salários. Mas eles ainda tem outros privilégios: melhores casas, férias, médicos e professores em casa, entradas gratuitas, prioridades, etc. Isto leva arrivismo e á que dirigentes locais criem uma aristocracia operária e redes locais. Os stakhanovistas não estão contentes, pois os privilégios cercam-lhes de invejas e hostilidades, em uma moral muito distinta daquela socialista. No campo, os stakhanovistas já possuem rebanhos próprios e, mesmos, hortas particulares; além da jornada de trabalho, tem de encarar, pois, uma adicional.
A vida das amadas mais baixas é de miséria, com salários ruins e péssimas habitações. Surgem, assim, por conta dos desniveis salariais, antagonismos entre os operários, de modo que seu sindicato está do lado da burocracia. O stakhanovismo mostra a distância entre a burocracia e o proletariado.

Contradições sociais da aldeia coletivizada

embora sejam progresso em relação ao parcelamento da terra, os kolkhozes são propriedade dos grupos e não do estado. A luta entre os camponeses e o estado ainda não acabou, e os kolkhozes são apenas um arranjo temporário de forças. E a luta na aldeia não é somente entre produtor individual e kolkhozes. O estado,a fim de pacificar ao campo, satisfez tendências individualistas: a terra pertence aos kolkhozes e não ao estado; ressurgiram as empresas camponesas individuais. Em troca disto, os camponeses trabalham nos kolkhozes, sem entusiasmo, de modo que o kolkhoze é menos precioso para o camponês que sua parcela individual de terra; note-se que os pertecnces dos kokhozes totalizam 20 bilhões de rublos, enquanto que aqueles dos camponeses, seguros pelos estado, somarem 21 bilhões. Os cavalos crescem mais rapidamente que o gado, porque é permitido aos camponeses os terem individualmente, especialmente nas estepes. Se se proíbe o arrendamento de terras, ele ocorre, com kolkhozes alugando suas terras, e mesmo os sovkhozes da GPU praticam isto, com o arrendamento sendo pago em trabalho; muitos burocratas fazem isto, ressucitando formas semi-feudais. Isto mostra o quão forte são as tendência sburguesas na ecoomia, que o mercado somente reforça, malgrao a base fundiária socializada; agrava-se a desigualdade: a renda média de um lar kolkhoziano é de 4,000 rublo conquanto existam casos de lares com rendas de 30.000 rublos, e isto sem se levar em conta as exploraçoes individuais. As diferenças entre cidade e campo, longe de iminuirem, aumentaram sensivelmente desde o primeiro plano quinqüenal.
O poder da burocracia [salário, orçamento, crédito, preço, impostos] contribui para aumentar a desigualdade; ela beneficia alguns kolkhozes em detrimento do conjunto da população. Esta diferenciação mostra-se tanto em relação ao consumo individual quanto naquele do lar, alguns kolkhozes alugam mão-de-obra, e as autoridades fecham os olhos; surgiram os kolkhozes milionários. Torna-se mais difícil para o estado intervir na economia, afim de diminuir a desigualdade, na medida em que busca apoiar-se nos kolkhozes milionários. A baixa produtividade agrícola fagudiza as contradições no campo; a burocracia, que nutre-se disto, somente agrava asituaçõ.

Fisionomia social dos meios dirigentes

O fato de se encontrar literatura soviética sobre o burocratismo [entendido como forma de pensamento ou trabalho] e nunca sobre a burocracia mostra uma consciência de classe da burocracia. Como o estado controla tudo, de um lado, e como não há dados, de outro, é difícil saber o tamanho da burocracia soviética. Através de estatíscas e estimativas, cremos que a categoria social que administra a URSS deve ser estimada em cinco ou seis milhões. Os comunistas, nos distintos níveis de hierarquia, variam de 20% à 90%; o PC é a organização política da burocracia. O conjunto do PC e da juventude fornece ativistas e reserva de burocratas. A aristocracoia operário e kolkhosiana soma mais ou menos cinco ou seis milhões. Isto tudo nos indica, aproximadamente, em 12-15% a base social da burocracia.
Por conta da penúria de víveres, buscam sobretudo seu próprio bem-estar, sendo extremamente egoístas e repressivos. A burocracia é menos homogênea que o proletariado; todo subalterno pode ser sacrificado, assim como todo burocrata pode ascender um nível, de modo que tem responsabilidade coletiva perante o Kremlin.
Não há dados sobre o rendimento da burocracia, mas já em 1927 a plataforma da oposição denunciava que ficavam com a parte do leão da renda nacional, de modo que somente a burocracia comercial lhe consumia um décimo. Em 1930, de 400 milhões de rublos do orçamento sindical, 80 [1/5] ia somente para os comitês, aforas as demais vantagens que os dirigentes recebiam. A falta de controle leva a abusos e despesas exageradas, coisa de que a própria burocracia se lamenta.
A burocracia não só esconde seus rendimento legal, como há o ilegal, e praticamente todo o progresso social é posto a sua disposição. “as conquistas [da civilização] a burocracia dispõe de todas elas como quer e quando quer, como seus bens pessoais” [p. 100], nunca ou quase nunca os colocando a serviço da população, de forma que estimamos que 15-20% da população usufruem de tantos bens quanto o restante em conjunto. Em nada tendo a ver como socialismo,  a repartição dos bens da terra é ainda superior ao de qualquer país capitalista.

