O livro “Harry Potter e a criança amaldiçoada” é
um alfarrábio que compõe uma série que já não se pode dizer mais que seja
infantil. A geração que cresceu lendo estes livros, hoje já adulta, ainda
acompanha a saga com gosto, meu caso, a fim de seguir as aventuras do bruxo
mirim. Tornado série de filmes, ganhou o mundo e foi traduzido para diversas
línguas. Nele lemos uma história deveras conhecida que não cumpre repisar.
Neste último livro da série, de 2016, acompanhamos não mais somente as
aventuras de Harry e sua tertúlia, como também a de seu filho e do filho de
outros personagens. O enredo ocorre quase vinte anos depois do último livro.
Harry é agora um funcionário do Ministério da Magia, envolto com todas as
tarefas burocráticas que o cargo exige. O foco são suas relações conflituosas
com um de seus filhos, a relação dele com o filho de Draco Malfoy. Os
personagens têm personalidade, por vezes fortes, e a história, como em todos os
outros livros da série, é envolvente, não se conseguindo parar de ler. Trata-se
de uma trama que lida com o passado da saga, embora se consiga acompanhar
somente tendo visto os filmes. Quer dizer, não há grandes exigências do leitor,
nem se pode dizer que se trate de grande literatura. Talvez o tema do conflito
entre pais e filhos, diferentes em perspectivas de mundo, e das exigências que,
por vezes, recaem sobre os rebentos, fruto das expectativas que os pais colocam
em suas crias. Mas este tema não é explorado a contento. O foco são as
aventuras de Alvo Potter, filho de Harry, envoltos com viagens no tempo e
reescrita da história. Trata-se na verdade de uma peça de teatro, trazendo
inovações, neste aspecto, em relação aos outros livros da mesma franquia. Como
há muitas explosões, fumaças e clarões, pode-se aventar as dificuldades cênicas
que a peça é capaz de engendrar. Como passatempo, o livro é recomendável;
talvez, mesmo, como iniciação à leitura, seguindo a risca a proposta dos demais
livros. Já em comparação com os grandes nomes da literatura, que tratam dos
conflitos existenciais humanos, ou de grandes romances moralistas, o livro
deixa a desejar. Mas há de satisfazer os jovens e os fãs da série.
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