VII. A família, a juventude e a cultura

Termidor no lar

A revolução cumpriu suas promessas em relação á mulher, dando-lhes todos os direitos do homem e propagandeando a necessidade da igualdade. Mas a revolução não pode fazer tudo. Os revolucionários pensavam que todas as funções da mulher deveriam ser absorvidas por instituições e serviços sociais [maternidades, creches, lavanderias, etc.]. Isto está por ser concluído, de modo que as modificações na família caracterizam a URSS da melhor forma.
Após a desconfiança inicial, as famílias mais avançadas perceberam as vantagens da educação socializada, mas a penúria geral não permitiu avançar a obra revolucionária. Nos piores dias, os operários alimentavam-se tanto quanto podiam nas fábricas e interpretou-se isto como chegada de costumes socialistas; tão logo a miséria passou, os operários mais abastados voltaram a comer em casa, o que não pode ser a medida de rejeição a um socialismo que nunca existiu, mas a qualidade das cozinhas oferecidas pela burocracia. No campo, que é muito mais conservador, a alimentação social foi bem menor; o kolkhoze somente dá trigo ao camponês, os demais produtos dependendo de criações individuais, impedindo a alimentação coletiva.
Se, de um lado, o número de vagas nas creches não é suficiente, de outro, elas são de péssima qualidade, de modo que os operários com maior rendimento não mandam para lá seus filhos de forma alguma. Os jardins de infância, embora tenham aumentado suas vagas, sofrem ainda com falta de vagas que, além do mais, são reservadas em sua maior parte para a elite burocrática. O estado deliberou, recentemente, que as crianças abandonadas seriam destinadas a particulares, de modo a reconhecer seu fracasso neste ponto. Lançadas á rua pela miséria, ainda há prostituição na URSS.
Se a própria legalização do aborto já mostra em que estado hão de se encontrar as mães,  a forma como é praticada, obviamente pelas proletárias, é ainda mais brutal. Mostrando sua incapacidade em fornecer às mulheres um aborto digno, o estado opta por proibi-lo repentinamente, esquecendo que o socialismo tem de eliminar as causas que levam as mulheres ao aborto e não dar de padre, obrigando-as a parir. Juntamente a reabilitação do rublo, reabilita-se a família; eis o socialismo do termidor.
 A legislação sobre o casamento elaborada pela revolução foi desfeita pela burocracia; faz-se campanhas contra o divórcio. Utiliza-se os argumentos de outrora cntra eles mesmos.  Além das razões objetivas que levam ao retorno do direito burguês neste campo, a própria burocracia tem muito interesse em fazê-lo, afim de estabilizar as hierarquias, disciplinar a juventude, e utilizá-las como ponto de apoio da autoridade.
A revolução esforçava-se para desligar os jovens dos mais velhos e seus hábitos; atualmente, a burocracia viu os perigos disto, e quer reatar os laços. O ateísmo, que era neste sentido o maior divisor, foi colocado na geladeira pela burocracia: adotou-se uma estranha neutralidade religiosa, contra a educação científica outrora conquistada.
A propaganda oficial afirma que acabou o casamento de interesses na sociedade soviética. Entre os operários, é fato, mas nunca houve em lugar nenhum do mundo; mas entre as  camadas sociais superiores, que parece querer igualar a burguesia, há. As vezes a imprensa reconhece: as diferenciações salariais e os sogros [pistolões] tornaram muito importantes.
A mulher soviética não foi liberta, sendo tal tal mais visível quanto mais baixo se vá na sociedade. A sociedade ao não poder suportar os encargos sociais da mulher, a condena. Ainda há empregadas domésticas. Há grandes diferenças entre a mulher burocrata e a proletária, análogas as diferenças existentes entre as burguesas e as operárias.
A família socialista não necessita de legislação, e era neste caminho que caminhava a revolução de outubro, no que a reação termidoriana fez regredir em beneficio de modelos burgueses malgrado as bravatas sobre a nova família. 

A luta contra a juventude

todo partido revolucionário se apóia na juventude. E a revolução varreu os velhos hábitos da juventude, acabando com seu espírito metafísico idealista. A juventude é muito ativa economicamente; também estuda muito e é aplicada nos esportes, especialmente nos mais radicais. Embora isto, anda é a velha guarda, dona da autoridade,que dirige a juventude.

Engels, que saia a sociedade socialista como o desaparecimento gradual do estado, pensava que caberia à juventude concluir a tarefa. 50% dos soviéticos sempre viveu sob o jugo da opressão da burocracia, somente tendo vivido na opressão, nunca em uma liberdade ascendente. Nasceram em uma sociedade hipócrita, nas escolas reinando o espírito de delação e traição imposto pela GPU. Sua formação política crítica, que deveria ser feita tendo por bases a democracia soviética, é negada. Reprime-se toda a rebeldia da juventude: tudo lhe é permitido, menos a política; neste campo ou torna-se burocrata ou passa á ilegalidade.
Se o primeiro plano quinqüenal foi conduzido baixo um espírito de ascetismo forçado; sob o segundo já havia claros desejos d ganhos materiais. A burocracia busca os jovens mais arrivistas para se recompor.
O stakhanovismo baseia-se no egoísmo. Somadas as condições de vida e ao apelo dos dirigentes, que sobra de cultura socialista? A juventude contudo, não é só dominada por estes interesses; ela á generosa e empreendedora.  A juventude acha terrível a atmosfera do país e o contrate entre a propaganda e a realidade acaba com as instituições oficiais. Boa parte é indiferente ou cinica frente ao quadro, e estas são as primeiras formas de descontentamento.
O terrorismo ressurge; na guerra civil, ele cessou quando as velhas classes perderam a esperança em retomar o poder.  Novo terrorismo apóia-se nas juventudes comunistas, e mostra o acirramento dos antagonismo entre as massas e a burocracia.  A guerra pode dar vazão a estes instinto da juventude, seja á direita seja à esquerda. Não se trata  de uma guerra de gerações, pois há velhos inimigos da burocracia.
No X congresso do Komsomol, deliberou-se que este não pode imiscuir nos assuntos políticos, sendo a educação sua única esfera de ação; além de passar a permitir adultos na organização. Com isto, o regime busca prevenir-se da juventude. Em fato, o partido tornou-se atrativos somente para os arrivistas, não para os jovens com independência d espírito. Os acontecimentos históricos a devir levarão ao a vitória do fascismo ou da revolução proletária; ninguém sabe qual será o papel da juventude neste processo.

Nação e cultura

a revolução conseguiu manter a unidade nacional. As nações reivindicam maior autonomias, mas, ára desenvolver a economia é necessário centralização; embora cultura e economia não se separem, é possível traçar limites para as reivindicações legitimas; o problema é que a burocracia somente v os dois campos desde seu próprio ponto de vista.  Ain e progressista sob um ângulo, permitindo que nacionalidades atrasadas se ergam ao nível da cultura burguesa. Destrói-se hábitos pastorais, criam-se alfabetos para línguas ágrafas, etc. Muitas culturas passam a se servir dos produtos da industrialização, até então desconhecidos. Busca-se ainda fazer triunfar a cultura burguesa sobre a patriarcal. Mas a URS faz isto de maneira privilegiada, pois a técnicas e cultura já estão inventadas e a base da economia foi socializada. Somente por isto, o regime já se justificaria do ponto de vista histórico, pois fez progredir um país atrasado, algo que o capitalismo não fez em nenhuma parte do mundo há 25 anos.
As reformas religiosas e revoluções burguesas que o ocidente viu, não tiveram lugar na Rússia; foi o proletariado e, 1905 e 1917 que cumpriu este papel. Mas a revolução logo se lançou no rumo do socialismo. Assim, se a burocracia estimula o individualismo econômico, não faz o mesmo com relação ao desenvolvimento da individualidade espiritual. A criação cultural de uma nação é tão mais elevada quanto o é seu nível. A burocracia oprime todas as cultural nacionais, em beneficio de um espírito de servilismo; isto não significa que não possa haver um privilégio grão-russo em detrimento da demais cultural nacionais. Sendo o centro, o Kremlin russifica, e é imitado pelos poderes periféricos.
Se as políticas culturais mudam conforme a economia, a doutrina da cultura proletária é, em fato, a oficial; consiste esta em que, afirmando o caráter transitório da ditadura do proletariado; este deve assimilar tudo que há de bom na cultura burguesa, e que esta cultura assim assimilada tornar-se-a socialista conforme o proletariado incorpore-se na sociedade socialista. Bukhárin, no tempo da construção do socialismo a passo de tartaruga, pensava que o proletariado teria muitos anos para desenvolveruma cultura própria, e esta era a doutrina oficial; após 1931, com a “entrada no socialismo”, a burocracai fez saber que ainda faltava a criação de uma cultura proletariado.
S a criação exige liberdade, e o comunismo sendo o regime pleno da liberdade, libertará todas as faculdades criadoras do homem. A ditadura é fruto da barbárie do passado e, assim, impõe rstrições á criação espiritual. Pensamos, desde a época da revolução, em ir aumentando as liberdades conforme fôssemos estabilizando o regime. Em 1924, o único critério artístico do estado era e a arte era pró ou contra a revolução; de resto devia haver liberdade de escolas, pois que não pode haver desenvovlimento artistico sem esta liberdade. 
A luta contra a oposição, a burocracia foi suprimindo as distintas escolas, não só artísticas, como também filosóficas e científicas. A burocracia não percebe que, com isto, sufoca a criação e o progresso, pois ela teme tudo que não lhe sirva ou que ela seja incapaz de entender.
No campo do marxismo, não se produz nada digno de nota somente comentário e novas notas; deforma-se os fatos históricos ou forjam-se documentos. Na literatura, as fórmulas oficiais e o gosto da burocracia tornam-se as diretrizes, guiadas pela máxima segundo a qual a cultura deve ser socialista no conteúdo e nacional na forma; tal conteúdo somente pode ser hipotético, posto que a literatura não pode prever o futuro. Identifica-se o popular com o gosto da burocracia.

VIII. A política externa e o exército

Da revolução mundial ao “status quo”

sendo comandadas pela mesma classe dominante, a política externa é uma continuação da internacional; desde a teoria do socialismo em um só país a IC, que não podia ser descartada, foi sendo depurada de qualquer internacionalismo. A burocracia não compreendeu que o imperialismo somente não lançou-se com toda força sobre a república soviética às custas de pressões em seus próprios países.
A URSS assinou inúmeros tratados com os estados burgueses: Brest-Litovsky, 18; coma Estônia, 20; de Riga, com a Polõnia, em 20; Rapallo, com Alemnha, em 22. isto não significava apresentar o imperialismo como pacifista ou chamar os PC's a apoiar seus respectivos países burgueses; para o bolchevismo, os acordos com os países burguess não implicavam o fim das ações revolucionárias, pois tinha-se claro que somente a revolução daria segurança ao estado soviético.
Víamos como medidas para enfraquecer a vigiância do proletariado as medidas burguesas relativamente á paz. Em 19, o Congresso do partido comprenedia com utopia reacionária o pacifismo e como antirrevolucionário.
Após o fim da intervenção imperialista, a URSS viu-se menos pressionada do que se podia crer; com o primeiro plano quinqüenal, e as crises que ele levou, a URSS pode passar sem medo, pois a crise devorava os demais países; após isto, o segundo plano quinqüenal levando a uma melhora interna, coincidiu com uma melhora da crise nos países capitalistas, e, assim, com o recomeço do rearmamento. Se ainda há riscos de agressão á URSS deve-se ao seu fraco desempenho econômico e á derrota do proletariado em todo lado.
A burocracia não é e não pode ser revolução; o destino da URSS reside menos em forças internas que no caminhar da revolução internacional.  A burocracia tenta adequara-se no status quo mundial. Busca a paz com a burguesia em troca de não se ver agredida , e dá uma série de provas de boa vontade com o imperialismo. A defesa da URSS contra o imperialismo faz-se não com gracejos, mas enfraquecendo-o no mundo todo, por meio da conquista de posições para o proletariado e dos povos coloniais; mas esta política é contrária á política de conservação do status quo que toma a burocracia.

A Sociedade das Nações e a Internacional Comunista

A vitória do nazismo fez a França estabelecer um acordo militar com a URSS, de modo que esta presta apoio incondicional, e aquela o presta segundo o assentimento de Inglaterra e Itália. Apresenta-se a entrada da URSS na Sociedade das Nações como triunfo do socialismo, quando em fato isto somente ocorre porque enfraqueceu-se o perigo revolucionário.  Isto não traz vantagens á URSS, mas muitas obrigações, que a burocracia cumpre rigorosamente; adaptando-se á política externa francesa, não reagiu à agressão italiana á Abissinia, e continuou abastaecendo de petróleo o país de Mussolini; os sindicatos tampouco agiram e, se o tivessem feito, poderia ter iniciado um movimento internacional de bocote, mas a burocracia, por seus acordos internacionais, certamente o impediu.
Nenhum acordo compensará á URSS a perda da confiança dos povos coloniais e do proletariado internacional na guerra que se desenha. A URSS é tão mais aceita nos círculos burgueses quanto menos oferece perigo às posições do capital. Contudo, a burguesia nunca a aceitará por conta do monopólio do comércio exterior e da abolição da propriedade privada.
Se o estado soviético necessita destes acordos para se manter, não se deve idealizá-los frente ao proletariado, mas tratá-los como são: táticos.  A burocracia não compreende o imperialismo e na suas distintas lutas pela hegemonia mundial. À sociedade das nações é impossível manter a paz; para defender seus interesses, os distintos imperialismos oa capazes de recorrer a guerra ou de mudar de aliados. A Sociedade das Nações defende não a paz, mas o imperialismo, contra o conjunto da humanidade; é por defesa de seus próprios imperialismos que os estados participam da sociedade das nações.
Tampouco políticas de desarmamento. A indústria moderna é capaz de armar rapidamente qualquer nação, segundo os interesses. O desarmamento progressivo faz-se não por amor á paz, mas, sim, aos custos de manutenção das armas quando não há guerras.
SE a IC nasce como forma de protesto frente ao social-patriotismo, a burocracia tomou-lhe este aspecto; aderindo á Sociedade das Nações, Stálin faz com que o social-patriotismo sinta-se fortalecido. Stálin afirma categoricamente que a URSS não tem planos em relação á revolução mundial; é a continuação da política do socialismo em um só país. Stálin não percebe que o marxismo é estrangeiro, que os emigrados dirigiram por anos a luta cntra o czarismo, do apoio internacional que tínhamos, etc.

O Exército Vermelho e sua doutrina

a revolução francesa liquidou as antigas formas de se fazer guerra; o czarismo, sem reformas militares, somente conheceu derrotas militares frente as potências desde então. O Exército Vermelho reorganizou tudo isto, buscando cessar com um espírito campestre que reinava em beneficio do culto á técnica. A guerra civil permitiu a formação de toda uma nova geração, dentre os quais muitos prosseguiram nos estudos, aliando o conhecimento técnico às experiências.
Todos os administradores, bem como os jovens conscritos são reservas do exército. A planificação da indústria coloca um potencial enorme a sérvio do exército, caso seja necessário; neste quesito, estamos no mesmo nível dos exércitos ocidentais. Toda a artilharia foi renovada no período do primeiro plano quinqüenal. A armada, destruída pela guerra civil, foi toda refeita no último período.  O mesmo pode ser dito a aviação, que foi muito impulsionada. Do mesmo modo, a indústria química avançou muito o último período, e, ao que parece, o país está precavido contra uma guerra deste gênero. A indústria de defesa é a melhor do país, em níveis de qualidade, mas ainda está longe aquela do ocidente. A agricultura é onde mais a problemas, mas, contudo, há melhora e já possível pensar em como reabastecer o exército no extremo-oriente; contudo, faltam cavalos, o que ainda a guerra exige. 
O exército vermelho foi principiado do zero, e sua superioridade em relação ao exército czarista deveu-se as transformações sociais. Degenerou, contudo , como o conjunto da burocracia.
Vejamos qual fou sua evolução, de sua criação até hoje. Fi criado por decreto do Conselho dos Comissários do Povo em 12 de janeiro de 1918, tendo por objetivo apoiar a revolução na Rússia e no mundo. Goussiev, outrora chefe do sérvio político no exército, me reprovava o fato de não estar preparado par as tarefas internacionais fundamentais enquanto chefe do exército vermelho; não compreendia ele que a intervenção militar estrangeira somente pode cumprir papel auxiliar nas revoluções em outros países.
Surgiu a doutrina orltária da guerra, defendida por Goussiev, Frounzé, Toukhatchevsky, Vorochilov, dentre outros; que defendiam a necessidade do exército vermelho não se assimilar em nada, por sua estrutura, fins políticos, estratégias e táticas, ao exército dos países capitalistas.  Foi muito ativa na guerra civil, protestando contra os generais czaristas, a centralizaçaõ do exército, etc. Queriam, em fato, utilizar a guerra de guerrilhas, e torná-la um principio de organização do novo exército. Era ela análoga à questão da cultura proletária, e produziu poucas teorias e de baixa qualidade. Eu lhe respondia que, se um dia fôssemos uma economia socialista, com certeza teríamos táticas e estratégias distintas, mas que não era o caso então.
A doutrina proletária da guerra, ao contrario daquela da cultura proletária, ambas rejeitadas, não ressurgiu pelo motivo de que a guerra diz respeito á defesa e, aqui, não há lugar para devaneios. A aproximaçaõ com os países capitalistas levou, por outro lado, a que o exército buscasse se assemelgar o mais possível ao exército daqueles.

A liquidação das milícias e restabelecimento dos postos

Segundo o programa dopartido, o exércto deveria ter um caráter de classe. SE, por um momento, abrimos mão das milícias, o objetivo era retomá-las mais tarde. Buscar-se-ia então fazê-las corresponder a formações orgânicas da classe [fábricas, minas, etc.], buscando substituir o mais possível a displina fundada no oficialato por uma consciente. Para tal, ortanto, faz-se necessário uma economia avançada. Com os meios de transpor te são insuficientes, em um período de guerra, o exército será lento ao menos nos primeiros meses, de forma a ser necessário ara cobrir as fronteiras, um exército permanente.
Porque o nível econômico do país é baixo, eu escrevia já em 1924, não podemos embora queiramos, ter um exército territorial [milícias], tendo que ter, pois, um exército permanente. Em fato esta contradição, entre as forças de produção e a superestrutura, esta desenvolvida e as outras não, expande-se para todos os domínios da vida. Assim 'que a proporção entre exército permanente e territorial permite-nos medir o grau de progressão para o socialismo.
Em 1925, o novo comando militar fez com que o número total de exércitos territoriais aumentasse para 74% em relação ao exército permanente. Naquele momento, a ameaça da guerra estava longe. Mas, tão logo Hitler passou a se armar, e a guerra aproximava-se, houvera novas mudanças e esta proporção passou para 23% de divisões territoriais ante 77% de exércitos de quadros. Parece-nos muito, mesmo defronte Hitler; mas o sistema de milícias está ligado á população quer dizer, desligado do Kremlin. Some-se a isto o fato do governo ter recriado as unidades de cossacos, e sabe-se que a cavalaria é sempre a arte mais conservadora do exército. Do mesmo agiu os decretos que restituíram todo o corpo do oficialato, tacando, assim, as bases das conquistas da revolução de outubro.
O exército de uma revolução necessidade estar sob controle democrático; no exército vermelho achou-se necessário a elegibilidade dos oficiais; ainda hoje não foi aplicada. A retomada de um corpo de oficias foi justificada pela necessidade de estabilidade e cmando; trata-se de um erro, pois não é o posto que garante o comando, mas, sim, a confiança dos homens. O objetivo é, no fundo, político; dar estabilidade aos oficias, apartá-los do conjunto do exército e ligá-los á burocracia dirigente. Não é possível a eleição dos chefes, pelo regime geral que reina no país. Nenhum exército pode estar a frente de seu país, de modo a ser impossível que os oficiais sejam eleitos.

A URSS e a guerra

O fato da URSS estar em perigo frente a guerra serve para quebrar os argumentos dos defensores do socialismo em um só país. A URSS tem grandes vantagens na guerra; primeiro, a sua extensão territorial. A reserva humana, virtualmente inesgotável, é outra. Em relação à velha Rússia, a economia melhorou, mas a URSSS é ainda um país atrasado.
As derrotas militares nem sempre levam a transformações econômicas; e um regime de alto padrão de via não e derruba pelas armas, ocorrendo,a o contrário, que os vencedores lhes adquira as formações sociais. A derrota da Alemanha faria cair Hitler e o capitalismo; se ela é instável, é porque suas forças produtivas já ultrapassaram a propriedade capitalista; do mesmo modo, a URSS é instável porque suas forças produtivas não chegaram ao nível do socialismo. 
Se não houver revolução no ocidente, o regime soviético cairá, pois o imperialismo é superior e não permitirá uma vitória militar da URSS. Nenhum acordo diplomático sobrevive diante do perigo da vitória da revolução.  Somente com o fim do monopólio do comércio exterior e o fim da propriedade socialista a URSS ganharia apoio dos governos burgueses.
Isto não significa a declaração de derrota. A guerra somente ainda não foi desatada pelo medo que se tem de uma revolução.  A URSS é muito mais estável que a Alemanha de Hitler; só houve nazismo pelas imensas contradições do país; Hitler não acabou com estas contradições, somente as comprimiu; a guerra ode desatá-las, tendo a Alemanha tão poucas chances de ganhá-la. No Oriente, o Japão vê-se sob um regime de exploração agrário asiático e um capitalismo ultramorder; a Coréia e a China serão frutos de destruição do império. A Polõnia vê-se em um nível parecido de tensão.
Ou a revolução impede a guerra ou esta conduz á revolução. Contudo, se o imperialismo se mantiver no resto do mundo, a URSS cairá. O papel da URSS é servir como apoio as revoluções nos outros países e não colocar o proletariado destes á serviço do status quo da burocracia; não a defesa de fronteiras, mas seu fim; pela edificação dos Estados Unidos Socialistas da Europa.

IX. O que é a URSS?

Relações sociais

[Trótsky cita dados da composiçao da populaçao por ocupação e da parcela de empresas ligadas ao estados ocialista]. 98,5% da economia é socialista, o restante sendo nã-socialista. 

Os dados enganam, de um lado, por serem forçados; d eoutro, porque o surto econômico favorece o desenvolvimento, em toda parte, de tendncias pequeno-burguesas na sociedade. Além do que, as novas normas jurídicas escondem as tendncias pequeno-burguesas e a burocracia acumula ilicita ou licitamente.
A propriedade estatal não pode ser confundida com a propriedade do povo; é certo que o marxismo sempre os identificou; de modo geral, isto é correto, ma spor ser tratar d euma sociedade nova, isolada e atrasada, isto leva a erros. Se é necessário  estatização afim de tornar a propriedade privada social, a propriedade estatal somente se torna do povo conforme as desigualdades desapareçam, quer dizer, conforme o próprio estado vá perdendo sua razão de ser. O raciocínio inverso é válido. Tampouco pode-se justificar o atual estado de coisas sob a ótica de que a produção é mais importante que o consumo: o burocrata pode pensar assim, mas o pedreiro dificilmente.
A renda de um cidadão na fase inferior do comunismo e formada  por a+h, sendo a o dividendo [pois toda a renda nacional lhe pertence em parte, dado as empresas serem socializadas] e h o salário; tanto maior a produtividade do trabalho, tanto mais a será importante e h menos. Na URSS não só o salário é mais desigual que nas sociedades capitalistas, como também os dividendos da renda nacional.
A estatizaçaõ dos meios de produção só fez mudar o status juridico do trabalhador. Afim de combater a insuficiência de rendimento do trabalho, o estado teve de recorrer ao estimulo ao trabalhador, de modo que a gestão da fábrica afastou-se dele, tornando-se burocrática. Para o trabalhador [...] “o funcionário é para ele um chefe, o estado um patrão. O trbalho livre é incompatível com a existência d eum estado burocrático” [p. 167].
o mesmo aplicá-se à agricultura. Diz-se que os kolkhoses são socialistas; a imprensa afirma, não nestas palavras, que o socialismo da agricultura reside não em sua organização, mas nos chefes. A economia está a meio camiho entre o cultivo parcelar e a estatização; a maior parte dos artigos de consumo são fornecidas ao camponês pela sua parcela de terra individual; os kolkhoses que pagam melhor formam uma aristocracia camponesa. Tudo isto estimula as tendências pequeno-burguesas no campo.
São duas as tendências que se desenvolvem no seio da sociedade soviética: o desenvolvimento das forças produtivas, que leva ao crescimento das tendências socialistas; de outro as formas de consumo, que prepara a restauração capitalista.  Esta contradição não pode crescer para sempre: ou uma ou outra terá de vencer. A burocracia esconde tudo isto sob um linguajar socialista.

Capitalismo de estado?

O nome capitalismo de estado não esclarece a ninguém. Designa este termo a estatizaçaõ, nos marcos do estado burguês, do sistema de transporte e de algumas indústrias [o que mostra a contradição entre as forças produtivas e as formas de propriedade]. Disto pode-se pensar um sistema no qual o estado administraria toda a economia nacional, e a burguesia teria ocmo que aços desta economia, conforme seu capital; este regime é impossível pelso antagonismos que suscitaria; o estado desta forma constituído seria muito tentador para a revolução social.
Após a economia fascista, passou-se a chamar de capitalismo de estado formas de intervenção e direção estatal da economia, no sentido de salvaguardar a propriedade privada; os franceses chamam isto mais apropriadamente de estatismo. Já capitalismo de estado seria a substituição da propriedade privada pela propriedade estatal.
O estado fascista não é dono das empresas; ele dirige a economia, é um intermediário entre os capitalistas. O estado assume todos os ricos das empresas, deixando a estas todos os beneficio.
“a primeira concentração dos meios de produção nas mãos do estado qe a história conhece foi cumprida pelo proletariado através da revolução social e não pelos capitalistas através dos trustes estatizados. Esta breve análise é suficiente para mostrar o absurdo das tentativas de identificar o estatistmo capitalista e o sistema soviético. O primeiro é reacionário, o segundo realiza um grande progresso” [p. 171].

A burocracia é uma classe dirigente?

As classes se definem por sua relação com os meios de produção. O fato da revolução ter nacionalizado os meios de produção, de troca e o monopólio do comércio exterior fazem da URSS um estado operário. A burocracia soviética, pelas funções de regução social e de colocação da exploração para seus próprios fins, assemelha-e a burocracia fascista, mas também a qualquer outra. O que a distingue é a inependncia; a burocracia fascista se une à burguesia; a burocracia soviética assimilou os costumes burgueses sem a existência de burguesia; ela é a camada dominante. Contudo, por métodos prórpios, ela defende as conquistas da ditadura do proletariado, sem que possa criar uma base própria de dominação; o estado a pertence, mas não legalmente. De alguma forma, ela ainda é um instrumento da ditadura do proletariado. 
A burocracia não é uma classe capitalista de estado: não tem títulos, ações, ou transmissão hereditária de seus privilégios. Ela é obrigada a dissimular sua existência; seus privilégio são abusos, trata-se de um caso de parasitismo social. A sociedade burguesa modificou muitas vezes seu regime e sua burocracia sem mudar a baseada propriedade. Na sociedade soviética o caráter da economia liga-se ao caráter do poder, de modo que o predomínio do poder soviético implica as bases socialista da produção. A queda do regime, significa queda da economia planificada, logo fim da estatização da propriedade e restauração capitalista; isto, claro, somente se não se estabelecese um novo poder socialista. Se a burocracia traiu a revolução, ela não subverteu as relações sociais implantadas pela revolução.

 A questão do caráter social da URSS não foi ainda resolvida pela história
Se o verdadeiro partido bolchevique assumisse hoje a URSS, reestabeleceria a democracia soviética e sindical, a liberdade de partidos, limparia o estado, terminaria com as distinções e privilégios, mas manteria as divisões salariais porque elas são necessárias à economia e ao estado. Enfim, a planificação seria aprofundada, mas não seria necessário uma nova revolução.
Se um partido burguês assumisse, encontraria muitos servidores entre a burocracia. Seu principal objetivo seria restabelecer a propriedade privada dos meios de produção; o que faria aos poucos, até que a planificação reduzisse-se a acordos entre as grandes empresas e o estado. A burguesia teria de, verdadeiramente, fazer uma revolução.  Caso a burocracia permaneça, ela buscará apoio nas relações de propriedade; seus direitos enquanto burocracia são instáveis, além do que, ela não pode legar seus privilégios; não basta dirigir a fábrica, deve-se ser acionistas dela; a burocracia quer ser acionista da fábrica, de modo que a continuidade da burocracia nos conduz as duas primeiras hipóteses.

A URSS é uma sociedade intermediária entre o capitalismo e o socialismo [não de transição, pois pode tanto vir a ser socialista quanto capitalista] onde: a) o desenvolvimento das foras produtivas não conferiram á propriedade do estado um caráter socialista; b) existência de tendências a acumulação primitiva; c) o direito burguês de apropriação das mercadorias é a base da diferenciação social; d) o desenvolvimento econômico leva á formação de privilégios; e) a burocracia tornou-se estranha ao socialismo enquanto casta incontrolável; f) a revolução vive nas relações de propriedade e na consciência dos trabalhadores; g) as contradições podem conduzir a sociedade ao capitalismo ou ao socialismo; h) a contrarrevolução entrará em conflito com os operários; i) os operários devem derrubar a burocracia fim de construir o socialismo.
Será a luta de classes nacional e internacional que decidirá o conflito da URSS. Sendo o fenômeno novo, e o processo estando em curso, não podemos dar uma definição acabada dele; há de se observar as tendências e de tentar prever.

X. A URSS no espelho da nova constituição

O trabalho “segundo as capacidades” e a propriedade pessoal

A  nova constituição da URSS, adotada em 1936, e apresentada como a mais democrática do mundo, não o foi em sua forma de elaboração. Nela consta que aplica-se naURSS o princípio do socialismo: “de cada um segundo sua capacidade, a cada um segundo sua necessidade” [p. 178]. a fórmula de Marx significava primeiramente que o trabalho já não era um sacrifício, mas que a utilização ostensiva da técnica, permitia a abundância de produtos, de modo tal que todas as necessidades poderiam ser satisfeitas.
 A URSS encontra-se bem longe disto. Erife-se sob um sistema de trabalho por produção, do salariato, que ainda é calculado segundo o interesse do trabalho intelectual. 
O artigo 10 defende a propriedade doméstica [artigos de consumo, etc.], o que deve prosseguir mesmo no comunismo, pois ninguém quer se livrar de confortos. Além do que, isto tem a finalidade de incentivara produtividade, por um lado, e de proteger as comodidades do burocrata, tanto quanto o camponês.

 Sovietes e democracia

Adota-se o principio do sufrágio universal, regredindo em relação á constituição anterior que partia do voto de classe, i. é, por grupamento produtivo. O projeto nos garante que onde não há burguesia, não há proletariado; em fato, dizemos, o proletariado começou a se extinguir enquanto classe, mas não trata-se de obra concluída; o rpot existe enquanto classe diferenciada do campons, do intelectual e do burocrata; ele é a única classe interessada na vitória do socialismo.  Mantem-se a nomenclatura de soviética, o que mostra o quanto a burocracia tem medo de se mostrar.
A consituição garante as liberdades fundamentais aos cidadãos, liberdades que, em fato, não existem. Fala-se em avanço democrático, mas para o arofundamento futuro da ditadura; em fato, se os fim dos antagonismos de classe preparou a igualdade política, há uma ditadura popular, que, quanto mais igual for a sociedade, mas tende a desaparecer na sociedade. A constituição admite isto, mas prudentemente, sem levar a últimas consequências.
Reintroduziu-se o voto secreto; a que motivo?  O voto público era considerado uma arma do povo contra a burguesia; na sociedade capitalista ele se presta a proteger o voto dos explorados contra os explorados, serve para moralizar o estado burgus. Mas contra quais exploradores quer-se proteger o voto na sociedade socialista? Da burocracia, e Stálin o admite tacitamente.

Democracia e partido

em todo caso, os cidadãos soviéticos somente poderão votar nos candidatos que o partido lhes apresentar. Se desde o primeiro momento o monopólio do partido existiu, teve origens e causas diferentes; a proibição dos partidos na guerra civil deu-se enquanto uma medida provisória por conta do estado em que estava o país. Os bolcheviques eram a organização autêntica da classe operária, e a luta entre tendências tomava o lugar das disputas entre os partidos. Se o socialismo venceu, como afirmam, porque tornar o que era provisório em princípio? Stálin afirma que como não há classes, não é necessário vários partidos; mutila-se o principio marxista, as classes possuem facções internas disputantes,que podem formar vários partidos: “não se encontrará em toda a história política um único partido a representar uma única classe se não se consentir em tomar uma ficção policial pela realidade” [p. 185]. Stálin va longe demais, e seu raciocínio deveria levar a dissolução de todos os partidos [já não há classes na URSS]; evidentemente, faz exceções.
Bukhárin defende que os partidários das classes derrotadas não podem formar partidos; ora, admitamos isto; mas existem outros desacordos acercad e como construir o socialismo.
Stálin afirma que outras organizações apolítica podem aprsentar candidatos, mas de que adianta se sindicatos, cooperativas, etc, tem todas as mesmas estruturas hierárquicas. Molotov afirmou que o partido encontra-se inteiramente unido,  não havendo pois necessidade de facções; que o digam os processos de moscou.

XI. Para onde vai a URSS

O bonapartismo, regime de crise

Em sendo antagônica, a política da burocracia desfavorece as massas em seu próprio proveito. Primeiramente [1923-28] ela apoiou-se no kulak; assim amordaçou a vanguarda do proletariado e a oposição de esquerda; quando o kulak mostrou-se um perigo, exterminou-o.  Sabotava o socialismo, mas se fortalecia sempre.
Contudo, este despotismo burocrático não pode durar; a burocracia entre em contradição com o desenvolvimento das forças produtivas; os stakhanovistas se lamenta da má gestão das fábricas; o valor dos salários volta a criar interesses, bem como o sindicato, por decorrência. 
A burocracaii pode ser progressista enquanto tem de assimilar técnicas etsrangeiras ara o país; mas quando o problema da invenção tiver que ser posto, bem como em relação ao problema da qualidade [que supõe a democracia dos produtores e a liberdade de crítica], as contradições se agudizarão, pois são coisas incompatíveis com o regime. Sem choque de idéias não há criação de valores; se a nossa ditadura restringiu as liberdades, é porque nenhuma revolução é época própria á criação cultural, mas somente de abertura de caminhos. Já a ditadura do proletariado é o período propício para tal.
Stálin personifica a burocracia, e esta necessita de um chefe. O cesarismo ou o bonapartismo, sua forma burguesa, ocorre quando o poder parece elevar-se acima das lutas sociais, tendo aparente liberdade, quando, em fato, beneficia os privilegiados. O estalinismo é uma variedade de bonapartismo, nascida no seio do estado operário, a luta entre a burocracia soviética organizada e as massas laboriosas, em beneficio daquelas. O bonapartismo nunca teve problemas em utilizar o sufrágio universal, muito ao contrário.
Tanto o estalinismo qqt o fascismo são frutos do atraso do proletariado em cumprir sua tarefa histórica: são fenômenos simétricos, assemelhados. Uma revolução na europa os faria estalar. A burocracia é contra a revolução internacional por instinto de preservaçao.

A luta da burocracia contra o inimigo de classe

inicialmente o partido era o contrapeso da burocracia, que administrava o estado. O estalinismo fez submeter o partido ao estado, fundindo-os. A oposição dedicava-se á luta contra o estalinismo demandando reformas; o estalinismo estava preparado para a guerra civil, e foi encorajado pela derrota da revolução proletária.  Depurou-se o partido para que os descontentamentos não tenham vazão. Mas as pessoas são obrigadas a viver de um jeito e pensar de outro. A polícia política combate qualquer menor manifestação de desacordo; a burocracia teme qualquer sinal de oposição e persegue o revolucionários que sobraram, pois sabe que, a menor faísca, pode colocar seu regime em jogo.

Uma nova revolução é inelutável

A burocracia é, simultaneamente, fonte de revolta, por sua existência, e instrumento de coação. Não é possível a elevaçaõ do nível cultural das massas e a existência da burocracia que os tutela. Os camponeses e os operários odeiam a burocracia; e se estes deixam aqueles se rebelarem sozinhos, é por temerem a restauração capitalista; a burocracia é, ainda, a guardiã da planificação, das conquistas operárias.
O ressurgimento do terrorismo é sintoma da situação do aís; não pode derrubar a burocracia, que, ao contrário, se utiliza dele em beneficio de um aumento da repressão.
Talvez as disputas eleitorais possam desatar disputas políticas sérias. De todo modo, as forças populares, tendo elevado seu nível cultural, devem entrar  em luta com a burocracia. O país caminha em direção á revolução que deve ter seus custos. Esta é a tarefa da seção soviética da IV Internacional, fraca e ilegal, mas existente. A revolução que se prepara não é social [não mudará as bases econômicas da propriedade], mas política. 
O fato do proletariado de um país atrasado ter construído uma burocracia deve ser pago com uma nova revolução que derrube a casta burocrática. Tratar-se de utilizar, após sua vitória, novos métodos de direção econômica e cultural, fundados na democracia soviética, na liberdade eleitoral, na liberdade de partidos soviéticos e na liberdade sindical. O salariato será utilizado na medida necessária, e, diante do crescimento da riqueza social, deve recuar em beneficio da igualdade socialista; a política externa será guiada novamente pelo internacionalismo revolucionário.  O que acontecerá com a URSS deverá ser decidido  pela arena internacional.

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